Quando falamos em The Agonist, qual a primeira coisa que vem a cabeça de provavelmente 99% das pessoas? Alissa White-Gluz. Acredito que ela tenha sido o motivo e razão pela qual quase a totalidade das pessoas que conhecem o The Agonist tenham se interessaram pela banda. E qual o problema de uma linda mulher cantar muito bem e estar à frente de uma banda de Metal Extremo? O problema está quando esse talento e qualidade são colocados em questionamento. Ainda mais se você aliar o fato da banda como um todo ser pejorativamente cunhada de “Metal de moleque”. Porém, agora todos poderiam tirar a limpo a qualidade da banda, numa apresentação ao vivo.
Público mínimo, que não chegava a preencher metade da pista a frente do palco, onde boa parte realmente era formada por bangers mais jovens. E exatamente as 20h todos ali começavam a ouvir a intro mecânica de Swan Lake. Ao seu final, Simon McKay aparece atrás da bateria e puxa um groove, enquanto o baixista Chris Kells se dirige a frente do palco. Mais alguns segundos e podemos ver Danny Marino e Pascal “Paco” Jobin, os responsáveis pelas seis cordas, num nítido momento “improviso passagem de som”. Feito, vamos ao show! The Tempest começa a pancadaria, e enfim podemos ver Alissa no palco. E, para surpresa de todos, sim, ela canta tudo aquilo! Tanto no gutural quanto no limpo. Pude ver várias pessoas olhando com expressão de surpresa e tecendo comentários sobre. E ao final dessa música acredito que o Agonist já houvesse ganho o respeito de todos que ali estavam. Rise and Fall manteve todas as boas impressões e preparou terreno para …and Their Eulogies Sang me to Sleep, Serendipity e Martyr Art. A próxima seria o momento do Carioca Club tremer: Thank You Pain, a mais famosa da banda. A essa altura, uma roda podia ser vista em todas as músicas, e esta ficava cada vezes maior. When the Bough Breaks, Birds Elope with the Sun, Globus Hystericus, e a banda mantinha o pique incrível, e o público respondia da mesma forma. Born Dead Buried Alive, Forget Tomorrow e então Alissa toma a frente para falar com o público. Pede que todos se dividam em duas partes, deixando um vão entre elas. E ao início da próxima música, ambas as partes se “ataquem”. Lonely Solipsis foi a escolhida para esse momento. Business Suits and Combat Boots foi a escolhida para fechar o show, 70 minutos depois de seu início.
O que fica nítido para quem assistiu esse show é que a banda, definitivamente, não se resume a Alissa. A dupla de guitarristas é coesa e sabe muito bem o que faz, tanto no que diz respeito a música como em presença de palco. Danny esteve um pouco contido na primeira metade do show, mas depois se soltou e interagiu mais. Chris Kells é um furacão, não para quieto um momento sequer, nem mesmo quando atrás do microfone fazendo backing vocals. Simon é preciso e firme em sua condução, proporcionando a segurança que a linha de frente formada pelas cordas precisa para ser um tsunami. Já Alissa é realmente surpreendente. Maravilhosa, isso é inegável. Mas com talento nítido também. Canta muito, sabe segurar o público, bastante comunicativa sem ser carismática, diga-se. Surpreendeu positivamente a todos, assim como a mim, acredito. E com esse pacote fica nítido que o The Agonist, apesar da pouca estrada, sabe o que faz com seus instrumentos e em cima de um palco. Um grande show. Positivamente surpreendente.