Peço licença de meu posto de jornalista para abrir essa resenha com uma expressão típica de público:
Puta show fodasticamente animal!
Quando me escalaram para cobrir esse show, minha primeira expressão foi “Mas eu nunca nem ouvi falar dessa banda!”. Ok, fui interar-me do que se tratava. Uma banda australiana de Metalcore, com músicos de aspecto típico de surfistas, porém fazendo um som extremamente agressivo e pesado. Muito bem, o som me agradou. Agora bastava ver se eles conseguiriam reproduzir aquela pancadaria musical toda ao vivo. Felizmente, a resposta foi sim!
A noite (ou devo dizer matinê, já que tudo começou as 18h50) foi aberta pelos curitibanos do Last Sigh. Com uma apresentação extremamente burocrática, beirando a fria, os garotos mesmo assim conseguiram ganhar o público. Era estranho perceber nos músicos uma alegria e gratidão pela reação dos presentes, onde inclusive pode-se ouvir do vocalista o seguinte dizer “Vocês são foda! Lá em Curitiba não temos isso, não. A galera não apóia como vocês, não agitam como vocês. Muito obrigado!”, e mesmo assim aquela postura apática. Acredito que se derem uma atenção maior a esse quesito, a banda tenha uma bela estrada no estilo, pois seu som tem sim qualidade.
Ao final do show do Last Sigh, alguém da produção apareceu no palco explicando que naquela noite não havia pit para fotógrafos (a Liberation praticamente não possui relação com a imprensa, credenciando escassas mídias para seus eventos), e que o público poderia subir ao palco para os famosos moshes e stage dives, porém respeitando o espaço dos músicos. Isso foi determinante para que o resto da noite acontecesse como aconteceu.
Coisa de vinte minutos de intervalo, e o Parkway Drive se fazia presente no palco, ao som mecânico de Samsara. E, assim que o show começou para valer, o que se viu foi algo que só consigo classificar como insanidade! Winston McCall (vocal), Luke Kilpatrick e Jeff Ling (guitarras), Jia O`Connor (baixo) e Ben Gordon (bacteria) praticamente não deram um minuto de descanso para o público. Em exatos 60 minutos de apresentação, executaram 13 músicas (!!!) com uma energia, peso, garra e agressividade poucas vezes vistas! Ben é uma máquina de moer tambores! Possui uma pegada e uma velocidade de dar inveja em muito baterista de Heavy Metal com cara de fodelão! As cordas fazem de forma muito competente sua parte, tanto sonora como no palco. E Winston mostrou ser um grande frontman. Cantando tudo de forma agressiva, com muita energia, teve o público nas mãos durante todo o tempo.
E o público aqui merece um parágrafo exclusivo. Pois o que se pôde ver foi uma tomada do palco em todo o tempo! Não era possível fazer uma mísera foto onde se colocasse apenas banda na imagem. Desde o primeiro acorde já era possível ver fãs subindo na parte do palco que lhes foi permitido subir, e fazendo seu show a parte. Em determinados momentos havia quase ou até mais de dez pessoas se espremendo para cantarem abraçadas a Winston! E tudo isso sem nenhum tipo de problemas, confusão ou briga. Winston fazia questão de abraçar a todos que se aproximavam para isso, cumprimentava todos, deixava o microfone para que cantassem frases das músicas. A rotatividade a frente do palco era vertiginosa! A energia seguia numa crescente, assim como as músicas. E o momento máximo foi, curiosamente, guardado para o final. A banda ainda teve tempo de deixar o palco e voltar para um bis, ao coro de “Carrion! Carrion!” E, ao voltar e começar a executar justamente a pedida Carrion, tudo veio literalmente abaixo! O palco foi tomado por tanta gente, mas tanta, que não havia mais lugar para ninguém! Era possível ver os parcos três seguranças que ali estavam praticamente em desespero diante daquilo! Desnecessário, pois a paz ainda reinava em meio ao caos. Porém, não entendi exatamente o que houve, o que sei é que algo aconteceu naquele momento, e o som simplesmente sumiu! Desligou-se tudo, podia-se ouvir o som cru da bateria, e Winston gritando ao natural. A banda mal percebeu o ocorrido, pois continuou tocando como se tudo estivesse funcionando! Nem sem som o show parou, pois o público gritava a letra, mesmo sem o acompanhamento da banda, como se não houvesse daqui a pouco! Ainda foi possível religar tudo, fazer o som voltar, e assim a banda se entregar de vez: Jia e Luke se jogaram aos braços do público, enquanto Winston literalmente sumia em meio a todos que ali estavam agora. Tudo isso devidamente registrado em imagens, que você pode ver no álbum ao fim da matéria. Insanidade total! Como nunca vista antes!
Uma noite para entrar para a história do Carioca Club. Minha única ressalva negativa fica por conta justamente dessa postura da produtora Liberation de praticamente não permitir acesso a imprensa. Seus últimos shows foram apoteóticos, e acredito que muitos devessem levar isso para todos os públicos em todos os cantos. Pois a Liberation tem se especializado em gratas surpresas, vindas em forma de shows insanamente surpreendentes! E com o Parkway Drive não foi diferente.