Após 3 anos de espera o Opeth volta a São Paulo para apresentar um novo show de um novo disco. Em uma semana bem agitada de shows internacionais, Opeth desembarcou com uma missão díficil para muita gente: fazer um show em uma semana com tantas opções e mais ainda com um disco novo que gerou, no mínimo, algumas polêmicas. Heritage é um disco diferente, com muitas influências do rock progressivo e sem os vocais guturais de Mikael Åkerfeldt. O público, por sinal, acolheu bem o novo disco e estava em peso desde cedo no Carioca Club para ver e ouvir de perto.
Logo na chegada, exaustos após tantos shows, a banda pediu uns minutinhos a mais para se preparar para essa grande noite de despedida de turnê. Com os integrantes devidamente preparados, abriram-se as cortinas e o quinteto suéco surgiu quando os primeiros acordes de The Devil’s Orchard soaram, juntamente com os urros de todo o público da casa. Aquelas coisas que fazem você se arrepiar.
O show prosseguiu com mais algumas músicas do Heritage até o momento de Face of Melinda, onde toda casa cantava a plenos pulmões uma das mais belas músicas da banda.
Uma das coisas que me agrada muito nos shows do Opeth é a interação de Mikael, ou Zico, como ele se apresentou, com o público. Em um dos momentos, ele disse que gostaria de levar a todos a uma outra época, tais como 1978, e queria que todos curtissem a noite como as pessoas faziam, antes do “headbanging”, com os punhos.
No show em 2009 ele fez uma brincadeira com o antigo gesto dos “chifrinhos”, esse ano a homenagem foi com o “inventor” do gesto, o grande Ronnie James Dio e disse que a faixa Slither era uma dedicada a ele. Confesso que engulo seco toda vez que alguém homenageia o Dio. Gosto muito de como o Mikael conduz o show, gosto dos detalhes, tais como ele se apresentar com uma bela camiseta do Sarcófago, uma banda brasileira que é referência e influência para muitas bandas e que muitas vezes passa desapercebida do público nacional.
Nas músicas mais progressivas era muito comum ver o público totalmente entregue aos acordes e acompanhando com “air guitars”, mesmo não sendo as mais populares, duvido que tenham desagradado. Mas nas músicas clássicas a casa parecia vir abaixo, o público cantava tão alto que muitas vezes sobrepunha a voz de Mikael.
Reservado para o final do show, Heir Apparent, Grand Conjuration e Drapery foram os pontos fortes, tirando qualquer dúvida em que entre tantas opções o Opeth não desapontou. Na volta da pausa, mais uma brincadeira com o público: se quiséssemos mais uma música, teríamos que urrar o mais alto que conseguíssemos para provar e impressionar o baixista, grande fã de Iron Maiden, Martin Mendez. A noite fechou com Deliverance para o êxtase completo de todos.
Esperamos o Opeth mais uma vez em terras tupiniquins para mais um grande concerto como esse.
Setlist:
The Devil´s Orchard
I Feel the Dark
Face of Melinda
Slither
Windowpane
Burden
The Lines in my hand
Folklore
Heir Apparent
The Grand Conjuration
The Drapery Falls
Deliverance