Os roqueiros cariocas tiveram o privilégio de receber pela terceira vez a visita explosiva do Kiss, agora em local indoor. Ainda que estivesse longe de sua lotação, a HSBC Arena, na Barra da Tijuca, atraiu um bom número de fãs da “banda mais quente do mundo”, no domingo (18 de novembro), muitos deles pintados com as icônicas maquiagens dos seus ídolos. A apresentação no Rio de Janeiro concluiu a turnê brasileira do recém-lançado álbum Monster e repetiu o setlist executado dias antes em Porto Alegre e São Paulo.
Assim como na Terra da Garoa, a missão de preparar o terreno para o lendário quarteto americano na Cidade Maravilhosa também coube ao Viper, que fez um show curto, mas competente. Em cerca de trinta minutos, a banda paulistana, uma das pioneiras do Heavy Metal nacional, desfilou sucessos como Knights of Destruction, A Cry from the Edge e Living for the Night, além de uma versão para We Will Rock You, do Queen, no final. O vocalista Andre Matos agradeceu ao público e convidou a todos para o encerramento da tour de reunião que celebra os 25 anos do disco Soldiers of Sunrise, em São Paulo, no dia 2 de dezembro.
Meia hora de intervalo e o grupo mascarado enfim surgiu para proporcionar aos fãs, durante aproximadamente 100 minutos, aquilo no qual é referência há quase 40 anos. Um espetáculo repleto de efeitos visuais e sonoros, incluindo muitas luzes, explosões, pirotecnia, fumaça, faíscas, destruição de guitarra, chuva de papel picado e, claro, um bocado de hits. Pouco depois das 21h, quando a enorme cortina negra com o logo da banda veio abaixo, Paul Stanley (vocal e guitarra), Gene Simmons (baixo e vocal) e Tommy Thayer (guitarra) desceram do teto do palco por uma plataforma suspensa e juntos a Eric Singer (bateria) iniciaram a festa com Detroit Rock City e Shout It Out Loud.
O começo arrasador com a dobradinha do clássico álbum Destroyer (1976) abriu caminho para outro sucesso, Calling Dr. Love, faixa de Rock and Roll Over, lançado no mesmo ano. E eis que chegava a hora de apresentar o material recente. Stanley, que arrancou gritos da mulherada presente com caras e bocas e, sobretudo, reboladas, aproveitou para anunciar então as novatas Hell or Hallelujah e Wall of Sound. Depois, Hotter Than Hell, do registro homônimo de 1974, “incendiou” o palco com labaredas projetadas no gigantesco telão de alta definição ao fundo e na fileira de amplificadores cenográficos. No fim, o linguarudo e também já sessentão baixista Gene Simmons deu a sua tradicional cuspida de fogo.
Marco do lendário show no Maracanã, durante a primeira vinda do Kiss ao Brasil, em 1983, I Love It Loud teve o seu famoso coro acompanhado por nove mil vozes. A nova Outta This World encerrou a participação do álbum Monster nos vocais do guitarrista Tommy Thayer, que depois dividiu um solo literalmente explosivo com o baterista Eric Singer. Enquanto o Spaceman disparou rajadas de sua Les Paul, o Catman, erguido junto a seu kit, fechou o número, derrubando spots de luz com um tiro de bazuca, conforme o roteiro.
Na sequência, todas as atenções ficaram voltadas para Simmons. Desta vez com o famoso baixo no formato de machado a tiracolo, The Demon protagonizou o esperado momento gore da apresentação, em que “vomita sangue” antes de “voar” suspenso por cabos de aço. Já posicionado em uma plataforma quase no teto do palco, o baixista soltou o gogó em God of Thunder, diante dos olhares atônitos da plateia. Psycho Circus, faixa-título do álbum de 1998, veio em seguida sob grande entusiasmo da massa.
Limada do show de 2009, por causa da chuva que desabou na Apoteose, Love Gun teve o esperado voo de Paul Stanley sobre a galera em uma tirolesa até uma torre montada no fundo da pista. Já de volta ao palco principal, o Starchild tocou os acordes iniciais de Stairway to Heaven, do Led Zeppelin, e perguntou se o público gostaria de ouvir mais músicas do Kiss. Nem precisava. Foi a deixa para Black Diamond, que contou com os vocais de Eric Singer e finalizou a primeira parte do set.
No bis, a festa ficou completa com a “farofa” Lick It Up (encorpada por trechos de Won’t Get Fooled Again, do The Who), a dançante I Was Made for Lovin’ You e, claro, o imortal hino Rock and Roll All Nite, sob uma tempestade de papel picado. Após Stanley espatifar sua guitarra, só faltou mesmo a grandiosa queima de fogos no fim, inviável para um ambiente coberto como a Arena. Mas pela satisfação do povo, que descia a rampa cantando o refrão de God Gave Rock ‘n’ Roll to You II, ecoado dos P.A.s, isso foi um mero detalhe.
Set list Viper:
Knights of Destruction
To Live Again
A Cry from the Edge
Prelude to Oblivion
Living for the Night
Rebel Maniac
We Will Rock You (Queen Cover)
Set list Kiss:
Detroit Rock City
Shout It Out Loud
Calling Dr. Love
Hell or Hallelujah
Wall of Sound
Hotter Than Hell
I Love It Loud
Outta This World
God of Thunder
Psycho Circus
War Machine
Love Gun
Black Diamond
Bis:
Lick It Up
I Was Made for Lovin’ You
Rock and Roll All Nite