Dizem que uma coisa que se quer muito é sempre mais difícil de conseguir. O evento em questão não entra na categoria dos impossíveis, mas cabe bem para descrever a saga que foi a realização do show do Cavalera Conspiracy em São Paulo. O primeiro na capital paulista, e integrante da primeira tour brasileira da banda que só havia se apresentado na edição 2010 do SWU, em Itú/SP. Julgado como má vontade e falta de organização da produção, a realidade incluiu problemas com equipamento, logística e com o local de apresentação. Tudo isso somado e superado graças à boa vontade da banda em gravar um vídeo convocando a galera e na gana de todos os envolvidos em fazer acontecer.

Com um line up muito diferente do que tocou no Circo Voador, no Rio de Janeiro, por exemplo, com Krisiun e Ratos de Porão, a apresentação na capital paulista contou com a abertura da local Worst. A banda não desperdiçou a oportunidade, recuperou a estima de um público desconfiado com os contratempos e mandou ver num set cabuloso de deixar todo mundo pronto para o show principal.

O eterno e às vezes tão pouco compreendido patriotismo do vocalista Max Cavalera esteve presente na bandeira do Brasil estendida no palco durante todo o show. Show este que, independente da carreira e dos ótimos sons produzidos pelo Conspiracy, era um revival de dois principais e a real alma daquele Sepultura que valia a pena, o sangue e a vida assistir. Para compensar tudo isso, o set incluiu vários clássicos da ex-banda dos dois irmãos, e algumas boas surpresas.

Atualmente o Cavalera Conspiracy está em divulgando de seu segundo e recente disco Blunt Force Trauma, de 2011. E foram Warlord e Torture, os dois sons que abrem originalmente o álbum, que inauguraram a sequência. Max “ordenou” e a plateia certeira cumpriu no circle pit o pedido de “vamo agitar essa porra”. Inflikted, faixa-título do primeiro disco antecedeu a sequência de clássicos do Sepultura que foram mesclados com sons do Conspiracy.

A casa veio abaixo com Refuse/Resist, Territory e os medleys de Arise / Dead Embryonic Cells e Desperate Cry / Propaganda. Sons do disco novo, como Blunt Force Trauma e I Speak Hate, vieram antes de outro Sepultura Massacre com a sempre fodida Attitude, além de Troops of Doom e Inner Self.

Um ponto alto e surpreendente da noite foi a jam com Brann Dailor, baterista do Mastodon, que tocou com eles a cover de Six Pack do Blag Flag. Matou um pouco a sede do público pela badalada banda que não deu as caras em São Paulo e mostrou que os brothers manjam de punk/hardcore, indo além da versão Ramones aditivado que Max citou em entrevista como sendo a definição mais certa do que é o Cavalera Conspiracy.

A reunião de duas das figuras mais importantes da cena metal, reforçando que a paz e união voltam a reinar entre eles, foi selada com Roots Bloody Roots, encerrando definitivamente a apresentação. Lembrando que mesmo ofuscados pela dupla, Marc Rizzo (guitarra solo) e Johnny Chow (baixo) vão além de serem coadjuvantes e dão a mistura certa para a apresentação arranca-alma-do-corpo que é o quarteto ao vivo. Duvido mesmo que depois desse show e passado todo o sufoco, hoje alguém realmente se lembre dos contratempos.

Set list:

Warlord
Torture
Inflikted
Refuse/Resist (Sepultura cover)
Sanctuary
Terrorize
Territory (Sepultura cover)
Killing Inside
Blunt Force Trauma
Black Ark
Arise / Dead Embryonic Cells (Sepultura cover)
Desperate Cry / Propaganda (Sepultura cover)
I Speak Hate
Attitude (Sepultura cover)
Troops of Doom (Sepultura cover)
Inner Self (Sepultura cover)

Bis:
Roots Bloody Roots (Sepultura cover)

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Escrito por

Redação

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