No dia 3 de agosto de 1492, o navegador Cristóvão Colombo, sob as ordens do Reinado Católica da Espanha, sai do porto de Palo, com destino à Índia (nome dado naquela época, para a região oriental do Globo). Entretanto, o genovês visando traçar uma rota alternativa para chegar mais cedo ao objetivo final, acabou aportando no que hoje é conhecido por Bahamas, no dia 12 de outubro. Esta data ficou marcada como ‘Descobrimento da América’ e em muitos países é feriado. Entretanto, apenas em 1504, através de Américo Vespúcio (outro navegador italiano a serviço da Espanha) reconheceu o território como outro continente. Fato confirmado depois pelo navegador Vasco Nuñes Balboa e que batizou aquele pedaço de terra de América, em homenagem ao amigo Vespúcio.
Voltando a 12 de outubro de 1492, foi a partir daí, de forma oficial, que começou o contato dos europeus com os ameríndios. Reinados de Portugal, Espanha, Inglaterra e mais tarde Holanda e França, começaram a explorar a América. A colonização do continente foi brutal, genocida e arrancou toda a riqueza do Novo Mundo. Culturas foram apagadas e as cicatrizes são até hoje sentidas pelas tribos que ainda sobrevivem.
Entretanto, ao longo dos séculos, várias novas nações se formaram e deram uma característica multiétnica e multicultural. Povos se tornaram independentes de seus colonizadores e começaram a tentar a caminhar ‘com as próprias pernas’.
Primeiramente, dividimos a América em duas partes: Anglo-Saxônica e Latina. Uma considerada de primeiro mundo, tem como membros, Canadá e Estados Unidos. Já os latinos são tidos como nações de terceiro mundo e com sérios problemas de desenvolvimento social.
Também dividimos o continente em quatro partes: Norte (Canadá, EUA e México), Central, Caribe e Sul.
Nessa diversidade, podemos encontrar uma cultura ameríndia muito forte em países como Peru, Bolívia e Paraguai, por exemplo. Em outras, encontramos uma cultura afro-americana muito rica, como Haiti e Jamaica. Por outro lado, há países com forte presença dos imigrantes europeus como Uruguai e Argentina. E temos também, aquele país que conta com um pouco de tudo que é o Brasil.
Há também os Estados Unidos, a grande potência mundial do mundo capitalista e o Canadá, seu grande aliado.
Vizinho dos EUA, mais precisamente do estado da Florida, há a pequena Cuba, que desafiou o império e fez sua própria revolução. Um país socialista que procura sobreviver, mesmo após a queda da União Soviética.
Ao longo dos últimos 50 anos, o heavy metal também passou a ser parte da cultura de vários países americanos. Bandas com uma qualidade impressionantes e pouco conhecidas no Brasil.
Visando celebrar o ‘Descobrimento da América’, o Portal do Inferno separou 12 bandas , de Norte a Sul do ‘Novo Mundo’.
Confira:
1-Brujeria (Estados Unidos/México):
O grupo é oriundo de Tijuana: a fronteira entre os chamados primeiro e terceiro mundo. Entre a América Latina e América Anglo-Saxônica. Milhares de pessoas em busca de melhores condições de vida tentam atravessá-la de forma ilegal e partir daí surgem várias histórias, em sua maioria com finais trágicos.
É querendo relatar esse cenário que surgiu o Brujeria. Liderado pelo vocalista Juan Brujo, o quinteto surgiu em 1989 e desde então, com vários hiatos, fazem denuncias sobre o desprezo que os latinos são tratados pelo vizinho do Norte, sobre os narcotraficantes que tomam conta da situação, além das críticas em relação ao cristianismo e a matança que os índios sofreram de seus colonizadores.
A música escolhida foi La Migra (Cruza la Frontera) do segundo álbum, Raza Odiada (1995).
Confira:
2-Tritton- México
Oriundos da Cidade do México, o Tritton pratica um Power Metal com pitadas de speed metal. O grupo fundado em 2009, tem como destaque a vocalista e baixista Lorena Cabrera, que se arrisca nos agudos e nos solos do instrumento das 4 cordas. Ainda integram a banda, os guitarristas, Enrique Torres, José Gomez e na bateria está Yohan Torres.
O quarteto possui dois álbuns lançados: Face of Madness (2013) e Rising Mess (2019).
Os mexicanos têm músicas em espanhol e em inglês. A recomendada é En Sombras Ardes, do último álbum lançado.
Confira:
3-Combat Noise- Cuba
A tão famosa e falada Cuba não vive apenas de suas praias, cinemas e socialismo. Há heavy metal em terras cubanas e uma cena com qualidade que merece respeito. O grupo que destaco aqui é o Combat Noise. Um som que nos remete ao melhor do Cannibal Corpse. Uma sonoridade muito pesada, mas as letras falam de guerra e os horrores que ela causa em uma sociedade.
O quinteto de Havana é composto por Juan Carlos Torrente (vocalista), Jorge ‘Colo’ e Yanoo Lee (guitarras), Vaniet Gil (baixo) e Pedro Cruz (bateria).
Os caribenhos possuem 3 álbuns lançados: ‘After the war… the Wrath Continues’ (2004), Frontline Offensive Forces (2010) e Anthems of Carnage (2013).
O destaque do grupo fundado em 1995 é Psichobelic, do segundo disco.
Confira:
4-Sight of Emptiness-Costa Rica
O país mais tranquilo e desenvolvido da América Central é a Costa Rica. Pequenino, mas rico em praias, vulcões e montanhas.
É da capital, San José, que sai a grande referência do momento: Sight of Emptiness. Os centro-americanos já fizeram shows na Europa e tocaram ao lado de bandas como Megadeth, Black Sabbath e Slayer, por exemplo.
O grupo pratica um Death Metal Melódico que não deve em nada para os principais nomes do gênero.
Em 2020, o Sight of Emptiness, lançou seu quarto álbum de estúdio: Redemption. Aqui fica a música de abertura: Utter control.
Obs: quem quiser saber mais detalhes da trajetória da banda, acesse o link .
5-Equinoxio-Panamá
Pequenino país que liga a América do Sul com a Central, o Panamá, foi colonizado por espanhóis, depois pertenceu à Colômbia, até conseguir sua independência de fato em 1903.
Os centro-americanos são conhecidos também por conta do Canal do Panamá, que foi uma obra artificial construída pelos EUA, que a usufruiu de 1914 até 1999, para navegações militares. Agora o local pertence ao próprio Panamá.
No heavy metal, o destaque fica para o Equinoxio. Um trio que praticava um Black metal com pitadas de death. Oriundos da capital, a banda existiu por 12 anos e gravou 3 álbuns: Punishiment of Souls (2007), By the serpent and the Will (for those Who chose not to serve, but to rule and to Conque) (2011) e Ritos Abonimables (2015).
Confira:
6-Grand Bite- Venezuela
Terra de Simon Bolívar, o principal libertador da América do Sul, e de Hugo Chávez, que deu e muito que falar até os últimos dias de sua vida, a Venezuela também possui uma cena de heavy metal.
Um dos grandes nomes é o Grand Bite, que está na ativa há 40 anos. O grupo, que conta com Joseph de Luca (vocal), Andrés Guzmán e Antonio Medina (guitarras), Luiz Ignácio Contreras (baixo) e Juan Figueroa (bateria),já lançou seis álbuns de estúdio e suas músicas são em espanhóis.
O quinteto de Caracas, que executa um heavy metal tradicional, com pitadas de hard rock, fez em 2015 uma música homenageando seu país-natal.
Confira:
7-M.A.S.A.C.R.E- Peru
Terra do Império Inca, um dos mais notáveis do período pré-colonização espanhola, o Peru carrega uma parte histórica muito importante da América do Sul. Posteriormente, a capital Lima, foi a principal cidade da Coroa Espanhola e referência para seus vizinhos. Isso faz com que o país seja um dos pontos turísticos sul-americanos mais procurados.
Ao se falar sobre heavy metal, o grande destaque fica por conta do M.A.S.A.C.R.E.
O quinteto fundado em 1985 possui cinco álbuns de estúdio lançados. Inicialmente, o som era um heavy metal tradicional e aos poucos foi incluindo mais peso, flertando com o thrash metal.
O admirável em bandas hispano-americanas, é que a maioria prefere cantar em seu idioma local e não aderindo ao inglês, fazendo um estilo próprio.
Confira:
8-Corporal Jigsore- Bolívia
O grande representante da Bolívia é o trio do Corporal Jigsore. Um som que nos remete ao Carcass, tem como destaque a baterista Adriana Pinaya (algo ainda raro entre as mulheres). Luiz Jimenez , vocal e baixo, é o fundador da banda e Gabriel Pavez completa o trio, como guitarrista.
Em 2018, o grupo oriundo de Santa Cruz de La Sierra, esteve no Brasil, onde fez shows no estado de São Paulo, tanto na capital como no interior.
Obs: para mais detalhes sobre a banda, acesse o link.
Confira:
9-Sadism-Chile
País estritamente fino, mas que possui a bela e imponente Cordilheira dos Andes, o Deserto do Atacama (o mais árido e seco do mundo) e as belas cidades litorâneas de Viña del Mar e Valparaiso.
Já no heavy metal, há uma cena de metal extremo interessante e aqui destacamos o Sadism. O grupo fundado em 1988, pratica um Death Metal de muita qualidade, e já possui 10 álbuns lançados.
No vídeo abaixo, é possível ver toda a influência old school que a banda possui:
10-Carajo-Argentina
As grandes referências do heavy metal argentino são: Rata Blanca e A.N.I.M.A.L.
Foi através de ex-integrantes do A.N.I.M.A.L. que saiu o Carajo. Uma banda que mescla New Metal com Hard/Heavy. Durante 20 anos de existência (2000/20), os portenhos lançaram 6 álbuns de estúdio.
O Carajo foi uma interessante novidade no heavy metal argentino do século XXI.
11-Chopper-Uruguai
O pequenino, porém, apaixonante Uruguai com seus 3, 5 milhões de habitantes, consegue sempre se destacar para o mundo e ser um dos principais países da América do Sul. Talvez, o mais charmoso.
O grande destaque fica sendo o Chopper, que já tem mais de 30 anos de carreira e é a referência hedbanger na República Oriental do Uruguai.
O grupo de Montevidéu possui 3 álbuns lançados e aplicar um thrash metal oitentista, com músicas em espanhol.
Para mais detalhes da banda veja neste link.
12- Arandu AraKuaa- Brasil
O maior país da América Latina, antiga colônia portuguesa o Brasil ainda é referência cultural para muitas nações. A música brasileira é muito cultuada no exterior. No heavy metal, quem colocou os brasileiros no mapa foi o Sepultura. Em seguida apareceram nomes como Angra, Krisiun, Claustrofobia e muitos outros.
Visando evitar o óbvio e apostar em uma temática relacionada aos povos indígenas, que viviam aqui antes da chegada dos europeus, a mencionada por esta matéria, é o Arandu Arakuaa.
O quarteto oriundo de Brasília, mescla um death/thrash com sons indígenas e as letras são cantadas em idiomas indígenas (Tupi, Xavante e Xerente)! Algo único e raro no heavy metal mundial. Uma forma honrosa de preservar uma cultura antiga e que resiste em um mundo globalizado.
A música escolhida é Hewaka Waktu ( Nuvem Negra em Akwe Xerente).