O cenário de bandas latino-americanas é muito rico e cada vez que se busca conhecê-las, vemos que elas têm muito potencial e às vezes, qualidades e características que as tornam únicas no mundo do Metal.
Uma que merece destaque e é o foco deste artigo é o Corporal Jigsore. Os bolivianos iniciaram seus trabalhos em 2009 e havia somente 2 integrantes: Luis ‘Rotten` Jimenez (vocalista, baixista e baterista) e Julio Toro (guitarrista). O som nos remete ao Death Metal Extremo e letras que mostram influencia de bandas como Carcass. Os temas explorados são doenças, podridão humana, religiões e guerras.
Em 2010, Toro deixa o grupo. Adriana Pinaya assume a bateria e na guitarra, após vários passarem pela banda, Gabriel Pavez, está no posto desde 2018.
O trio de Santa Cruz de La Sierra, já excursionou por países da América do Sul, como Peru, Colômbia e Brasil. No nosso país, fizeram uma turnê, em 2018, tocando em São Paulo e em algumas cidades do interior paulista como São Carlos e Sorocaba. Na capital paulista, abriram para o Imolation, o que foi inesquecível para os bolivianos.
Para falar sobre a carreira do grupo e planos para o futuro, o Portal do Inferno, conversou com Luis ‘Rotten’ Jimenez e Adriana Pianaya.
Ao todo, a banda possui 2 álbuns lançados: Religious Genocide (2009) e Unleashing the Pestilence (2017). Em 2019, houve o lançamento da música ‘The Embrace of the Hypocrites’.
Confira a entrevista:
O que me chama atenção na banda é o fato do início ter 2 integrantes apenas. Como foi o começo e como ocorriam os shows, sendo que eram 2 músicos na banda?
Luís ‘Rotten’ Jimenez: A banda foi fundada por mim e pelo Julio Toro. O Carcass foi uma influência grande, tanto que o nome da banda é uma homenagem ao grupo inglês (Corporal Jigsore Quandary é o nome de uma música do Carcass). Sempre gostei muito de Death Metal e Death Melódico . O curioso é que quando comecei a vida de músico, tentei ser guitarrista, mas não levava jeito (risos). Depois, fui para a bateria e fiquei por um tempo.
Entretanto, sempre gostei muito de cantar e entrei em uma aula de canto lírico. Minha grande influência é Ronnie James Dio. Tanto como vocalista como compositor. O que mostra que não ouço apenas metal extremo. Aprecio hard rock e várias vertentes do heavy metal. Posteriormente, comecei a tocar baixo e assumi as 4 cordas na banda e os vocais. Para a bateria, sempre arrumávamos um para excursionar. Antes da Adriana, tivemos 3. Mas não ficamos com eles, pois, não se adaptavam muito ao Death Metal e ao estilo ‘blast beast’.
Antes da Adriana dizer como foi o convite para ingressar na banda, quero que ela me diga quando começou a tocar bateria? Algo ainda raro entre as mulheres no mundo do rock e heavy metal.
Adriana Pinaya: Meu pai era baterista e tocou em banda de rock nos anos 80. Logo, sempre tive contato com música. Foi através dele que conheci o rock e o heavy metal.
Comecei a tocar em bandas quando eu tinha 15 anos e desde então sempre estive no meio musical. Conheci o pessoal do Corporal Jigsore, quando procurava membros para tocar no meu projeto que se chama Catharma (Death Melódico) e Luís e Julio tocaram comigo. Logo, fui convidada a entrar na banda e fiquei.
No momento, como analisam a cena heavy metal na Bolívia?
Adriana Pinaya: Vejo que a cena está crescendo e muitos headbangers veem o nosso esforço e sucesso, e se inspiraram em nós para poderem realizar os seus sonhos. O Corporal Jigsore atravessou fronteiras, tocando em outros países e viramos referência para muitas bandas bolivianas. O que fizemos, mostra para os bolivianos saberem que é possível um estrangeiro escutar as nossas músicas.
Há muitas bandas com qualidade e potencial que tem chance de conquistar os seus objetivos e ir longe.
O heavy metal brasileiro é uma inspiração para as bandas bolivianas, pelo fato de hoje serem unidas e conhecidas mundo afora.
Obs: Adriana e Luís possuem uma escola de música em Santa Cruz de La Sierra.
Falando sobre heavy metal brasileiro, quais bandas vocês gostam?
Luis ‘Rotten’ Jimenez: Como a Adriana mencionou, o heavy metal brasileiro é o modelo a ser seguido por nós. Não só pelo estilo, mas pelo modo como as bandas se unem e conseguiram projeção no exterior. Pela minha influência como headbanger, aprecio muito o Sepultura. Uma referência para mim. Gosto muito do Krisiun, o modo que tocam e compõem. Uma influência muito boa. Adoro o Torture Squad. Conheci o Amilcar Christófaro quando veio à Bolívia. Ficamos amigos. Do underground eu menciono o Funeratus, que tocou por aqui há uns 10 anos e fui no show. Gostei muito. Há várias outras bandas, como o Vazio, do meu amigo Renato Gimenez.
Adriana: Eu cresci ouvindo heavy metal sul-americano. O Sepultura eu sempre escutei. Uma grande influência minha e desde quando comecei a tocar e ter bandas, eu executava músicas do Sepultura. Gosto muito do Krisiun, Torture Squad e Nervosa também.
Em 2018 estiveram no Brasil fazendo alguns shows. O que recordam daquela turnê?
Luis: Foi uma boa oportunidade. Fizemos turnê pelo estado de São Paulo. Fizemos contato com vários produtores e conhecemos melhor a cena brasileira. A banda fomos muito bem recebida já no aeroporto pelo Renato Gimenez da banda Vazio e fizemos uma grande amizade. Nos tratou muito bem.
O grande show para nós foi em São Paulo (capital) quando abrimos para o Imolation. Uma lenda do Death Metal e está entre as minhas influências. Os músicos foram super legais com a gente. Nos trataram bem e mostraram que mesmo sendo uma lenda no metal, são super humildes. Isso foi muito marcante.