Um dos grandes nomes do death metal atual é o Sight of Emptiness. Um som brutal, técnico e com muita qualidade. Um death com temperos melódicos, que nos remete a bandas como: Arch Enemy, God Dethroned, Legion of the Damned e In Flames (nos primeiros álbuns).
Os costa-riquenhos possuem 3 álbuns lançados : Trust is a disease (2007), Absolution of humanity (2009) e Instincts (2013).
Cada disco tem sua peculiaridade para o grupo centro-americano, que já fez shows em Portugal, Espanha, Inglaterra, Islândia, Japão, e em nações vizinhas, como Nicarágua e Honduras.
Em apresentações na Costa Rica, já abriram para bandas lendárias como Black Sabbath, Megadeth, Obituary, Amon Amarth, Dark Tranquility e Slayer.
Para falar sobre sua trajetória no heavy metal, o Portal do Inferno, entrevistou o vocalista e fundador da banda, Eduardo Chacón e o guitarrista Gabriel Arias. Completam a banda, Andres Castro (guitarrista) e Esteban Monastel (baixo). Desde o final de 2018, a bateria está vaga e segue a procura por um postulante ao cargo.
A banda tem um nome curioso: Sight of Emptiness (visão do vazio). De onde veio?
Eduardo Chacón:O nome surgiu através do vazio que existia na cena de heavy metal da Costa Rica. Faltava uma banda que representasse bem o metal costa-riquenho, com qualidade e profissionalismo. É daí que veio o nome da banda e a nossa motivação era fazer algo grande e diferenciado.
2007 foi um ano marcante para a banda, pois lançaram o primeiro CD e também ganharam um concurso para poder tocar no Bloodstock Festival no Reino Unido. Como foi tudo isso para vocês?
Eduardo Chacón: O lançamento do Trust in Disease foi marcante, porque vendemos 500 cópias em 3 meses! Algo que não esperávamos. Ainda mais em tempos em que a música já era mais consumida pela internet do que por CD’s e vinis.
Em San José existia um bar que se chamava Sand e era a referência de rock e heavy metal da Costa Rica. Todos os roqueiros e headbangers iam se encontrar lá. O lançamento do nosso CD foi lá e isso por si só, já foi impactante para a banda. Naquela noite vendemos 150 cópias. Não imaginávamos vender tanto. O curioso é que depois que esgotaram todas as cópias, não fizemos mais. Então, esse álbum, em formato físico, hoje é tido como raridade. Algo Cult.
Em 2020, tínhamos a intenção de gravar esse álbum novamente para os fãs, mas com algumas novidades. Entretanto, veio a pandemia do Coronavirus, e está tudo parado. Esperamos terminar esse projeto ainda esse ano.
Sobre a presença no Bloodstock Festival, foi algo impactante na carreira da banda. No site do festival, havia um pedido para que bandas lançassem vídeos e eles iriam selecionar uma para tocar. Foi uma competição. Mandamos um vídeo nosso, mas sem grandes expectativas. Quando soubemos que fomos convidados, ficamos surpresos, pois, sabíamos que as bandas que tocavam lá eram da Europa ou dos Estados Unidos.
Foi o nosso primeiro show fora da Costa Rica. Fomos a terceira banda do ‘cast’. Quando chegou a nossa vez, a plateia estava mais quieta,mas conforme passava o tempo, o público iria reagindo bem e no final mostraram que gostaram muito do show. Depois, no camarim, vieram músicos do Testament, do Epica,do Arch Enemy nos parabenizar pelo show. Ali vimos que podíamos triunfar e pensar grande. O Sepultura já havia dado esse exemplo nos anos 80 e vimos que poderíamos fazer o mesmo. Aquele show abriu muitas portas para a gente.
O segundo CD, Absolution of Humanity saiu em 2009 e manteve a mesma pegada do primeiro. Também marcou a entrada do Gabriel Arias na banda. Como foi o convite e o que pensam sobre aquele álbum?
Gabriel Arias: Na época, o Eduardo me convidou para gravar o segundo álbum, pois, estavam precisando de um guitarrista. Eu aceitei e nesse CD eu quis colocar a minha marca como músico, para ter a minha identidade nas canções. Depois, acabei ficando e posteriormente ajudei nas composições e até com outros instrumentos, pois também, toco teclado, por exemplo.
Eduardo Chacón: Esse álbum nos marcou, pois, foi quando surgiu a música Burning Silence, que virou um hino da banda. Muitos nos conhecem primeiramente por essa música e não podemos fazer um show e não tocá-la. O público sempre pede.
Essa música também foi tocada em um canal de televisão, anunciando a transmissão de um circuito de ciclismo famoso na Costa Rica e que acontece anualmente. Achamos curioso na época, um canal de TV usar uma música nossa e para um evento de ciclismo, o que aparentemente não tem nada a ver.
Em 2013, saiu o terceiro álbum que foi o Instincts e que contou com a participação de músicos como o guitarrista Glen Drover (ex-Megadeth e Kind Diamond), o vocalista Withfield Crane (fundador do Ugly Kid Joe) e o falecido Ralph Santolla (ex-Deicide).Como surgiu a oportunidade deles gravarem com vocês?
Eduardo:Fomos convidados pelo produtor sueco Thomas ‘Plec’ Johansson, que já nos conhecia e dizia que via potencial no nosso som.Logo tivemos contato com muitos músicos e que fizeram apresentações e gravaram músicas e clipes com a banda. Aquele CD conseguiu render uma excursão à Europa. Voltamos ao Reindo Unido e nos apresentamos pela primeira vez em Portugal, Espanha e Islândia.
Na Costa Rica, o até então Ministro da Cultura, Manuel Obregón, tocou piano em uma participação especial em um show nosso.
Em 2014, ainda excursionaram junto com o Krisiun pelo Japão. O que acharam da banda brasileira?
Eduardo: Eu já tinha tido contato com o Krisiun em 1998, em um evento da gravadora deles. Fiquei surpreso com a brutalidade, energia e qualidade da banda. Achava muito diferente o som deles comparado com o Death Metal que era praticado na Europa e nos Estados Unidos. Depois, tivemos a oportunidade de excursionar juntos no Japão e gostei muito. A perseverança e energia deles é exemplar. Acho legal também o fato de serem 3 irmãos e seguem juntos até hoje!
Falando em Krisiun, há outras bandas de heavy metal no Brasil que apreciam? Quais?
Eduardo: Meu primeiro contato com o heavy metal brasileiro foi através do CD Schizoprenia do Sepultura! Virei fã da banda logo em seguida. Gosto muito do Sarcófago e do Ratos de Porão!
É possível que eu já tenha escutado outras bandas, mas agora não me lembro.
Gabriel: Tem a banda Nervosa também! Uma banda só de mulheres e que começou a fazer sucesso recentemente.
Entre 2013 e 2019 o Sight of Emptiness não lançou nenhum álbum. Apenas o single Utter Control. Por que estão há tanto tempo sem lançar um disco?
Eduardo: Tivemos alguns problemas internos que nos impediu de seguir com as atividades. Penso que uma banda sempre precisa estar inovando e atualizando. Não estávamos conseguindo isso. Logo, isso culminou com a saída do baterista (Rodrigo Chaverri, que estava desde o início). Ainda estamos atrás de um. Entretanto, o Gabriel está ajudando nas baterias, enquanto não encontramos um substituto.
Gabriel: Todos que estão na banda têm que estar preocupados em dar o melhor e procurar sempre inovar. Exigir mais de si e dos outros integrantes para fazer cada vez melhor. Um som melhor. Somos pessoas com o mesmo pensamento e querendo atingir o mesmo objetivo. Se não for assim, não tem porque seguir na banda.
Eduardo: Em breve, lançaremos a música Redemption. Mais uma novidade para este ano.
Por fim, a Costa Rica têm sido uma rota de shows nos últimos anos, como Black Sabbath, Megadeth, Amon Amarth e muitos outros. O que acham desses eventos e como analisam a cena heavy metal do país?
Eduardo: É sempre mais positivo do que negativo as bandas grandes tocarem na Costa Rica. O que analiso de negativo, é o fato das pessoas não apoiarem as bandas locais e menores. Sempre preferindo os shows grandes do que os pequenos. É compreensível isso. É a única chance de ver um ídolo e um ingresso caro, a prioridade vai ser essa. O problema é a cena local não se fortalecer.
Outro ponto que cito é que antigamente acho que os headbangers eram mais unidos e se preocupavam com a cena. Havia toda aquela preocupação em fazer um bom show, ter um visual impactante e havia mais criatividade nas músicas. Hoje, penso que está tudo muito padronizado e sem muita diversificação no som e no visual.
Gabriel: Penso que alguns anos atrás, as pessoas saíam à noite para ouvir Metal, pois não tinha opções como hoje. Nos anos 90 e 2000, não havia tantos jogos onlines pela internet e séries para assistir como atualmente. Nem canais com as grandes bandas passando shows. Hoje, esse conforto, faz com que as pessoas fiquem mais em casa, ao invés de preferirem ir a um bar ou show.
Menciono também que com essa quarentena, a situação vai piorar, pois, vai faltar investimento nas bandas, e consequentemente, na cena local.