Em 1782, a humilde empregada doméstica Anna Goldi é condenada a pena de morte, por praticar bruxarias contra as filhas de seus patrões. A suíça de 47 anos foi torturada pelas autoridades daquela época e forçada a confessar os crimes. Posteriormente foi envenenada. Ela é considerada a última mulher a ser executada por bruxaria na Europa.
Sua vida e seus supostos crimes ainda são motivos de estudos para muitos historiadores, pois, há dúvidas sobre a veracidade e há o fato, não confirmado, que ela mantinha relações sexuais com o seu patrão (inclusive, poderia ter sido estuprada). O patriarca tinha interesse em assumir cargos públicos e caso esta história viesse à tona, ele estaria impedido em exercer a função, pois, na época era proibido pessoas que cometiam adultério estar em posição de poder.
Muitos mistérios ainda rondam esse episódio e uma forma de manter vivo esse legado foi feito pela banda 1782.
Os italianos são oriundos da Sardenha, uma ilha repleta de lendas envolvendo o ocultismo e usam a banda para explorar este tema. O som é um Doom Metal clássico, com pitadas de Stoner.
O grupo do sul da Itália lançou seu primeiro álbum (batizado também com o mesmo ano da condenação de Ana Goldi) em 2019. Neste ano, participaram do split: ‘Doom Session vol 2’, ao lado da banda Acid Mammoth, e falaram que um novo disco sairá em 2021.
1782 é composto por Marco Nieddu (voz e guitarra), Gabriele Fancellu (backing vocal e bateria) e Francesco Pintore (baixo)
Para quem se amarra em um som sombrio e pesado, com histórias sobre bruxas, dráculas e demônios, o trio da Bota é uma ótima recomendação.
Confira:
1)Como surgiu o interesse de vocês pelo ocultismo?
Marco Nieddu: Nós somos da Sardenha, uma região rica em lendas de tudo que é estilo. E claro, histórias sobre bruxas e vampiros, não poderiam faltar. Aliado a isso, nós sempre tivemos um interesse por temáticas que tratam de mistérios e ocultismo e pela nossa intimidade com estes temas, é claro que usaríamos nas letras da nossa banda.
2)No momento, 1782 possui apenas 2 músicos. Como fazem em shows, por exemplo?
Gabriele Fancellu: A banda surgiu com 2 músicos de fato. Eu e Marco. Foi assim que gravamos e lançamos o primeiro álbum. Pouco depois do registro do primeiro disco, Francesco entrou na banda e por enquanto, é o nosso baixista e um membro fixo. Os shows fizemos como um trio, o split lançado esse ano foi feito em trio e o novo álbum também será assim. Por ora, somos um trio.
3)Quando sairá o novo álbum?
Gabriele: Acabamos de gravar o novo álbum e agora está em fase de mixagem. Se tudo der certo, o nosso segundo disco estará pronto na primavera de 2021 (verão brasileiro de 2021).
4)Quais bandas de Doom Metal são referências para vocês?
Gabriele: Eu e Marco viemos de dois diferentes ramos do doom. Eu escuto mais o ‘doom metal old school’, como Black Sabbath, Pentagram e etc. Já o Marco, por outro lado, é mais do Stoner Doom, como Electric Wizard, Sleep, Monolord e etc. Dessas duas influências surgiu o som do 1782.
5)Como avalia a cena de doom metal italiana?
Marco: A Itália é cheia de bandas de Doom Metal como Fighe, Ufomammut, Deadsmoke, Black Capricorn, para citar algumas. O mesmo vale para os festivais. Obviamente, não dá para comparar com outros países, como Alemanha, Reino Unido ou Bélgica, mas temos festivais muito interessantes. Por exemplo, na nossa região temos Monolithix Fest, Eletric Valley Festival e Bones Fest e atraem um bom público, o que é muito importante para nós.
6) Por fim, há alguma banda brasileira que você gosta?
Marco: Permanecendo no estilo Stoner Doom Metal, eu gosto muito do Stone House on Fire, Fuzzly e o Absent. Obviamente, o Brasil tem várias bandas, mas seguramente, estou me esquecendo de alguma. Prometo fazer uma atualização esses dias (risos).