Neste primeiro fim de semana de junho, ocorreu, no Parque do Ibirapuera, mais uma edição do Best of Blues and Rock. No caso, a décima edição, comemorando dez anos do festival que já trouxe a esse local diversos artistas tanto do blues como do rock, de forma gratuita (os shows pagos eram realizados em casas fechadas, e não neste espaço público). Desta vez, o evento ocorreu neste local apenas para aqueles que pagaram por seus ingressos, algo controverso em se tratando de um parque público, e na parte externa do aparelho (no caso, o Auditório Ibirapuera Oscar Niemeyer). Sinal dos tempos…
O festival, quando divulgado, teve muita repercussão nas redes sociais (nem tanto pelo seu elenco, composto pelo veterano Buddy Guy, Tom Morello, Steve Vai, Extreme, Goo Goo Dolls, entre outros), mas sim pelo preço altíssimo dos ingressos, e por se tratar de um local que, por anos, abrigou de forma gratuita diversos shows e eventos.
Mas, apesar destes detalhes, chegou enfim o esperado final de semana do festival.
Após o primeiro show do festival, da Blues Woman Nanda Moura, ocorreu a coletiva de imprensa dos artistas do dia, com a participação de Tom Morello, Gary Cherone e Nuno Bittencourt (Extreme), Ma Langer e Bruna Tsuruda (Malvada), que durou cerca de trinta minutos e foi mediada por Gastão Moreira, apresentador e produtor do canal Kazagastão, e outrora conhecido por ser um dos primeiros VJ’s da extinta MTV Brasil (onde apresentava os programas Gás Total e Fúria Metal) e posteriormente apresentador do programa Musikaos, da TV Cultura de São Paulo. Esse foi o momento do dia em que os fotógrafos ficaram mais próximos dos artistas. Algo que não ocorreu durante os shows…
Normalmente, em apresentações musicais, as primeiras três músicas ou os primeiros minutos são liberados para os fotógrafos captarem imagens, e isso normalmente no fosso em frente ao palco. Infelizmente não nos foi permitido utilizar esse espaço durante o festival, tendo a produção do evento nos disponibilizado um espaço ao lado da house mix, a cerca de 40 metros (no mínimo) do palco, e para captar duas músicas por artista. Após o show da banda Malvada, foi permitido fazer o mesmo número de músicas do meio do público mas, mesmo assim, as condições não foram as melhores e, também, não é justo disputar espaço com pessoas que estavam para curtir o espetáculo e pagaram (caro) por ele…
Mas vamos ao que interessa: os shows.
A Malvada foi uma ótima escolha para o festival. As meninas tem feito ótimas apresentações, são extremamente profissionais e talentosas. E é bom ouvir um bom rock and roll cantado em português, também. Por cerca de uma hora, Angel Sberse (voz, guitarra), Bruna Tsuruda (guitarra), Ma Langer (baixo) e Juliana Salgado (bateria) esquentaram o pequeno público presente com músicas do seu primeiro álbum, como “Mais um gole”, “Pecado capital”, “A noite vai ferver”, além de uma homenagem à Rita Lee.
Já era quase 19h e a noite já havia caído em São Paulo (juntamente com a temperatura) quando o Extreme subiu ao palco. Gary Cherone não parava de agitar, correr, rodar, e até subir nas PA’s colocadas no palco. Nuno Bittencourt estava excelente nas suas bases e solos, e só não se movimentou mais por estar com o joelho machucado. Completando o time, a competente cozinha composta por Pat Badger e Kevin Figueiredo.
A banda executou músicas do novo álbum “Six” além de clássicos dos álbuns “III Sides to Every Story” e obviamente “Pornograffitti”. Não faltaram “Rest in Peace”, “Hole Hearted”, “Get the funk out” e o hit “More Than Words”.
Na sequência, foi a vez de Tom Morello subir ao palco. Com a The Freedom Fighters Orchestra, sua banda de apoio, composta por Carl Restivo (guitarra e voz), Eric Gardner (bateria) e Dave Gibbs (baixo), sua atual turnê é um apanhado de toda a sua carreira, com músicas mais atuais em parceria com outros artistas – “Let’s Get the Party Started” e “GOSSIP”, por exemplo – outras de sua carreira solo – “Vigilante Nocturno”, “Keep Goin'” e a excelente “Lightning over Mexico”. Não faltaram covers, como “Voodoo Child” de Jimi Hendrix, e “The Ghost of Tom Joad” de Bruce Springsten (a qual ele participou tocando guitarra).
Outro momento emocionante da noite foi a lembrança e homenagem a Chris Cornell ao executar “Like a Stone” do Audioslave, mesmo que parcialmente. Para os fãs de Rage Against the Machine e Prophets of Rage, músicas destas bandas foram tocadas em medleys instrumentais. Falando novamente em Audioslave, “Cochise” foi executada com a participação de Gary Cherone e Nuno Bittencourt.
Já aproximando-se do final, Tom virou o microfone para a plateia, deixando que ela cantasse “Killing in the Name”. E com “Power to the People” de John Lennon, que contou com a banda Extreme e com Steve Vai nos backing vocals, Tom Morello encerrou sua primeira de duas apresentações durante o Best of Blues and Rock.