Texto por Denis Fonseca.
Poucas vezes na vida, somos chamados para trabalhar com um de seus artistas favoritos. Recebi o convite do Portal do Inferno para resenhar o show do grande guitarrista americano Paul Gilbert no Carioca Club, em São Paulo. De pronto aceitei e fui para o show com o sorriso no rosto.
Terça-feira nunca foi um dia de ter muitos shows pela cidade, mas a noite do dia 31 de Janeiro foi reservada para a guitarra, muitos solos, show de técnica e carisma pelos músicos.
Depois de visitar o país por diversas vezes, seja com sua banda Mr. Big ou solo, o guitarrista e o seu trio fizeram uma apresentação impecável para o público presente. Das 14 músicas tocadas no setlist, mais da metade foram de seu projeto solo, com destaque para o último album “I can destroy” lançado em Maio de 2016. O show começou de forma pouco usual, com 40 minutos de sonzera ininterrupta. Isso mesmo: 40 MINUTOS instrumentais, alternando músicas do Mr. Big e Racer X com temas que passeavam pelos diversos estilos, ora mais metal, ora mais blues, hard rock e pop music. O som da casa estava alto e cristalino, com destaque para o som da bateria – o bumbo estava pesando uma tonelada. Esbanjando simpatia, o guitarrista americano pediu palmas e fez o público cantar alguns clássicos de sua banda. Hits como “Green tinted sixties mind”, “Little to loose” tiveram uma plateia inteira fazendo as vezes do Eric Martin. Foi emocionante. Teve espaço até para a intro da balada super lado-b do Mr. Big, “30 impossible days”.
Com o jogo ganho, foi a hora de embalar uma sequência de responsa só com sons da sua carreira solo. Priorizando os lançamentos de 2000 para cá, tivemos uma trinca do novo disco. Com influências de Queen e um videoclipe em animação pra lá de bem humorado, “Everybody Use Your Goddamn Turn Signal“ surge como um possível grande clássico para o futuro. A música é um rock alegre e contagiante. A próxima, “Blues just saving my life”, ele canta como seus pais, irmã, mulher e amigos tentaram matá-lo, mas o Blues salvou sua vida.
A dupla de músicos que acompanha essa tour está caprichada, com os renomados músicos Pete Griffin no baixo e Thomas Lang na bateria, que já tocaram com gente do calibre de Glenn Hughes, Steve Vai, entre outros. Cada um teve seu momento de brilhar, com destaque para o solo do baterista austríaco.
Para quem esperava uma enxurrada de clássicos do Mr. Big, o show teve apenas dois covers, “Little Wings” do mestre Jimi Hendrix e, para o deleite deste que vos fala, uma do disco da volta do Racer X em 1999 “Technical Difficulties”, hard ‘n’ heavy da melhor qualidade. Para quem nunca teve a oportunidade de ver a banda ao vivo, foi uma bela amostra.
Hora do bate-cabeça? Sim! Mostrando que música pode ter 3 acordes, era hora da punk rocker “Better chords”, do disco “Alligator Farm”, de 2000, agitar a noite, que já passava das 23h. Outro album que teve uma música incluída no set foi “Vibrato”, de 2011, com o blueszinho maroto “Enemies (In Jail)”, outra que tem um clipe bem legal com monstros, superpoderes e uma prisão (WTF?!).
Depois de quase 2 horas de show, Paul Gilbert encerra com “SVT” e se despede do público, prometendo voltar. Solo ou com Mr. Big, fica a nossa torcida para que não demore muito. Longa vida ao guitarrista.
Setlist
Massive Medley
Everybody Use Your Goddamn Turn Signal
Blues Just Saving My Life
One Woman Too Many
Enemies (In Jail)
I Can Destroy
Woman Stop
Better Chords
Drum Solo
Technical Difficulties (Racer X cover)
I Am Not the One (Who Wants to Be With You)
Adventure and Trouble
Little Wing (Jimi Hendrix cover)
SVT
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