Shows de guitarristas, com poucas músicas contendo linhas vocais e exibindo muita técnica, costumam acontecer da seguinte forma: um público, em sua maioria masculino e estudante de música, fica hipnotizado e alguns estudam e debatem cada nota, mudança de andamento ou a progressão dos acordes, chegando a ser chatos. Claro que considerando as exceções, no geral pessoas fora dessas características não se entretêm muito nessas ocasiões.
Tudo isso muda de figura quando o guitarrista no palco é Steve Vai. Além da óbvia (e impressionante) técnica, o músico é um carismático showman, dono de uma presença de palco absurda e que melhora conforme a reação do público, e contagia até aqueles que nunca estudaram música ou pegaram em um instrumento na vida. E quem esteve no Citibank Hall (o antigo Credicard Hall) pode conferir tudo isso durante a noite de domingo.
Aos poucos a casa foi enchendo, enquanto no som do local rolava os álbuns recentes de Devin Townsend, músico que foi vocalista no álbum Sex & Religion, até que pouco após as 20 horas, o show teve início com Racing The World. Extremamente comunicativo, mal terminou a segunda canção da noite e o guitarrista se dirigiu ao microfone, apresentando a banda e perguntando se o público estava confortável pois eles tocariam por seis horas. Na sequência, o guitarrista pegou a câmera de um dos fotógrafos da imprensa e tirou uma foto de si, dos fotógrafos e do público no melhor estilo selfie.
Entre caras e bocas e poses para fotos, Steve Vai demonstra um controle absoluto de seu instrumento e mesmo quando ele falhou, antes de Gravity Storm, o guitarrista não deixou a animação cair e brincou que de tão empolgado que estava por tocar, havia quebrado algo no equipamento. Também houve espaço nessa primeira parte do show para que seu guitarrista de apoio, Dave Weiner, apresentasse uma canção de seu material solo, a acústica The Trillium’s Launch.
Após The Audience Is Listening, Vai voltou ao palco com um violão e, acompanhado de sua banda, iniciou uma pequena parte acústica com medleys de canções como Sisters e Fire Garden Suite II – Pusa Road. Destaque para o baterista Jeremy Colson, que utilizou um instrumento montado de diversas peças aleatórias para fazer a percursão das canções e, na sequência, apresentou seu solo com direito até a uma breve citação de Refuse/Resist do Sepultura.
O solo era a deixa para que Vai trocasse de roupa e voltasse num modelo Daft Punk cheio de leds e luzes piscantes para tocar The Ultra Zone que veio seguida de Frank. Logo após, um momento de grande descontração, pois ao longo da turnê o guitarrista convida pessoas da plateia para subirem ao palco e, com a ajuda delas que colaboram com a ideia base de ritmo, linhas de baixo e melodias de guitarra, compõe uma canção no palco durante o show. Após pegar a ideia básica dos fãs, Vai se dirige a sua banda e diz como vai ser a música e tocam ela na hora. Ainda houve tempo para histórias de turnê quando o guitarrista contou que, em um show na Islândia, uma fã disse que sua maior fantasia era sentar no amplificador enquanto Vai tocava Bad Horsie e que isso o animou tanto que ele o fez.
Após a canção criada no momento, foi a hora da clássica For The Love Of God que foi extremamente aplaudida e encerrou o set. Mas sem demorar muito, os músicos voltaram ao palco e executaram Fire Garden Suite IV – Taurus Bulba que encerrou a apresentação de quase três horas em grande estilo e demonstrando que, se dependesse de Vai e do público, o show realmente poderia durar seis horas que ninguém iria reclamar.
Confira a galeria de fotos desse show!
Setlist:
Racing The World
Velorum
Building The Church
Tender Surrender
Gravity Storm
The Trillium’s Launch (Dave Weiner)
Weeping China Doll
Answers
The Animal
Whispering a Prayer
The Audience Is Listening
set acústico:
The Moon And I / Rescue Me or Bury Me
Sisters / Salamanders In The Sun
Treasure Island / Fire Garden Suite II – Pusa Road
Solo – Bateria
The Ultra Zone
Frank
Build Me A Song (uma canção diferente composta em cada show)
For The Love of God
Bis:
Fire Garden Suite IV – Taurus Bulba