Quem acha que metal melódico é coisa do passado e que não atrai mais fãs como antes, está enganado. Na última semana, o Sonata Arctica chegou ao Brasil para dois shows de sua turnê do álbum Stones Grow Her Name, lançado no ano passado. A primeira apresentação, no domingo, dia 10, na Via Marquês, provou que o gênero amplamente difundido na Europa continua tão vivo quanto antigamente e está se renovando.

Sonata Arctica

A casa estava cheia e a plateia mais do que empolgada para rever o Sonata, que não passava por aqui desde 2010. Nem mesmo o atraso de cerca de meia hora, com relação ao horário divulgado, desanimou o público. Sem banda de abertura, eles foram direto ao assunto e, após uma breve introdução para que os músicos tomassem seus lugares, a enérgica Only the Broken Hearts (Make You Beautiful), faixa do novo CD, abriu a noite. Aliás, impressionantes sete músicas do recente álbum fizeram parte do set list e foram cantadas pelos fãs como se já fossem clássicos – o que tornou a atmosfera desse show muito interessante.

A banda transmitia a sensação de estar bastante entrosada e satisfeita por realizar aquele show. Tony Kakko ainda é um frontman poderoso que cativa a multidão mesmo sem muitas palavras – somente depois de The Gun, a quinta música, que ele foi, de fato, conversar pela primeira vez com público e dizer que estava feliz por tocar de novo no Brasil. A partir daí, ele aproveitou algumas pausas para fazer piadas e contar mais sobre as histórias de músicas e, em alguns momentos, cantou sentado no palco da bateria, dando um ar mais intimista. Henkka Klingenberg, que estava posicionado no fundo do palco com seu teclado tipo keytar, diversas vezes trocou de lugar com o guitarrista Elias Viljanen e o baixista Marko Paasikoski para vir para frente e ficar perto da galera. E Tommy Portimo, baterista do Sonata desde a sua fundação, é dono de uma técnica impressionante e de grande carisma, mesmo que contido e escondido atrás de seu kit.

Sonata Arctica

Os pontos fracos do show foram os solos de Elias e Henkka, que diminuíram um pouco a atmosfera empolgante. Talvez os solos fossem novidade e muito apreciados por outra geração de fãs, de um modo geral, não me refiro apenas ao Sonata Arctica. No entanto, a galera já não demonstra a mesma atenção quando um solo interrompe o ritmo da apresentaçao.

A noite também foi recheada de clássicos e o repertório fez uma viagem pela carreira do Sonata Arctica. Do disco Silence, de 2001, tocaram Black Sheep e a balada Tallulah, que levou muitos fãs às lágrimas; de 2003 vieram as músicas Broken, do álbum Winterheart’s Guild, e The Gun, do EP Takatalvi; as obrigatórias Fullmoon e Replica, ambas do CD de estreia, foram os pontos altos da noite, com muita energia tanto da banda, quanto do público; Paid In Full e Last Amazing Grays, foram as únicas executadas dos álbuns Unia e The Days of Grays, respectivamente.

Sonata Arctica

Sem intervalo, pouco mais de uma hora e meia depois do início do show, Don’t Say a Word fechou o set com muita energia, com o público chegando a cantar o refrão mais alto que a própria banda. Os integrantes se juntaram na frente do palco e, em agradecimento, reverenciaram os fãs, como bons finlandeses que são, ao som de “vodka, we need some vodka…”. A sensação de contentamento estava estampada no rosto de cada fã que lotou a Via Marquês naquela noite. De fato, a Finlândia é um celeiro de onde surgem grandes bandas e o Sonata Arctica está aí há quase 20 anos para provar isso. As gerações mudaram… alguns fãs das antigas cansaram do estilo mas, na mesma medida, um grupo novo, muito dedicado, chegou para manter viva a chama do metal melódico.

Set list:

Intro
Only the Broken Hearts (Make You Beautiful)
Black Sheep
Alone In Heaven
Shitload of Money
The Gun
The Day
I Have A Right
Last Amazing Days
Broken
Guitar solo (Elias)
Paid In Full
Losing My Insanity
Tallulah
Keyboard solo (Henkka)
Fullmoon
Replica
Cinderblox
Don’t Say A Word
Vodka (outro)

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Escrito por

Renata Santos

Sou formada em jornalismo e colaboro com sites de música há quase dez anos. Integro a equipe do Portal do Inferno desde 2011.