O aniversário de São Paulo foi comemorado mais cedo, pois, no dia 24 de janeiro aconteceu uma verdadeira festa Thrash Metal na noite paulistana, realizada no Hangar 110, com a presença das bandas Executer, Blasthrash, War Head e Tankard.
Os primeiros a subirem no palco foram os veteranos do Executer, que desde a sua formação, em 1986, continuam com os mesmos integrantes: Juca (vocal), Elias (guitarra), Paulo (baixo) e Béba (bateria). Os caras são de Amparo, cidade do interior de São Paulo, e fazem um Thrash Metal de primeira, com influências de bandas como Destruction, Whiplash, Overkill, Slayer, Kreator, Exodus, entre outras. Agitando o público desde início, a banda executou um ótimo repertório, fazendo todos sacudirem os cabelos o tempo todo, mesclando várias músicas do seu primeiro álbum de 1990, como Money, You’ll Come Back Before Dying, No Destiny e a faixa-título Rotten Authorities, com outras dos demais álbuns, mostrando que os “tiozinhos” mandam muito bem no som que fazem, e que muitas bandas novas os recebem como influências do Thrash nacional. E por falar em influências, mandaram até um cover de uma das suas principais referências musicais: Power Thrashing Death, do Whiplash, com uma performance para ninguém botar defeito.
A segunda banda a se apresentar foi a Blasthrash, trazendo uma galera “mais nova” na sua formação, mas não menos competente e merecedora de respeito. Composta por Dario Viola (vocal), Henrique Perestrelo (guitarra), Regi Mota (guitarra), Diego Nogueira (baixista) e Rafael Sampaio (bateria), a banda formada em 1998 tem suas principais influências marcadas pelo Thrash Metal dos anos 1980, com grandes nomes como Vio-Lence, Exodus, MX, Tankard, Kreator, Nuclear Assault, entre outras. A Blasthrash fez uma apresentação ótima, apesar das falhas com uma das guitarras, começando com apenas uma e, após a segunda música, entrando o segundo guitarrista em palco. Tocaram músicas de toda sua carreira, desde Nudity On T.V., da demo de 2002 intitulada Beer And Mosh, quanto a Violence Just For Fun, faixa-título do álbum de 2008. E regado a muita “beer and mosh” fizeram o público agitar e realizarem seus moshes com muita, mas muita cerveja, definindo, assim, seu Thrashin’ Way Of Life!
A banda seguinte foi a Warhead, da Croácia. Formado em 2002, o grupo fez sua primeira demo em 2003 e a segunda em 2004, lançando posteriormente em 2008 seu primeiro álbum, No Signs of Armageddon. Composta por Dario “Darac” Turcan (vocal/baixo), Vladimir “Vlad” Suznjevic (guitarra) e Eldar “Piper” Ibrahimovic (bateria), fizeram um Deathrash, como eles mesmo definem o som, misturando um Thrash Old School com Death Metal. Ao som de uma intro de ópera medieval, a banda entrou no palco já descendo a pancada na bateria e nos instrumentais na primeira música. Algo soou meio estranho ao público, que demorou alguns momentos para começar a entrar no clima dos croatas e agitar. O vocalista agradeceu a presença de todos, falando que era a primeira vez que tocavam na América do Sul e que estavam muito felizes por realizarem essa turnê pelo Brasil. Todo o repertório foi composto por faixas do primeiro álbum, entre elas Free, seguida de Terrorizer, Who Dares Wins e Away. O público demorou, mas entrou no clima das músicas e os recepcionaram muito bem, curtiram a apresentação, agitaram muitas vezes, e fechando com a faixa que leva o nome da banda War-Head, foram muito ovacionados no final do show. O vocalista fez os agradecimentos gerais ao público e o público aguardava, ansioso, a grande atração da noite.
Fechando a festa com toda energia em sua segunda passagem pelo Brasil, os alemães do Tankard, banda veteraníssima de Thrash Metal formada em 1982, mostrou a que veio! Com o mesmo line-up desde 1998, com Andreas “Gerre” Geremia (vocal), Frank Thorwart (baixo), Olaf Zissel (bateria) e Andy Gutjahr (guitarra), o grupo fez o que melhor sabe: um show de qualidade regado à cerveja, literalmente, e muita insanidade, e o Hangar 110 ficou pequeno para tanta gente. Com uma dobradinha logo de cara, Zombie Attack, clássico de 1986 do álbum de mesmo nome, e Time Warp, de 2010, do álbum Vol(l)ume 14, fizeram a insanidade tomar conta do público já abrindo as rodas e subindo no palco para os tradicionais moshes. Outros clássicos seguiam: The Morning After, de 1988, Need Money For Beer, do play B-day e uma do CD mais recente, intitulado A Girl Called Cerveza, lançado no ano passado, com a música Not One Day Dead.
Era nítida a empolgação e a insanidade da galera, e banda e público interagiam de forma contagiante e muita reciprocidade. O calor era tanto no local, que até quem estava sem fazer nada suava de tão quente, fato que fez os integrantes do Tankard distribuírem água para a plateia e, literalmente, regar os mais próximos do palco virando cerveja na boca, enquanto faziam as honras pela presença de todos na noite. Dando continuidade ao show, The Beauty And The Beast e uma sequência insana formada por Slipping From Reality, Stay Thirsty!, Rules For Fools e outro clássico, Maniac Forces. O show seguiu quente e insano, literalmente, por todo o set list do Tankard, onde muitos até escalavam as estruturas da casa para fazer mosh na plateia. O Thrash comia solto com Die With A Beer In Your Hand, a faixa-título do recente trabalho, A Girl Called Cerveza, e fechando a primeira parte do show com Rectifier e a clássica Chemical Invasion, de 1987.
Após alguns minutos, os alemães voltaram jogando mais água e cerveja para galera, e para detonar a apresentação mandaram Alien, do EP de 1989 de mesmo título; para viajar alto tocaram Space Beer e para finalizar com chave de ouro, o hino da banda (Empty) Tankard, com destaque ao mosh do vocal Gerre na galera.
A noite realmente foi de puro Thrash Metal de primeira qualidade, regado a muita cerveja e loucuras para ninguém botar defeito, e esperamos que outras mais venham, pois essa noite realmente valeu a pena para todos os que estiveram presentes.