Uma banda formada por amantes do Punk Rock vem se destacando mundialmente por sua obra laçada até o presente momento. O Sem Futuro que possuí dois álbuns lançados em sua carreira e iniciou sua história no ano de 2007, pode ser considerada uma das principais do estilo no Brasil.
Além de letras inteligentes que fazem duras críticas ao sistema político do país. A banda possuí em sua apresentação um diferencial único e que chamou a atenção dos produtores do maior festival do estilo no mundo. Com sua apresentação impactante e irreverente, o “Rebellion Festival”, realizado na Inglaterra, levou o grupo brasileiro para se apresentar em três edições seguidas entre os anos de 2016, 2017 e 2018.
O principal ponto, além da música, é a performance do vocalista Minhoca, que ao subir nos palcos traz consigo personagens visualmente críticos às imposições que sofremos da sociedade. Seja político demoníacos, freiras gravidas que abortam nos palcos ou Papa de satã, todas essas criações são uma forma de contestar aquilo que é imposto como verdades absolutas que são criadas como formas de se manter a ordem e alienação de toda uma população.
Para que os fãs possam entender melhor, o vocalista Minhoca abre o jogo e revela detalhes de todo o processo criativo do Sem Futuro. Falando sobre o início da banda e como surgiu esses personagens, o músico é franco e não esconde a ideologia da banda: “ Quando começamos queríamos contestar tudo que estava acontecendo no dia a dia. Falávamos da violência, desigualdade, política, religião, tudo sempre criticando esses dogmas impostos pela sociedade. Logo no início não pensávamos muito na qualidade de instrumentos e aparelhagem e com o tempo isso foi mudando e fomos evoluindo”.
“Nossos primeiros shows nós chegávamos nos pubs de Curitiba e informávamos que éramos uma banda tributo ao Sex Pistols, mas na verdade tocávamos apenas duas ou três músicas da banda e o resto apresentávamos nossas músicas autorais e assim fomos ganhando espaço e criando uma gama fiel de público”.
Minhoca revela como criou seus personagens e como incluí essa temática visual em suas apresentações. “ Primeiro deixo claro que nem todos os shows fazemos esse trabalho performático, mas acredito que sempre que nos apresentamos temos que dar um espetáculo e passar nossa mensagem de todas as formas. Eu busco aproveitar o tempo que estou nos palcos para passar mais coisas, para chocar o público, além de causar um impacto musical, busco impactar visualmente também. Porem nem sempre eu consigo apresentar isso, pois todos os personagens e suas vestimentas eu mesmo que crio e costuro tudo. Uma das mais importantes para mim é a “camisa de força”, inclusive eu pedi aos músicos que me amarrassem senão eu quebraria tudo. Isso inclusive acabou fechando algumas portas para a gente, não que eu faça isso na maldade, mas é algo que acaba sendo natural, pois a música é muito forte e acabo remetendo tudo em que eu acredito”.
Um dos personagens mais reconhecidos elaborados pelo músico Minhoca, é a freira que durante a apresentação aborta um filho morto, e sem papos na língua o vocalista explica os motivos de criar esse personagem: “ A ideia de criar a freira é criticar os dogmas religiosos. Crítico diretamente a hipocrisia da igreja que tem em sua filosofia ser contra o aborto, a homossexualidade, a pedofilia e as influências que eles possuem no mundo. Assuntos que eles pregam ser contra, mas que todo mundo sabe que acontece isso dentro das próprias igreja. Padres pedófilos, freiras que foram engravidadas por eles, homossexualidade e outras coisas que acontecem no submundo das igrejas. A freira é uma afronta há tudo isso, ela seria uma anticristã que se revolta a tudo isso e se torna justamente o contrário que é pregado pela imposição religiosa”.
Obvio que ao criar uma identidade que afronta essas imposições massificadas pelo mundo todo, a banda já sofreu duras críticas e a banda sempre enfrentou todas de frente. Minhoca explica como lhe dá quanto isso ocorre: “ Sempre recebemos críticas, é algo costumeiro, mas não é algo que dê muitos problemas para nós. Apenas um fato especifico realmente causou certo burburinho. Alguns anos atrás gravamos um vídeo ao vivo no “Stúdio Tenda”, onde executamos a música “Eu não peço perdão” que fala sobre a pedofilia nas igrejas e que obrigam crianças sendo obrigadas a pedir perdão, sendo apenas crianças. Na apresentação eu me visto de padre e possuo algumas balinhas, criando uma analogia sobre todos os casos de pedofilia nas igrejas. Esse vídeo foi responsável por uma avalanche de críticas de vários fiéis que nos rotularam de satânicos. Porém na verdade, nós apenas queremos abrir os olhos da população que é acorrentada nesse mundo alienatório e cada vez mais opressor”.
Formação:
Minhoca: Vocal
Felpas: Guitarra
Tiagonha: Guitarra
Evil Leire: Baixo
Lalau: Bateria
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