Criado em 2012, nos moldes do extinto OzzFest, o KnotFest é hoje um dos principais festivais de rock pesado do mundo. Desde sua primeira edição em Iowa, terra natal de seu “pai”, Slipknot, já ocorreram mais de vinte edições nesses dez anos de existência, passando por dez países até então – e o Brasil se tornara o 11° país-sede neste último 18 de dezembro de 2022 (data da Final da Copa do Mundo), finalmente, após os adiamentos por conta da pandemia do Coronavirus. E para o seu debut em nossas terras, com todos os ingressos vendidos.
ESTRUTURA
Como é de praxe em se tratando de grandes festivais desse porte, a cidade de São Paulo foi a escolhida – assim como o Sambódromo do Anhembi – para este evento, que contou com dois palcos (Knot Stage e Carnival Stage), lojas de merchandising, lanchonetes / food trucks para todos os gostos, tatuagem, e um Museu com artigos da banda anfitriã usados durante sua carreira – roupas, máscaras, instrumentos, etc. (quem visitou o Knot Museum encarou uma fila de até duas horas para entrar). E aqueles que queriam descansar puderam nas inúmeras mesas espalhadas em torno das praças de alimentações, ou até mesmo na grande arquibancada do Sambódromo, com a vantagem de poder pegar uma sombrinha…
Em relação aos palcos – Knot Stage e Carnival Stage – diferentemente de outros festivais pelo mundo, onde os palcos principais ficam lado a lado, aqui os palcos ficaram nos extremos do complexo, o que provocava um inevitável deslocamento (procissão, em alguns momentos) que duravam cerca de 10 minutos. Como todas as atrações do dia começaram pontualmente conforme o programado, e ao terminar um show de um palco imediatamente o seguinte no outro palco começava (exceção feita para o intervalo entre Judas Priest e Slipknot, um pouco maior) era inevitável perde alguns minutos de uma das atrações por conta deste deslocamento.
ATRAÇÕES
Como mencionado anteriormente, os shows foram pontuais, e às 11h o Black Pantera, incluído de última para substituir a banda Motionless in White, agitou a galera que já se encontrava por lá. Com temas como “Fogo nos racistas”, os mineiros aproveitaram bem o seu curto tempo. Está aí uma banda que promete muito.
Na sequência, vieram algumas atrações nacionais já conhecidas: Jimmy & The Rats dividindo o palco com Oitão, e na sequência o Project 46. Em seguida, as primeira atrações internacionais subiram ao palco: Trivium e Vended.
Sepultura
Dando continuidade à turnê de divulgação do álbum “Quadra”, o Sepultura fez o que era previsto e o que já sabíamos: um show enérgico e eficiente, o que é uma característica comum da banda. Faça chuva ou faça sol (nesse caso, muito sol!), a banda não decepciona.
Set-list
Isolation
Refuse/Resist
Means to an End
Cut-Throat
Propaganda
Dead Embryonic Cells
Agony of Defeat
Slave New World
Arise
Ratamahatta
Roots Bloody Roots
Mr. Bungle
Acredito que uma das bandas mais esperadas do fest (pelo menos para este que vos escreve) principalmente pelo fato de estarem debutando no nosso país.
Mike Patton (voz – Faith No More, Fantômas, Tomahawk), Trey Spruance (guitarra) e Trevor Dunn (baixo – Fantômas, Tomahawk, Melvins) reativaram a banda em 2019 após cerca de quinze anos de inatividade, e recrutaram nada mais nada menos que Dave Lombardo (Slayer, Grip Inc, Suicidal Tendencies, Testament, Fantômas) para a bateria, e Scott Ian (Anthrax, S.O.D.) para a guitarra-base. E com essa formação, lançaram em 2020 “The Raging Wrath of the Easter Bunny Demo”, que foi a base para o show apresentado nesta tarde.
Com menções à campeã do Mundo Argentina e provocações à França, Mike Patton interagiu bastante com o público, e em português (fala fluentemente o idioma). Dedicou “Hipocrites” ao atual presidente (que em breve será ex), e “Speak English or Die” (cover do S.O.D.) se tornou “Fale Português ou Morra”. Equilibraram o peso das músicas do novo álbum com os covers de “Summer Breeze” e “Gracias a La Vida”, e finalizaram com “Territory” do Sepultura – com participação de Andreas e Derick. Certamente o Mr. Bungle fez um dos shows mais bacanas do festival.
Set-list
Won’t You Be My Neighbor (cover – Fred Rogers)
Anarchy Up Your Anus
Raping Your Mind
Bungle Grind
Eracist
Spreading the Thighs of Death
Glutton for Punishment
Hell Awaits – apenas a intro (cover – Slayer)
Summer Breeze (cover – Seals & Crofts)
Hypocrites
Speak English or Die (cover – S.O.D.)
World Up My Ass (cover – Circle Jerks)
Sudden Death
Gracias a la vida (cover – Violeta Parra)
Territory (cover – Sepultura) – c/ Andreas Kisser e Derick Green
Pantera???
Sinceramente, não sei se o nome seria o apropriado para essa reunião, visto que mesmo com os membros remanescentes da fase “mainstrean”, Rex e Anselmo, muito de sua identidade se perde sem os Irmãos Abbot (Dimebag e Vinnie Paul), já falecidos. Sem contar que, por conta do Covid, Rex não pode vir para os shows da América do Sul. Sendo assim, a banda tributo (acho mais apropriado esse termo) contou com, além de Anselmo, Zakk Wilde (Black Label Society, Ozzy Osbourne) na guitarra e Charlie Benante (Anthrax, S.O.D.) na bateria, além de Derek Engemann (Cattle Decapitation) no baixo, substituindo Rex.
Para quem é fã saudoso do Pantera e estava ansioso para ver ou rever as canções da banda ao vivo, foi presenteado com canções dos discos “Vulgar Display of Power” e “Far Beyond Driven”, que foram a base do show de Anselmo e amigos (curiosamente, tivemos Black Pantera e White Pantera neste domingo).
Set-list
A New Level
Mouth for War
Strength Beyond Strength
Becoming
I’m Broken
5 Minutes Alone
This Love
Yesterday Don’t Mean Shit
Fucking Hostile
Planet Caravan (cover – Black Sabbath cover)
Walk
Domination / Hollow
Cowboys From Hell
Bring Me The Horizon
A banda já havia feito em São Paulo um show enérgico para uma platéia lotada. E essa apresentação dos britânicos não foi diferente. Oliver Sykes agitou bastante e dirigiu-se diversas vezes ao público em português, e os principais hits do Bring Me The Horizon não faltaram em seu concerto.
Set-list
Can You Feel My Heart
Happy Song
Teardrops
MANTRA
Dear Diary,
Parasite Eve
sTraNgeRs
Shadow Moses
Itch for the Cure (When Will We Be Free?)
Kingslayer
DiE4u
Sleepwalking
Drown
Obey
Throne
Judas Priest
Cinquenta anos na estrada não é para qualquer banda. E o Judas Priest merece todo respeito por essa longevidade. Capitaneada por Ian Hill (desde sempre) e Rob Halford, seguidos por Scott Travis (o mais longevo baterista, há trinta anos na banda) e os “jovens” Richie Faulkner (recuperado de problemas de saúde) e Andy Sneap (substituto de Glenn Tipton ao vivo há cerca de quatro anos), a banda não decepcionou e fez um show, focado nos álbuns “Screaming for Vengeance” e “British Steel”. Não faltaram o tradicional tridente, símbolo da banda desde “Painkiller”, e a Harley Davidson, usada por Rob Halford no bis em “Hell Bent for Leather”.
Set-list
The Hellion / Electric Eye
Riding on the Wind
You’ve Got Another Thing Comin’
Jawbreaker
Firepower
Devil’s Child
Turbo Lover
Steeler
Between the Hammer and the Anvil
Metal Gods
The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)(cover – Fleetwood Mac)
Screaming for Vengeance
Painkiller
Hell Bent for Leather
Breaking the Law
Living After Midnight
Slipknot
Goste ou não, os estadunidenses do Slipknot já tem um espaço cativo entre as maiores bandas de rock pesado do mundo. E isso fica evidente com a entrega dos membros, com a presença de palco de Corey Taylor e forma como os fãs cantam com entusiasmo e paixão as canções da banda.
Nesta quinta visita ao país (a terceira como headliners), trouxeram no braço o mais recente album, “The end so far”, lançado em setembro. De “Disasterpiece” a “Surfacing”, a apresentação deixou os seus fãs satisfeitíssimos.
Set-list
Disasterpiece
Wait and Bleed
All Out Life
Sulfur
Before I Forget
The Dying Song (Time to Sing)
Dead Memories
Unsainted
The Heretic Anthem
Psychosocial
Duality
Custer
Spit It Out
People = Shit
Surfacing
Agradecimentos: 30ebr, Midiorama e Catto Comunicação