Nesta segunda-feira, 8 de março, se comemora o Dia Internacional da Mulher. Uma data que enfatiza a importância da mulher na sociedade.

Ao longo do tempo, as mulheres lutaram pelos seus direitos como cidadãs, para que pudessem trabalhar, ter sua independência financeira, votar, se eleger em cargos políticos e tantas outras posições que eram privilégio apenas dos homens.

Infelizmente, para conseguirem seu espaço em qualquer meio, as mulheres sempre precisaram lutar contra o machismo e no rock ‘n roll e no heavy metal não foi diferente. A situação está melhor, mas ainda longe do ideal.

Embora o rock tenha sido conhecido como um estilo rebelde e contraventor, havia e ainda há, muitos preconceitos, que aos poucos vão se rompendo.

A pioneira no gênero feminino e considerada a rainha do rock, foi Janis Joplin. A cantora que viveu até os 27 anos, integrou o grupo Big Brother  and the Holding Company, que na década de 60, ainda fazia um rock ‘n roll com fortes influências do blues e do soul. Depois, ela fez carreira solo até 1970, quando faleceu e ficou eternizada na história.

Já o primeiro grupo formado apenas por mulheres foi o The Runnaways, que durou entre 1975/79.  A banda californiana lançou 4 álbuns e obteve sucesso em clássicos como ‘Cherry Bomb’ e ‘Born to be bad’. Após o encerramento, cada integrante seguiu seu rumo e duas fizeram bastante sucesso: Joan Jett e Lita Ford. Até hoje atuam em vários projetos, tanto nos vocais, como na guitarra e no baixo.

Já no heavy metal, as pioneiras foram as garotas do Gilrschool. As britânicas surgiram em 1978 e lançariam seu primeiro álbum, Demolition, em 1980.  Elas fariam parte da NWOBHM, que era predominantemente masculina, o que enaltece ainda mais o sucesso das londrinas.  As inglesas abriram portas para as mulheres no metal e até hoje são enaltecidas pelo feito, além das ótimas músicas.

Girlschool: pioneiras seguem na ativa. Imagem: Kaitlynn Allen.

No Brasil, os destaques inicialmente ficam para as brasilienses do Valhalla, que lançaram seu primeiro álbum, ‘… in the darkness of Lim’ em 1994. Décadas posteriores, surgiria o Nervosa. O trio paulistano conseguiu atravessar as fronteiras e fazer muito sucesso na América Latina, Ásia e Europa.

Na década de 90, foi muito comum o surgimento de grupos que continham uma mulher como vocalista e homens na parte instrumental. Isto era frequente no Gothic e no Symphonic Metal.

No começo dos anos 2000, o Arch Enemy revolucionou o Metal ao colocar Angela Gossow no vocal, substituindo Johan Liiva. Muitos fãs e parte da imprensa acharam um absurdo colocarem uma mulher em um posto que era ocupado por um homem em uma banda de Death Metal Melódico. Desnecessário dizer que Angela virou ícone no metal e ninguém sentiu falta do antigo vocalista.

No Brasil, quem fez aposta semelhante, embora uma década posterior, foi o Torture Squad. Quando Vitor Rodrigues saiu, Mayara Puertas foi quem assumiu o posto e está até hoje.

Abaixo, há uma lista com as bandas mencionadas acima e outras pouco conhecidas do público, como Ocean of Slumber, que possui uma vocalista negra e faz um Doom Metal, que contêm  misturas de ritmos como soul e vai até o Death Metal. Uma ideia inovadora para o heavy metal e que deu certo.

O Portal do Inferno aproveita e deseja um feliz Dia das Mulheres e que sigam lutando pela igualdade de direitos e as bangers que ‘escrevam’ novos capítulos na história do Heavy Metal.

Vida longa às mulheres no Metal!

1-The Runnaways

A primeira banda de rock composta só por mulheres, o The Runnaways durou só 4 anos.

Entretanto,mostrou que as mulheres poderiam fazer rock n’roll igual os homens. Mesmo tendo durado pouco, estrelas como Lita Ford e Joan Jett seguem na ativa.

2-Girlschool

A primeira grande banda de heavy metal formada só por mulheres surgiu durante a NWOBHM( New wave of british heavy metal), mostrando que a nova onda de metal britânico não era meramente masculina. O Girlschool surgiu em meados da década de 70 e está em atividade até os dias de hoje. Se atualmente há espaço para bandas femininas no metal, as pioneiras foram as londrinas, que lutaram por um ‘lugar ao sol’.

3-Warlock

Enquanto a cena inglesa já estava consolidada no heavy metal, os alemães começavam a revelar grandes nos para a cena e se tornar uma referência para o estilo. Uma das lendárias bandas foi o Warlock . Embora a banda tenha durado seis anos (1983/89), deixou um legado que foi Doro Pesch. A vocalista com seu vozeirão e seu modo carismático se tornou, para muitos, a deusa do Heavy Metal. Em atividade até o momento, a alemã de 56 anos, segue praticando um metal tradicional, seguindo a linha do Warlock.

4-Valhalla-Brasil

Um grande orgulho do metal brasileiro é o Valhalla. Oriundo do Distrito Federal, 3 irmãs Andrea, Alessandra e Adriana aproveitaram o surgimento do Death Metal e mostraram toda sua brutalidade, junto com Lena Tosta, no álbum ‘…in the darkness of Limb’ (1994).

Com várias idas e vindas de integrantes, as headbangers de Brasília/DF ainda lançaram o Petrean Self em 2002. Este foi o último full-lenght do Valhalla.  Das irmãs Tavares, apenas Adriana segue na banda e o último lançamento foi um Split Video em 2016 intitulado Território Metálico. O Valhalla, através de suas redes sociais e entrevistas, afirma que está em processo de compor um terceiro álbum.

5-Nervosa

O trio feminino de thrash/death metal foi uma das novidades mais legais que surgiu na cena brasileira na última década. As paulistanas conseguiram atravessar fronteiras e mostrar ao mundo que por aqui também existe bandas com mulheres que fazem um som de primeira linha. Após 3 álbuns lançados e vivendo o auge, a baixista e vocalista  Fernanda Lira e a baterista Luana Dametto deixaram o grupo, o que causou tristeza aos headbangers.

Prika Amaral, a única remanescente, seguiu com o Nervosa e deixou a banda mais internacional, com a espanhola Diva Satanica nos vocais, a grega Mia Wallace no baixo e a Itália Eleni Nota na bateria. Em 2021, o agora quarteto lançou o ‘full-length’ Perpetual Chaos

6-Arch Enemy-aposta em mulheres

Se The Runnaways abriu as portas para as mulheres no rock, o Girlschool no heavy metal, o Arch Enemy foi quem mostrou que era possível uma mulher substituir um homem,em uma banda de metal extremo.E foi com  Angela Gossow. A banda sueca fez na época uma aposta considerada de alto risco e deu muito certo. Com a vocalista alemã no comando, o grupo ficou mais conhecido e mostrou para os headbangers que era possível mulher cantar gutural. Hoje é muito mais comum e aceito uma mulher em um grupo de thrash e death metal.

No momento, o Arch Enemy conta Allissa White-Gluz como vocalista.

7-Torture Squad-aposta em mulheres versão brasileira

O Torture Squad teve um ponto em comum com os suecos do Arch Enemy: iniciaram suas atividades com um homem vocalista e depois apostaram em uma mulher.

Os paulistanos tiveram muito sucesso com Vitor Rodrigues nos vocais e após um álbum com Marcos Evaristo assumindo o posto, a aposta foi em Mayara Puertas. Ela está desde 2015 na banda e lançou o álbum Far Beyond Existence em 2017.

8- Holy Moses

Na década de 80, vários nomes de thrash metal surgiram na Alemanha e o Holy Moses se diferenciou por ter uma vocalista mulher: Sabina Classen. Algo muito raro na época, principalmente para um som mais extremo.

O grupo oriundo de Aachen, hoje é considerado um lado B da cena, mas seguem na ativa e têm 12 álbuns de estúdio.

9-Lacuna Coil

Na década de 90, a Itália colocou seu nome de fato, no Metal, com duas bandas: Rhaposdy of Fire e Lacuna Coil.

O Lacuna Coil ficou famoso com o seu Gothic Metal, com Cristina Scabbia nos vocais fazendo dueto com Andrea Ferro. O grupo originário de Milão segue em atividade e possui 8 álbuns lançados.

Abaixo, a música Senzafine, uma das poucas que a banda fez em italiano.

10-Nightwish

O grupo finlandês tornou-se mundialmente conhecido principalmente pelo carisma da vocalista Tarja Turnen, uma das mais adoradas no Metal e que fez muitas meninas apreciarem o estilo.

No momento, o Nightwish conta com Floor Jansen, ex-After Forever, como frontwoman .

Abaixo, um vídeo das duas cantando ‘Over the hills’: um dos principais hits da banda e nos tempos de Tarja.

11-Crucified Barbara

Uma das bandas mais legais que surgiu no hard/metal no início deste século foi o Crucified Barbara. O quarteto sueco, formado apenas por mulheres, lançou 4 álbuns e encerrou as atividades em 2016 com um gostinho de que poderiam ter feito muito mais, pelo grande potencial que tinham.

A música escolhida foi o ‘I need a cowboy from heel’, do primeiro álbum, In Distortion we trust. Uma paródia com a famosa canção do lendário Pantera. Para muitos soou como um deboche aos rapazes texanos.

12-The Amorettes

Uma outra banda que segue na linha do Crucified Barbara é o The Amorettes. As escocesas faziam um hard rock com muita energia, mas possuíam letras mais alegres.

O grupo britânico esteve em atividade até o final de 2020 e lançou 4 álbuns de estúdio. Entretanto, elas anunciaram que em 2021 haveria um novo projeto chamado The Hot Damn, que seria praticamente com as mesmas integrantes, mas com mudanças no som. Aguardemos.

13-Boanerges

O Boanerges é um dos grandes nomes do metal latino-americano. Os argentinos contam Gabriela Sepúlveda nos vocais e fazem um White/Power metal.

O grupo que conta com 3 álbuns lançados em 40 anos de carreira, usam o metal para enaltecer o cristianismo, o que sempre gerou polêmica em um estilo muito marcado por criticar as religiões.

Assim como muitas bandas hispânicas, as músicas são cantadas no idioma espanhol.

14-Ocean of Slumber

Uma das novidades interessantes lançadas na última década foi o Ocean of Slumber. Uma banda oriunda dos Estados Unidos que tem influências de Doom Metal, mas com um vocal que remete, em alguns momentos, estilos como Soul e Blues. Cammie Gilbert, cantora negra, traz um diferencial muito interessante no grupo oriundo do Texas, mesclando Metal com estilos tradicionais daquela nação. Em alguns casos, chegando até a fazer gutural também.

Colaborou: Augusto Hunter

Eai, gostou? Impossível citar todas as bandas, caso ache que alguma merecia a menção, escreva nos comentário.

Escrito por

Leonardo Cantarelli

Headbanger, jornalista formado, autor de 2 livros e mesatenista!