Em live realizada no dia 28/11, o canal do YouTube HEAVY CULTURE conversou com Tom G. Warrior, um dos precursores do Death Metal mundial com o Hellhammer e Celtic Frost, duas das bandas mais cultuadas do Metal mundial e que dispensam apresentações. Atualmente com o Triptykon e o Triumph of Death, onde homenageia o Hellhammer¸ Tom também se prepara para lançar dois novos livros e diz que há possibilidades de fazer shows com o Celtic Frost em homenagem ao saudoso baixista Martin E. Ain, falecido em 2017. Mostrando-se simpático e em humorado, o guitarrista/vocalista contou que o atual momento pandêmico não tem sido inspirador, e que por causa disso as coisas estão lentas, sobretudo quanto a um novo lançamento do Triptykon, dizendo ainda que a pandemia está afetando inclusive os shows para 2022, pois a situação na Europa está novamente ficando fora de controle, mas acredita que a banda estará tocando no próximo ano.
Sobre o próximo álbum do Triptykon e principalmente sobre sua forma de compor, explicou que as coisas não são assim tão simples para ele: “Eu não vou no cinema e saio de lá com uma canção sobre isso. A pandemia está acontecendo, mas eu não gosto de pensar, “oh, eu tenho que escrever algo sobre a pandemia”. As coisas que eu contribuo para o Tryptikon, e só posso falar sobre mim, é claro, são muito baseadas na minha vida, nas minhas emoções, meus pensamentos. É claro, eu tenho 58 anos de idade, então agora isso é uma quantidade significativa de vida… O mundo está caindo aos pedaços, e claro, tenho minhas ideias sobre isso, e isso afeta minhas emoções, afeta meus pensamentos. Tenho certeza que isso vai afetar a música de alguma forma, mas eu sempre tento direcionar para o lado artístico, no final das contas, música para mim é arte, e essa arte é algo muito sagrado. Quando uma música é finalizada, há tantas coisas que entram nela, tantas emoções e detalhes, tanto trabalho…”.
Tom G. Warrior também falou sobre suas primeiras experiências musicais e a importância do passado, citando o Grave Hill como sua primeira banda, embora não tenham feito shows: “O passado é muito importante, eu vivo no presente, é claro, abraço o presente, a tecnologia, mas o passado é muito importante e define quem você é. É muito perigoso esquecer o passado… Estou em contato com o passado e o presente. Minha primeira banda era pequena, o Grave Hill, e era influenciada pela NWOBHM, mas não conseguíamos tocar tão bem naquela época, nunca chegou a esse nível, mas eu estava tentando deixar a banda mais pesada”. O músico ainda contou a importância que o Hellhammer teve para ele e destacou suas impressões sobre a capa do álbum “To Mega Therion”, do Celtic Frost.
Indagado sobre seu disco favorito entre suas bandas, foi bem humilde e sincero: “Eu nunca falaria da minha própria música como uma obra-prima. Estou tentando ser realista, é muito difícil, porque fui agraciado a estar em três bandas que se tornaram muito importantes para mim, o Hellhammer, Celtic Frost e Triptykon, e em cada uma dessas bandas houve alguns momentos que foram extremamente importantes para minha vida, então é muito difícil para mim selecionar um álbum. Se eu tivesse que escolher, o primeiro álbum do Celtic Frost foi extremamente importante, porque começou muitas coisas, mas por outro lado, o primeiro do Triptykon também foi muito importante, pois significava que eu poderia sobreviver artisticamente depois que o Celtic Frost acabou. Outro álbum seria “Monotheist”, o ultimo do Celtic Frost, que para mim é um dos álbuns mais fortes que foi feito como uma banda, porque pela primeira vez nós realmente trabalhos como uma banda”.
Em relação ao álbum que gostaria de ser lembrado, Tom destacou que há coisas mais importantes que devemos nos preocupar: “Você realmente tem que me conhecer para entender minha abordagem, mas quando eu era mais jovem, eu e Martin, é claro, nós éramos muito jovens e com muita testosterona e queríamos provar a nós mesmos, e queríamos ser levados a sério, e assim por diante. Eu tenho feito isso há quase 41 anos, e espero ter crescido um pouco mais, estou mais maduro e um pouco mais calmo, e agora não me levo mais tão a sério, e eu acho que não preciso ser lembrado, há coisas muito mais importantes no mundo que precisam ser resolvidas, o mundo está em um estágio muito difícil, e claro, minha música é importante para mim e provavelmente também para o público, é muito importante, eu sei, e eu mesmo sobrevivo apenas porque posso ouvir música e muito é como um refúgio, mas quando se trata do meu próprio trabalho, não acho que meu trabalho seja tão importante que precisarei ser lembrado. Há coisas que realmente importam no mundo, na maneira como tratamos a natureza, a maneira como lidamos com as mudanças climáticas, a maneira como tratamos os animais e assim por diante. Há tantos problemas que são 10 milhões de vezes mais importantes do que a melhor coisa que já fiz.
Outro assunto da pauta foi sua afeição pelas causas animais, dando sua opinião sobre o uso de restos de animais em shows de Black Metal: “Eu vejo todas essas bandas se apresentando, ou a maioria das bandas se exibindo como um homem forte, e através de gestos você tenta projetar que é um forte guerreiro, que você é cheio de coragem, um homem macho, mas matar um pequeno ser inocente para mim não faz de você um homem, é na verdade algo muito covarde. Se você for a um açougue e comprar alguns crânios não te fazem um cara durão. Não é como você viver em tempos antigos e ter que lutar por sua vida… eu realmente não entendo o que isso traz para uma banda se você for num açougue local antes de um show e comprar alguma carcaça, de um pobre animal que foi abusado por toda a sua vida e que morreu uma morte terrível e então colocá-lo no palco, isso o torna mais masculino ou faz com te deixe mais pesado? Para mim, a verdadeira masculinidade, o verdadeiro peso, a verdadeira determinação, vem de outro lugar. Você tem que ganhar o nome “guerreiro””.
Um dos assuntos que mais intrigam os fãs de Celtic Frost é o a origem do clássico “uh!”, que praticamente se tornou uma de suas marcas registradas, mas Tom contou que não se considera o precursor desse recurso: “Eu não sei porque o Celtic Frost é famoso por isso, ou porque sou famoso por isso, porque se você ouvir música dos anos 1970 e início dos anos 1980, você ouve bastante, quero dizer, até mesmo o James Brown e muitas bandas de Funk Music fizeram bastante isso e também algumas bandas de Rock e da NWOBHM, acho que até Paul Di’anno fez isso em algumas das primeiras músicas do Iron Maiden. Não é sem precedentes, e por alguma razão em 1984/1985, a imprensa inglesa da época começou a escrever sobre mim sobre isso e depois me tornei famoso por isso, mas não sou o inventor. Para mim sempre foi uma espécie de realce de um momento poderoso na música, para torná-la ainda mais distinta. Apenas fizemos esse arranjo que é simplesmente para aumentar o poder”.
Por fim, o suíço deixou suas impressões sobre a banda Crypta, dizendo que admira bastante o trabalho de Fernanda Lira e por levar mais mulheres a cena Metal. Contou também sobre o relançamento do livro “Are You Morbid?”, que será lançado como uma versão expandida e que está trabalhando em outro livro, sobre o fim do Celtic Frost e início do Triptykon. Revelou ainda que há possibilidades de fazer shows com os membros antigos do Celtic Frost em memória de Martin E. Ain, inclusive contando com o baterista Reed St. Mark, que considera seu melhor amigo. Comentou que é impossível reformar a banda sem o baixista, mas que shows em sua memória são possíveis de realizar.
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Para o mês de dezembro o canal contará, por enquanto, com apenas uma live, no dia 18/12, às 14h, com o vocalista Dave Ingram, do Benediction.
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