Na segunda parte da série “Copa do Metal”, apresentamos os países sorteados no grupo B da Copa do Mundo da Rússia. Portugal, Espanha, Marrocos e Irã estão distantes em diversos aspectos. Dentre eles, a música. Confira as bandas que selecionamos para cada país, além de mais informações sobre futebol e outros aspectos.

Confira a matéria sobre o Grupo A aqui.

Portugal

(Por Leonardo Cantarelli)

Aquele pequeno país no sudoeste da Europa, ‘escondido’na Península Ibérica, sempre dá um jeito de aparecer para o mundo.

Os lusitanos sempre tiveram orgulho de seus navegadores e suas expedições pelas Américas, Ásia e África.

Na literatura, José de Camões, autor do livro os ‘Lusíadas’, é reverenciado até hoje e é tido por muitos como o melhor escritor de língua portuguesa da história. Mais recentemente, José Saramago também deixou seus patrícios orgulhosos de suas obras.

No futebol, a história não seria diferente. Os portugueses não tiveram muitos esquadrões marcantes ao longo do tempo, mas quando tiveram, sempre havia um craque. Foi assim com Eusébio nos anos 60, com Luis Figo nos anos 90 e início de 2000 e atualmente com Cristiano Ronaldo. Os três citados estão entre os ‘imortais’ do futebol e seguramente CR7 é o melhor futebolista da história de Portugal.

Aos poucos, a Seleção de Portugal vem conquistando seu espaço entre as melhores do Planeta Terra. Em 2016 venceu pela primeira vez a Eurocopa.

Em 2018, disputará pela sétima vez a Copa do Mundo. A quinta de forma consecutiva. O time é bom coletivamente e já mostrou não ser dependente de Cristiano Ronaldo como muitos imaginam.

Dificilmente as Quinas brigarão pelo título. Correm por fora. A principal meta é apagar a má impressão deixada em 2014 quando foram eliminados na primeira fase.

Os rivais da primeira fase serão Marrocos, Irã e a arqui-rival Espanha. Logo, a obrigação é vencer asiáticos e africanos e lutar pela liderança com o seu vizinho ibérico.

Já no Heavy Metal, Portugal também deixa a sua marca com o MOONSPELL. A banda lisboeta perambula, desde a fundação em 1992, entre o Black, Doom, Folk e o Gothic Metal.

Mesmo o grupo lusitano compondo canções explorando a cultura local, a maioria das músicas é em inglês. Existem poucas em português.

Em 2017 lançaram o álbum 1755 e a grande surpresa foi um cover da música “Lanterna dos Afogados” da banda brasileira Paralamas do Sucesso.  A versão original já tem um tom e uma letra sombria. Os portugueses, com todo o seu estilo, fizeram a música ficar ainda mais sombria e densa.

O cover é interessante, pois mostra bem o estilo que o MOONSPELL executa.

Confira:

 

Espanha

(Por Leonardo Cantarelli)

A Inglaterra pode ter a Premier League e a honra de ter criado o futebol. O Brasil se orgulha de ter Pelé, o maior jogador da história e ser pentacampeão do mundo. A Alemanha se orgulha de ser o atual modelo de gestão e organização de futebol e detentora do último título de Copa do Mundo.

No entanto, os dois maiores clubes do mundo estão na Espanha: Real Madrid e Barcelona.

O auge de qualquer jogador de futebol é um dia assinar contrato ou com os Merengues ou com os Blaugranas. A maioria dos craques da história do futebol mundial um dia vestiu a camisa de uma dessas equipes. Alguns de ambas.

No entanto, a Seleção Espanhola sempre teve a fama de ser ‘amarelona’ e um time de segundo escalão. Por muito tempo viveu apenas de duas glórias: o quarto lugar na Copa do Mundo de 1950 e o título da Eurocopa de 1964.

A situação melhorou no início do século XXI. Na primeira década deste século, os espanhóis mandaram no futebol faturando duas Eurocopas (2008 e 12) e uma Copa do Mundo (2010).

A base era o Tik-Tak do Barcelona de Pep Guardiola, que consistia em um toque de bola envolvente e que ganhou tudo que disputou, comandado pela dupla Xavi Hernandez e Andrés Iniesta e com algumas estrelas do Real Madrid, como o goleiro Iker Casillas.

Para 2018, a Fúria passa por um processo de renovação. Jogadores como Casillas, Puyol, Xavi,  David Villa dão lugar a De Gea, Nacho,Thiago Alcântara,Koke, Álvaro Morata, dentre outros. Iniesta faz parte do elenco e apesar de útil, já não vive o seu auge.

É uma seleção que se classificou com tranqüilidade para o torneio da Rússia, tem muita qualidade, mas que talvez não esteja pronta para disputar o bicampeonato.

Já no Heavy Metal, as bandas podem não ter tanta popularidade como um Barcelona ou Real Madrid, mas tem muita qualidade e compensa muito escutá-las.

Algumas como Mago de Oz e Tierra Santa optam por cantarem em espanhol. São ótimas e o Mago de Oz adora fazer sátiras e incentivar o estilo de vida: ‘metal, festa e bebedeiras’ com muito bom humor.

O Dark Moor, que canta em inglês, é outro grupo que merece atenção.

Por fim, o grupo em destaque aqui vem de uma região que não quer mais ser espanhola: o NORTHLAND da tão famosa Catalunha.

A banda de Barcelona faz um Folk Metal com um vocal gutural, que dá vontade de se fantasiar de duende e sair andando pelas florestas!!!

Na ativa desde 2007, os catalães lançaram dois álbuns: “Northland” (2010) e “Downfall and Rebirth” (2015).

Destaco aqui a música “Blood Red Sunrise” do último disco lançado!

Confira:

 

Marrocos

(Por Flávio Diniz)

Apresentado como “A sua porta de entrada no Norte da África”, Marrocos é o país mais próximo da Europa. O estreito de Gibraltar é a única abertura entre o Mediterrâneo e o Oceano Atlântico e separa os continentes Europeu e Africano por pouco mais de 13 quilômetros em seu ponto mais curto. O estreito resultou da fissura de duas placas tectônicas: a placa Euroasiática e a placa Africana. Pela curta distância, a passagem marítima é também uma das principais rotas escolhidas por imigrantes africanos para alcançar o continente europeu.

Duas décadas foi o tempo que separou Marrocos de copas do mundo. Sua última participação havia sido na França em 1998, quando deixou a competição ainda na fase de grupos. Na ocasião, os africanos caíram no grupo A, ao lado de Brasil, Noruega e Escócia. Com quatro pontos, o país encerrou a competição em terceiro lugar do grupo, após empatar em 2×2 com a Noruega, perder por 3×0 do Brasil e vencer a Escócia pelo mesmo placar. Na edição anterior, nos Estados Unidos, sua campanha foi ainda pior. Após três derrotas na fase de grupos, foram eliminados e amargaram a última posição do grupo F. Sua melhor campanha, no entanto, foi em 1986, no México. Classificou-se em primeiro em seu grupo, com quatro pontos, um à frente de Inglaterra e Polônia e dois à frente de Portugal.  Nas oitavas-de-final enfrentou a Alemanha Ocidental, segunda colocada do grupo E e caiu diante dos europeus pelo placar de 1×0. O feito, porém, credenciou a seleção de Marrocos como a primeira equipe africana a alcançar as oitavas-de-final de uma copa do mundo.

Para retornar ao torneio, a seleção marroquina, após boa campanha nas eliminatórias africanas, precisava de um empate contra a Costa do Marfim e acabou derrotando “Os Elefantes” por 2×0 com gols do atacante Nabil Dirar e do zagueiro Benatia, que atua no clube italiano Juventus. A vitória devolveu Marrocos à copa do mundo e removeu a Costa do Marfim, país que vinha ganhando notoriedade nas últimas edições do torneio.

O Metal não é exatamente muito popular em Marrocos. Mas certamente ele existe. No geral, a maioria das bandas que encontramos não possui muitos álbuns. Grande parte gravou um ou outro EP, single ou demo. No entanto, a banda ANALGESIA se destaca nesse quesito. Fundada no ano de 2005, na capital marroquina, Rabat, a banda possui quatro álbuns em sua carreira, além de diversos singles. Os africanos descrevem seu estilo como Symphonic Gothic Metal/Rock. Violinos, teclados e o vocal feminino formam a identidade da banda, com uma atmosfera típica do estilo e que deve agradar a fãs de Nightwish, Epica, Dreams of Sanity e demais bandas.

Separamos abaixo o single “Wellhorld”, faixa que abre o álbum “Saint Dreamers”, último trabalho da banda, lançado em 2013.

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=1-jarNjqlCI

 

Irã

(Por Leonardo Cantarelli)

Em 1997 quando fizeram o sorteio para os grupos da Copa do Mundo da França, houve muita tensão quando Estados Unidos e Irã caíram na mesma chave. Os dois países eram aliados até o final dos anos 80. No entanto, quando os xiitas assumiram o poder na nação asiática houve rompimento na relação com os norte-americanos e iniciou uma briga intensa entre ambos, principalmente pelo domínio do petróleo no Oriente Médio. Nos anos 90, a situação se agravava, inclusive com ameaça de uma guerra.

Entretanto, o dia 21 de junho de 1998 chegou e o confronto foi válido pela segunda rodada do grupo F. Antes da bola rolar, os jogadores trocaram cumprimentos, presentes, flores e tiraram fotos abraçados.

A partida até hoje é lembrada como um exemplo do que o futebol é capaz de promover. Unir dois povos em que seus governantes se odeiam.

Para os iranianos este cotejo é histórico, pois bateram os estadunidenses por 2 a 1 e até hoje é o seu único triunfo em Copas do Mundo. Foi também o único grande momento do Irã em Copas do Mundo. Nunca passaram de meros coadjuvantes.

O Team Melli debutou em Mundiais em 1978, mas somou apenas um ponto. 20 anos depois foi eliminado na primeira fase (assim como os EUA). Os asiáticos ainda jogariam as edições de 2006 e 14, mas também parariam na fase de grupos.

A meta na Rússia é ao menos, pela primeira vez, estar nas oitavas de final. O time não tem grandes estrelas e em um grupo com Portugal e Espanha, dificilmente avançarão de fase.

Como toda ditadura que se instala em um país, vem as proibições e a censura. Na ditadura islâmica iraniana não foi diferente. Por muito tempo rock e heavy metal foram proibidos de serem executados. Nos anos 90, foi permitido que se tocasse estes estilos de música, mas com autorização do governo. O que fez e faz com que muitas bandas sofressem censura e tivessem que partir para outros países.

Mesmo assim, houve uma cena underground que se formou no Irã e fez com que algumas bandas surgissem.

Em 2013, Hassan Rohani assumiu o governo e com uma política mais moderada, facilitou que os grupos de rock e heavy metal conseguissem autorização para gravar e fazer shows. O resultado foi muitas bandas poderem sair do underground e viverem da música como gostariam.

No entanto, os problemas com os headbangers seguem e em 2015 dois dos três integrantes da banda CONFESS foram presos e podem ser executados! O motivo alegado é que as músicas cultuam o satanismo e criticam a atual ditadura islâmica.

Em seu segundo álbum lançado, “In pursuit of dream” (2015), há duas faixas que tem nomes polêmicos: “The-Hell-Ran” e “I’m your God Now”.

Enquanto torcemos por notícias (boas) sobre os dois integrantes do CONFESS, escutem “The-Hell-Ran” (um trocadilho de Teerã, capital do país e Hell, inferno em inglês):