Chegando à parte final do Especial Copa Feminina do Metal, listamos e comentamos os países dos grupos E e F (com exceção de Camarões, pois não encontramos nenhuma banda de metal com mulher(es) em sua formação deste país). O jornalista Leonardo Cantarelli, idealizador deste especial, foi longe e conseguiu uma declaração do japonês Yohei Shiraki, diretor técnico da seleção feminina da Tailândia para a matéria. Confira:
(Copa Feminina do Metal – Grupos A e B)
(Copa Feminina do Metal – Grupos C e D)
Grupo E
Canadá:
(Flávio Diniz)
Definitivamente o Canadá nunca foi um país de tradição no futebol. A seleção masculina participou de uma única edição de Copa do Mundo. O fato ocorreu em 1986 no México, quando foram eliminados ainda na fase de grupo após perder as três partidas para União Soviética, França e Hungria. A seleção feminina, no entanto, possui feitos mais notáveis. Em 2019, na oitava Copa do Mundo realizada, o país chega à sua sétima participação. Seu melhor desempenho ocorreu em 2003, quando as canadenses chegaram à semifinal, registrando a quarta posição do torneio. O Canadá foi o país-sede da última edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino e avançou além da fase de grupos, ficando pelo caminho nas quartas de final, ao encarar a Inglaterra. Visando ganhar mais notoriedade no esporte, o país iniciou sua primeira liga profissional em 2019, deixando de ser, portanto, o único país de toda a América que não possui uma liga profissional. Em 2026, ao lado de México e Estados Unidos, o Canadá será o país sede da Copa do Mundo de Futebol. Portanto, já de olho no futuro próximo, os canadenses passam a investir e olhar mais para o esporte.
Se por um lado, o Canadá não tem tradição no futebol, no metal, a história é outra. Só para citar alguns nomes formados há muito tempo e na ativa até hoje, tendo conquistado o respeito de bangers e mídia, temos Anvil, Voivod, Exciter, Kataklysm e Annihilator. A cidade de Montreal também realiza o Heavy Montreal, evento anual que convida inúmeras grandes bandas do metal mundial. Também de Montreal vem a banda escolhida para representar o país neste especial. Com uma discografia curta, o Vehemal possui apenas um álbum. Lançado em 2014 e intitulado de “The Atom Inside”, o full-length exprime sonoramente um black metal de muita qualidade. Técnico e com uma proposta muito interessante, alternando entre inglês e francês suas letras sobre o cosmos, a via láctea, o universo e outros assuntos mais complexos. A banda possui duas mulheres em sua formação. Martine Bourque (vocalista dona de poderosos vocais rasgados) e Mélanie Goulet (tecladista). Essa última juntou-se à banda somente após o lançamento do álbum. Veja abaixo o videoclipe de “Cosmic Collision”.
Nova Zelândia
(Leonardo Cantarelli)
Ao falar sobre esportes na Nova Zelândia, sempre nos lembramos do rugby: o mais popular daquele país. A seleção, chamada de All Blacks, é famosa mundialmente por fazer aquela dança apelidada de Haka, antes dos jogos. Parece que os atletas estão ‘possuídos’. O rugby neozelandês é uma referência mundial.
Já o futebol, tanto o masculino como o feminino, tem a mesma característica: dominam a Oceania (a Austrália se filiou a Ásia) goleando facilmente seus oponentes, mas fora de seu continente sofrem para conseguir bons resultados. São meros coadjuvantes.
Esta será a quinta participação das All Whites em Copas do Mundo. A meta é ao menos conseguir uma vitória, o que não houve nas outras edições. Até o momento, as neozelandesas disputaram 12 jogos, empatando 3 e perdendo os outros 9. Foram 7 gols anotados e 29 sofridos. Será que farão história na França?
Já sobre o heavy metal, há vários grupos bons, embora não sejam populares no Brasil. O meu destaque fica para o Devilskin. O grupo oriundo de Hamilton (quarta maior cidade do País), possui 2 álbuns lançados. O grupo, que tem como vocalista, Jennie Skulander, pratica um Heavy Metal típico de muitas bandas surgidas nos anos 2000 (com ênfase maior nos riffs de guitarras e menor nos solos). A música que destaco é Never See the Light, do debut We Rise (2014).
Holanda
(Leonardo Cantarelli)
Tanto no futebol como no heavy metal a Holanda deixa o seu legado e a sua marca. Diversos nomes, times de futebol e bandas estão na história.
Falando das 4 linhas, os Países-Baixos possuem 3 vice-campeonatos de Copas do Mundo (1974,78 e 2010). Nos anos 70, a equipe que tinha como jogador principal Johan Cruyff, praticou um futebol brilhante, inovador e eficiente chamado ‘Carrossel Holandês’. Um esquema onde os jogadores não tinham posição fixa (exceção ao goleiro), todos participavam tanto no ataque como na defesa. Estilo conhecido também como futebol total. Embora, não tenha sido campeão, foi esse time, principalmente, que inspirou o Barcelona de Guardiola, multicampeão nos anos 2000.
No futebol feminino, as ‘Oranges’ vivem um grande momento, pois em 2017 faturaram o seu primeiro título: a Eurocopa (o time masculino faturou em 1988). Esta será a terceira participação em uma Copa do Mundo (foi semifinalista em 2009) e a meta é fazer uma campanha boa e ficarem na história, assim como o time masculino ficou. O destaque individual fica por conta da meia/atacante Lieke Martens, que atua no Barcelona e que já recebeu comparações com o craque Lionel Messi. Ela foi eleita pela Fifa a melhor jogadora do mundo em 2017.
Já no Heavy Metal a principal marca é o Metal Sinfônico. Geralmente quem canta é uma mulher. As mais famosas são a extinta After Forever e Épica. Floor Jansen (atualmente no Nightwish) e Simone Simmons são endeusadas mundo afora, por suas respectivas belezas, presenças de palco e por serem boas vocalistas.
No entanto, o que quero destacar aqui é o Delain. A banda fundada em 2002 possui 5 álbuns de estúdios e não deve nada para os grupos mais famosos. A cantora Charlotte Wessels está no mesmo patamar de outras frontwoman.
Confira o clipe Stardust:
Grupo F
Estados Unidos
(Flávio Diniz)
As estadunidenses são a grande sensação do futebol feminino mundial. Possuem três títulos da Copa do Mundo, um vice-campeonato e por três vezes ficaram em terceiro lugar da competição. Quando se trata de jogos olímpicos, os números também impõem respeito. São cinco medalhas, sendo quatro de ouro e uma de prata. Pelo retrospecto, as americanas entram na competição como favoritas ao título. Mas se você acha que o tetra mundial é tudo que as jogadoras querem, você passou longe da realidade. Recentemente algumas atletas entraram em rota de colisão com a Federação Americana, abrindo um processo por equidade de gêneros, onde reivindicam melhorias salariais, de estrutura e até de tratamento de ambas equipes. Pelo favoritismo, elas sabem que tem a atenção dos holofotes neste momento e fazem uso disso para dar visibilidade à sua luta. Vinte e oito atletas entraram com uma ação contra a USSF (Federação de Futebol dos Estados Unidos) por discriminação de gênero.
Um verdadeiro reduto do metal extremo e de gigantes do metal mundial, como o big four (Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax), além de nomes como Cannibal Corpse, Death, Morbid Angel, Obituary e Deicide, as bandas com mulheres na formação se concentram mais no underground nos Estados Unidos. Décadas atrás, no entanto, algumas mulheres colocaram seus nomes em um lugar de grande importância no Heavy Metal e Rock n’ Roll mundial. Podemos citar como exemplo a banda de rock n’ roll, formada por quatro mulheres, The Runaways, que posteriormente rendeu uma carreira solo, mesmo que mais discreta, de Lita Ford; Chastain, que retomou as atividades em 2013, com a vocalista Leather Leone, que também segue carreira solo; além da vocalista Wendy O. Willians, vocalista performática que executava um hard rock/punk e foi a responsável por introduzir o moicano na cena punk americana. A banda Plasmatics possuía performances polêmicas com explosões de equipamentos e nudez nos palcos. Com uma sonoridade bem diferente e uma cultura um tanto distante daqueles anos, a banda que selecionamos é de Massachussetts e foi fundadada em 2005. O som da Abnormality é um Death Metal brutal, técnico e na velocidade da luz que remete à bandas como Dying Fetus e Suffocation. A responsável pela voz do fim do mundo é Malika Sundaramurthy, com um gutural de respeito que chega a lembrar ao de Mayara Puertas, do Torture Squad. A Abnormality possui três álbuns lançados. O último “Sociopathic Constructs” foi lançado em maio deste ano. A faixa “Curb Stomp” é a última do full-length. Confira o videoclipe abaixo.
Tailândia
(Leonardo Cantarelli)
Ao ter que falar do futebol da Tailândia, lembrei –me de um período em que entrevistei, em momentos diferentes, brasileiros que atuaram por equipes de lá. O foco era saber o motivo de irem à Tailândia e o que achavam do futebol local. Me diziam que havia um grande investimento para a evolução do esporte e eles têm como meta disputar pela primeira vez uma Copa do Mundo. Inicialmente, a intenção era em 2022, pois havia a notícia que iria ter um aumento de 32 para 48 participantes. Recentemente a Fifa confirmou que esse aumento será apenas em 2026.
No entanto, os jogadores que tive contato não acreditavam em classificação a curto prazo, pois o nível técnico dos tailandeses ainda é muito fraco. Os tailandeses ainda tem muito o que evoluir para conseguirem chegar em uma Copa do Mundo.
Quando realizei as entrevistas era nítido que falávamos apenas do futebol masculino. Este ainda segue sendo um coadjuvante no esporte mais popular do planeta. Entretanto as mulheres já alcançaram esse objetivo e disputarão pela segunda vez uma vaga na Copa do Mundo e serão uma das representantes asiáticas na França em 2019.
O futebol feminino tem como investidora Nualpham Lamsam, conhecida como Madame Pang. Ela é banqueira, presidente de um time (Port F.C.) e manager da seleção feminina. A magnata ainda emprega as atletas em suas empresas. Uma grande incentivadora da modalidade.
Yohei Shiraki, diretor técnico da seleção feminina da Tailândia, afirma que o objetivo dessa vez é buscar uma vaga nas oitavas de final.
“Esta será a nossa segunda participação em Copas do Mundo e estamos motivados para conseguir uma vaga às oitavas de final. Passar de fase será o nosso objetivo, já que em 2015 não conseguimos. Estamos confiantes e temos totais condições para isso”, disse o dirigente, que é japonês, em entrevista exclusiva para esta matéria.
Agora falando sobre heavy metal, o destaque fica para Dear Sinner que pratica um agradável Gothic/Sinfônico-Metal e possui duas vocalistas: Ning (principal) e Yew (soprano). O grupo oriundo de Bangkok possui 2 álbuns lançados. Sin foi o primeiro e saiu em 2010. O último foi o Faith em 2014.
O clipe abaixo é da música Crimson Moon do último disco gravado.
Chile
(Flávio Diniz)
Na oitava Copa do Mundo de Futebol Feminino, o Chile chega à sua primeira participação. Dentre as campanhas de destaque, as meninas ficaram duas vezes em terceiro lugar (1995 e 2010) e em outras duas ocasiões foram vice-campeãs da Copa América (1999 e 2018). A última vez, no ano passado, o segundo lugar ocorreu quando foram o país-sede da competição. A derrota na final para o Brasil, no entanto, pode não ter deixado um gosto tão amargo, já que a posição final lhes deu a classificação para a Copa do Mundo da França e uma vaga na repescagem para os jogos olímpicos de 2020 em Tóquio. As chilenas disputarão a vaga contra as segundas colocadas do Campeonato Africano de Futebol. Devido ao baixo investimento no futebol feminino do país, dez das vinte e duas jogadoras da equipe principal atuam fora do Chile. Com o nome já marcado na história da seleção feminina após a inédita classificação para o mundial, as chilenas terão pela frente as seleções da Tailândia, Suécia e a tricampeã Estados Unidos.
Conhecido por ser um país apaixonado pelo Heavy Metal, os shows em seus territórios sempre lotam estádios de bandas grandes, e assim, a capital Santiago foi o local escolhido para a gravação do CD/DVD “En Vivo!” do Iron Maiden, na turnê do álbum “The Final Frontier”. A gravação capta com maestria o fanatismo dos chilenos pela banda e pelo Heavy Metal. Além disso, é de conhecimento geral que o país também é a terra natal de Tom Araya (vocalista e baixista do Slayer). O Chile é lar de um enorme número de bandas de metal, dentre as mais conhecidas estão Ancestral e Sadism (ambas Death Metal), Concerto (Power Metal) e Nuclear (Thrash Metal). A busca por bandas com mulheres na formação não foi das mais fáceis, mas foi gratificante, pois assim pudemos conhecer o som de Siaskel. Fundada em 2003 em Santiago, a banda executa um Black Death Metal abordando mitologias, cosmos, morte e rituais antigos. Suas letras são cantadas em espanhol e o dialeto Ona, falado pelos Selk’nam, povo indígena da região patagônica do sul do Chile e da Argentina. A guitarrista Ma’hai Jippen juntou-se à banda em 2005 e gravou os três álbuns, além de outros registros. O último álbum da banda foi lançado em abril de 2019 e conta com quatro faixas. Mas não se trata de um registro de curta duração, o álbum possui cerca de trinta e nove minutos. A música mais curta possui mais de oito minutos. O quarteto destila um black metal denso com pitadas de death metal, veloz e muito bem executado altamente recomendável para fãs do estilo. Confira o álbum abaixo.
Suécia
(Leonardo Cantarelli)
Dentre os chamados países nórdicos, a Suécia, no masculino, é, sem dúvida, a nação que tem mais tradição no futebol. Os Blagults disputaram 12 Copas do Mundo, sendo 1 vez vice-campeão (1958) e 4 vezes semifinalista (1938,50,58 e 94).
No feminino, dentre as nórdicas, há uma boa disputa entre as suecas e norueguesas para ver quem é a melhor. Ambas estão entre as melhores do mundo também, embora as meninas da Noruega tenham tido mais êxito.
As Blagulas até o momento possuem 1 Eurocopa (1984) e 3 vices (87,95 e 2001). Em Copas do Mundo, a melhor colocação foi um 2º lugar em 2003. Sua última grande campanha foi nas Olimpíadas de 2016 no Brasil, onde faturaram a medalha de prata. Já é tida desde antemão como uma das principais forças nessa edição do Mundial que será realizado na França.
Já no Heavy Metal, a influência das bandas suecas é nítida no cenário mundial. Dentre os nórdicos, os grupos suecos e finlandeses são os que mais se destacam.
Somente falando das suecas, temos destaques no hard/glam (Crashdiet ,The Poodles), no Power Metal (Hammerfall, Sabbaton), no Death Melódico de Gotemburgo (In Flames, Arch Enemy e Dark Tranquility), no Viking Metal (Amon Amarth) e no black metal (Bathory).
No metal feminino, o grande destaque fica por conta do Crucified Barbara. O quarteto de Estocolmo, entre 2005/14, lançou 4 álbuns de estúdio e fez um sucesso muito grande com o hard/metal. Mesmo com o término em 2016, elas seguem sendo uma referência para muitos garotos e garotas que querem ter uma banda de hard.
A música que separei é do primeiro álbum (In distortion we trust) e chama I need a cowboy from hell. Uma paródia com o hit mais famoso do Pantera. Para alguns, mais polêmicos, soou até como deboche com os rapazes texanos.