Por: Leonardo Cantarelli e Guilherme Santos
Dando sequência ao especial sobre bandas undergrounds do rico e vasto thrash metal, apresentaremos agora outras seis que merecem o destaque do Portal do Inferno.
Aqui falaremos de grupos como o Slaughter, que por pouco tempo teve Chuck Schuldiner, fundador da banda Death (e considerado um dos criadores do estilo ‘Death Metal´), como guitarrista. Também abordaremos o Evil Dead, que retornou às atividades em 2018 e deverá vir com um novo álbum ainda este ano e uma menção honrosa ao Witchhammer, uma das pioneiras na cena mineira dos anos 80!
Confira:
Slaughter
Leonardo Cantarelli
O Slaughter ficou conhecido mais pelo fato de ter tido como membro Chuck Schuldiner, por um curto período, do que pelos sons que produziram. O trio formado por Dave Hewson (voz e guitarra), Terry Sadler (guitarra e voz) e Bobby Sadzak (bateria) lançou um único álbum: Strappado, em 1987. O álbum contém apenas 9 músicas e por volta de 23 minutos. Os canadenses apresentam um som bem cru, abafado, sem muitas melodias e solos e um vocal rasgado. Um Thrash que conta com algumas pitadas de punk .
Em 2004, os norte-americanos lançaram, mesmo que não estivessem em atividades, o Fuck of Death. Aproveitaram o período em que Chuck Schuldiner havia falecido (2001) e colocaram algumas gravações de 1986, quando ele ainda estava na banda. Ainda há os covers de Evil Dead e Legion of Doom (ambas do Death).
Embora o foco seja sempre nos álbuns lançados, o Slaughter gravou muitas demos e é sempre bom pesquisar e escutar o material deles de meado dos anos 80. Destaque para Surrender or Die (1985), que embora seja classificado como uma demo, possui 13 músicas! Muitas entraram posteriormente no Strappado.
Confira:
Evil Dead
Leonardo Cantarelli
O Evild Dead foi mais um grupo de thrash metal surgido nos anos 80 na Califórnia (região da Bay-Area).
Aproveitando a ‘onda thrash’ do momento, o quinteto de Los Angeles lançou em 1989, o Annihilation of Civilization. Um típico cd de thrash: riffs e solos de guitarras aos montes, acompanhados de uma ‘boa cozinha’ (bateria e baixo). O vocal de Phil Flores se destaca por ser mais harmonioso e menos agressivo que as demais bandas do estilo. Dois anos depois, houve o lançamento do álbum The Underworld. Além do já mencionado vocalista, completam o grupo: Juan Garcia e Albert González (guitarras), Karlos Medina (baixo) e Rob Alaniz (bateria).
Após o lançamento do único ao vivo: Live…from the Depths of the Underworld (1992), a banda encerrou as atividades.
Como curiosidade, os membros eram descendentes de latinos-americanos e visando explorar esse lado, Medina (agora também nos vocais) e Garcia se juntaram a Rigo Amezcua e Dan Flores e criaram outra banda, cujo nome era Terror. O álbum, Hijos de los cometas, lançado em 1997, é praticamente todo cantado em espanhol.
Em 2018, através de suas redes sociais, o Evil Dead anunciou sua volta às atividades e dizem que em 2020 virá um novo álbum.
Confira:
Xentrix
Leonardo Cantarelli
A Inglaterra é o berço do heavy metal. Quando falamos do Reino Unido, várias bandas vêm à tona.
Entretanto, se pensarmos na cena extrema, nos lembraremos de poucos grupos: Napalm Death, Benediction e Onslaught, por exemplo.
Porém, se pesquisarmos bem, encontraremos outras bandas com boa qualidade e uma delas é o Xentrix. Com riffs thrasheiros, baixo e bateria agressivos, o quarteto oriundo do noroeste inglês lançou entre 1989 e 1996, quatro álbuns. Shattered Existence (1989), For Whose Advantage? (1990), Kin (1992) e Scourge (1996). Os três primeiros contaram com Chris Athley no vocal, enquanto Simon Gordon gravou o último, antes do encerramento das atividades em 1996. Vale ressaltar que o Scourge já mudava um pouco a sonoridade dos britânicos, com alguns toques no que viria a ser o New Metal.
A formação básica contava com Kristian Havard (guitarra), Paul Mackenzie (baixo) e Dennis Gasser (bateria), além dos já mencionados vocalistas.
O retorno se deu em 2013 e em 2019 o quarteto, agora com Jay Walsh nos vocais, lançou Bury the pain. O som remete bem ao período old school da cena. Menção a Chris Shires no baixo, no lugar de Mackenzie.
Confira o clipe da canção que leva o nome do último álbum dos europeus:
Violent Force:
Guilherme Santos
Uma banda extremamente cult da cena alemã do início dos anos 80. Formada na cidade de Velbert em 1985, o Violent Force trazia uma sonoridade perfeita nos moldes do Thrash daquele período. Com uma grande influência do Speed Metal e do Hardcore Punk, essa mistura trouxe muita consistência na personalidade do Violent Force. O quarteto contava com Lemmie (Voz e Guitarra), Stachel (Guitarra), Atomic Steif (Bateria) e Wald (Baixo). O baterista Atomic Steif também tocou em outras bandas importantes da Alemanha, como o Assassin e o Living Death. No final de 85, os germanos lançam a sua primeira demo, intitulada “Dead City” que fez um grande sucesso no meio underground e rendeu vários shows com nomes consagrados como o Kreator, Sodom, Angel Dust e Deathrow.
Rapidamente o Violent Force ia ganhando forças dentro da cena do metal mundial e em 1987 eles assinam contrato com a Roadrunner (sim, eles novamente!) e é lançado o primeiro e único álbum da banda: “Malevolent Assault of Tomorrow”. Esse disco trouxe clássicos indispensáveis para qualquer fã do estilo. Dead City, M.A.O.T., The Night, Sign of Evil e Destructed Life são verdadeiros hinos do metal dos anos 80. O disco foi lançado aqui no Brasil pelo selo Eldorado dois anos após o lançamento oficial e foi muito bem recebido pelos bangers brasucas, porém, não teve uma aceitação positiva na Rock Brigade. Segundo a revista, a banda fazia um som extremamente genérico e tentava copiar o At War, porém, sem o brilhantismo do mesmo. Fato é que o disco se tornou uma raridade entre os colecionadores ao redor do mundo e o Brasil foi um dos poucos países em que esse álbum teve uma grande circulação e isso faz com que por aqui não seja tão difícil encontrá-lo. Em 1988, a banda entra em estúdio pra gravar seu segundo disco e no meio do caminho resolveram encerrar as atividades e esse álbum nunca foi lançado. Em 2010, houve uma reunião e fizeram alguns shows esporádicos na Alemanha.
Confira a música “Sign of Evil”:
Crumbsuckers
Guilherme Santos
O Crossover foi um dos estilos mais importantes na música extrema na década de 80. A união de punks, headbangers e skatistas foi vigente no mundo inteiro e tudo isso começou na cena nova iorquina a partir de 1983 com o lançamento do primeiro disco do Suicidal Tendencies, conhecido como marco inaugural do estilo. O Crumbsuckers começou no mesmo ano com a demo Crumbsuckers Cave e em poucos meses já participavam das matinês hardcore aos domingos no lendário ‘club` CBGB. No início de 1984, a banda lança sua segunda demo tape, trazendo o cruzamento da energia do punk com riffs, solos e potência do Thrash Metal americano. Rapidamente a banda se torna popular entre bangers americanos e isso chama a atenção da gravadora Combat. Em 1986 chega às lojas o disco Life of Dreams, que na minha modesta opinião é o melhor disco de crossover de todos os tempos. A sonoridade é única, perfeita pra sair pogando e bangueando feito louco. A formação do Crumbsuckers contava com Chris Notado (Vocais), Chuck Nelihan (Guitarras), Adam Phillips (Guitarras), Gary Meskit (Baixo) e Dan Richardson (Bateria). Life of Dreams contém clássicos como: Just Sit There, Trapped, Interlude e Bullshit Society. Dois anos depois a banda deixa o crossover de lado e lança o disco Beast On My Back, onde é mostrada uma sonoridade extremamente técnica com muito entrosamento. O som do disco é único e infelizmente não teve a repercussão do primeiro disco. “Breakout”, “Charge”, “I Am He” e “Rejuvenate” são verdadeiras obras-primas e precisam ser redescobertas. A banda acabou em 1989 e voltou pra apenas um show de reunião em 2015. Uma das mais legais e mais injustiçadas bandas do mundo. Viva o Crumbsuckers!!!!!
Confira a música “Rejuvenate” do álbum “Beast On My Back”:
Witchhammer:
Guilherme Santos
O cenário metal de Minas Gerais foi revolucionário em diversos aspectos. A Cogumelo Discos, o pioneirismo do Sarcófago e o sucesso mundial do Sepultura fez com que Belo Horizonte recebesse o nome de capital do metal no Brasil, como disse o Jairo Guedz (The Mist/Sepultura) no documentário Ruído das Minas. Em 1986 surge o Witchhammer, banda que trazia uma sonoridade bastante calcada no Thrash Metal tradicional feito de maneira bem trabalhada e ao mesmo tempo bem suja. A primeira aparição da banda em disco foi na clássica coletânea Warfare Noise II ao lado das bandas Megathrash, Aamonhammer e Mayhem. No mesmo ano sai “The First And Last”, primeiro álbum completo da banda. O disco é perfeito pra quem curte metal extremo, porém a polidez do som do Witchhammer só iria dois anos depois. “Mirror My Mirror” é um dos discos mais originais e subestimados da história do metal nacional. Gravado e lançado em 1990, o disco faz a mescla do Thrash Metal tradicional com o blues, hard rock e a música clássica. A participação da cantora Silvia Klein nas faixas “Liberty”, “A Party For The Sunrise” e “Last Song” dão o clima operístico no som pesado da banda. O Blues e o rock tradicional aparecem com força na grandiosa “Mad Inspiration” enquanto o estilo de consagração da banda se eterniza em músicas como “Mirror My Mirror”, “Underground Ways”, “From a Suicide Man To God” e “Hair”. O disco foi gravado no JG estúdios, tradicionalíssimo nas gravações de heavy metal da Cogumelo Records, é extremamente bem gravado e não fica devendo em relação aos lançamentos de fora. Dois anos depois, a banda lança o também excelente “Blood on The Rocks” e em seguida encerra as atividades. O Witchhammer contava com Casito (Baixo e Vocal), Paulo Henrique (Guitarra Base e Vocal), Leandro Miranda (Guitarra Solo) e Teddy (Bateria). A banda retornou em 2006 com o disco Ode To Death e permanece na ativa até hoje. Vida longa ao metal nacional!
Confira a música “Underground Ways” do álbum Mirror My Mirror lançado em 1990: