No último domingo, 1° de março, o clima ficou pesado e denso no Fabrique Club, em São Paulo, pois aconteceu a última de sete apresentações da banda belga Amenra em sua turnê pela América Latina.
O clima frio e chuvoso ajudou pra contribuir com a atmosfera que o público encontraria durante a noite, e a primeira banda a se apresentar e encarregada de esquentar os presentes foi a paulistana Basalt, que pratica um post-metal/sludge com letras em português. A banda, com cinco anos de estrada e que se prepara para lançar em breve seu segundo album, tocou algumas músicas novas entre outras do primeiro disco, “O Coração Negro da Terra” – com destaque para “Silêncio”, “Terra Morta” e “Circunspice”.
Já com a casa mais lotada, os também paulistanos do Labirinto subiram ao palco para executar o seu post-metal experimental, já bem conhecido e respeitado não só aqui como no exterior. O set-list baseou-se em canções do mais recente album, “Divino Afflante Spiritu”.
“Agnus Dei” teve a participação do vocalista Eric Paes (Obscvre Ser). Em “Lira ao Antifascismo” e “Vastidão”, Bruno Araújo (De Carne e Flor) se juntou a Eric. Daí em diante, só temas instrumentais, característica da banda, executadas magistralmente pelos tambores quase ritualísticos de Muriel Curi e Lucas Melo, as palhetadas graves de Hristos Eleutério e pelas seis cordas, ora atmosféricas, ora pesadas e distorcidas, de Erick Cruxen, Jones Pereira e Luis Naressi (também responsável pelos sintetizadores). A música-título do último album, uma das melhores da carreira da banda, fechou de forma explendida a apresentação.
Passando um pouco das 21h, chegou o momento do Amenra subir ao palco. Depois de shows no México, Argentina, Chile, e nas cidade do Rio de Janeiro e Belo Horizonte (também com Labirinto), o quinteto belga se preparava para sua última hora em palcos sulamericanos.
O som da banda é pesado, melancólico, agoniante, viajante, viciante, entre outros adjetivos. Sem exageros. E a sensação se intensifica pela produção simples de palco: sem nehuma luz sobre os músicos, com um telão projetando imagens bucólicas e obscuras em preto e branco, e com o vocalista Colin H. Van Eeckhout tocando o show praticamente de costas, virando-se pouquíssimas vezes para o público. Tudo isso para propiciar aos presentes uma experiência mais sensorial, voltada à música mesmo.
Temas como “A Solitary Reign”, a comemorada “Nowena” e “Diaken”, por exemplo, foram responsáveis por aquecer os ânimos dos fãs nessa noite gelada e cinzenta de domingo, que sairam satisfeitíssimos após uma hora e quinze de show.
O Amenra é formado por Colin H. Van Eeckhout (voz), Mathieu J. Vandekerckhove, Lennart Bossu (guitarras), Levy Seynaeve (baixo, backing vocals), Bjorn J. Lebon (bateria).