Confira, a seguir, uma entrevista exclusiva com o vocalista Mannevond e o guitarrista Kvas, da banda norueguesa Koldbrann. Durante a realização do Blastfest, em Bergen, Noruega, em fevereiro, os músicos conversaram com a repórter Fabiola Santini sobre o atual momento da banda, com mudança de line-up e contrato com uma nova gravadora; o cenário de festivais de heavy metal na Noruega; comentam sobre o mais recente álbum, Vertigo (2013) e revelam que já planejam um próximo disco.

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Versão em português

Portal do Inferno: Estamos em Bergen, Noruega, para a primeira edição do Blastfest. Como vocês se sentem sendo uma das bandas norueguesas confirmadas para fazer parte deste line-up maravilhoso?
Mannevond: Ficamos muito felizes quando nos pediram para tocar no Blastfest. Muitas das bandas já haviam sido anunciadas naquela época, o line-up estava tomando uma ótima forma. É uma honra fazer parte da noite de abertuda com bandas como Aura Noir e Shining.

P.I.: Aura Noir é um nome e tanto…
Kvass: É sempre legal vê-los!

P.I.: Sem dúvida! Eu também notei a grande reação do público quando o Koldbrann subiu ao palco.
Mannevond: Sim! Ficamos muito satisfeitos com a resposta imediata do público. Fomos muito bem recebidos!
Kvass: Foi um pouco agitado porque o nosso horário era bem apertado com tantas bandas tocando na noite de abertura. Mas, uma vez que subimos no palco, foi legal! A equipe do festival foi de grande utilidade e muito profissional em nos ajudar em casa aspecto. Foi uma boa experiência!

Koldbrann (2)
Koldbrann ao vivo no Blastfest (foto: Fabiola Santini)

P.I.: Vocês são de Oslo, a cidade de outro grande festival de metal, o Inferno (que acontecerá entre 16 e 19 de abril). Como vocês veem esses dois festivais tomando forma no futuro?
Mannevond: Eu acho muito bom que a cidade de Bergen está recebendo um grande festival novamente, já que o Hole in the Sky deixou de existir há alguns anos. O Beyond the Gates é um outro grande festival, mas tem um outro foco, com mais bandas underground. O Blastfest oferece um line-up mais diverso, o que faz dele único, mesmo que seja comparável ao Inferno – que já está aí há muitos anos e bem estabelecido. Eu espero ver mais edições do Blastfest no futuro, com certeza.

P.I.: Vocês estão na ativa há mais de uma década: como vocês definiriam sua jornada desde o Nekrotisk Inkvisition (2003) ao seu maravilhoso terceiro álbum, Vertigo, e o que vocês podem falar sobre o line-up atual? Eu notei que há muita energia na banda.
Mannevond: Eu sinto que não há dúvidas de que temos a melhor formação agora. Ontem, nosso show aqui no Blastfest foi um pouco especial porque nosso baterista, Folkedal, não pode tocar conosco, então, um amigo o substituiu. Renton, do Death, que já tocou comigo no Urgehal.

P.I.: Ah sim, eu o vi.
Mannevond: Ele se juntou a nos apenas para esse show, nós temos muita sorte.

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Koldbrann ao vivo no Blastfest (foto: Fabiola Santini)

P.I.: Definitivamente, ele é um grande baterista.
Mannevond: Sim, ele é. Sem ele, nós teríamos que cancelar o show e nós não queríamos fazer isso, mesmo. Folkedal voltará para a turnê europeia com o Endstille. Com essa formação, estamos mais fortes do que já estivemos antes.

P.I.: Ontem, vocês começaram o show com a intro de Vertigo, uma faixa incrível. Foi esse o objetivo que vocês deram, quando a escreveram, para ser a faixa de abertura dos shows?
Kvass: A intro foi composta pelo nosso antigo guitarrista, que ficou conosco por cinco anos. A faixa reflete totalmente os seus sentimentos naquela época em que ele a escreveu. O estilo tem mais a ver de onde ele veio, mais… hipnotizante e com… riffs mais pesados. Esse era o jeito dele tocar. Foi uma grande música para começar o álbum e eu acho que a tiramos de lá, sabe, para começar os shows.
Mannevond: Acho que naquele pouco tempo que tivemos para gravar o álbum, começamos a sentir que deveríamos tê-la como faixa de abertura e foi algo natural também abrir os shows com ela. Assim que começamos a ensaiar, sentímos que era uma música para ser tocada ao vivo.

P.I.: Vocês acham difícil tocar em um palco pequeno como esse no Garage?
Mannevond: É sempre melhor ter um espaço pequeno.

Koldbrann (4)
Koldbrann ao vivo no Blastfest (foto: Fabiola Santini)

P.I.: Acho que especialmente para você!
Mannevond: Sim, estávamos quase pisando uns nos outros (risos). No entanto, o melhor de tocar em lugares menores, como o Garage, é que você tem intimidade, é uma energia totalmente diferente, sabe, entre a banda e o público. É, definitivamente, uma outra atmosfera, comparado a um palco grande, o qual você tem mais espaço, mas perde um pouco dessa energia. Pessoalmente, eu prefiro shows como esse que acabamos de fazer aqui no Blastfest.

P.I.: Você também, Kvass?
Kvass: Sim, mas eu prefiro um pouco mais de espaço, para me mover mais. Mas nós tocamos em palcos pequenos tantas vezes, que já é natural para nós. No ano passado, nós tocamos no Hellfest e acho que aquele foi o maior palco em que já tocamos. Ele era até grande demais, mas foi uma experiência legal, com certeza.

P.I.: O CD Vertigo foi lançado há mais de um ano. Como vocês se sentem com ele agora? Foi o meu lançamento preferido de 2013.
Mannevond: Obrigado! Sem dúvida, eu estou muito feliz com a forma como ele soa, ele ainda se destaca e vai continuar se destacando por muito tempo. A única coisa que eu penso é que álbuns tendem a ter uma vida mais curta agora, comparado ao que era antes, tipo, cinco ou dez anos atrás. Há muitos lançamentos e é muito difícil ficar no topo com um novo álbum. Tentamos fazer discos que não serão esquecidos.

P.I.: É isso o que eu sinto sobre o Vertigo.
Mannevond: Obrigado. Trabalhamos muito para fazer o Vertigo se destacar o máximo possível e ficar acima da superfície, sabe?
Kvass: Colocamos muitas emoções pessoais nele. Me lembro muito bem como cada música foi criada, as letras, o ambiente na ocasião. Estávamos muito focados.

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Koldbrann ao vivo no Blastfest (foto: Fabiola Santini)

P.I.: Vocês também compõem enquanto estão na estrada ou precisam do seu próprio espaço, longe de tudo?
Kvass: Eu acho que, pelo menos falando por mim, trabalhamos melhor no isolamento, rodeados pela natureza e afastados por alguns dias, longe dos nossos compromissos diários. Acho que as melhores ideias surgem nesse contexto e quando você menos espera, você está com o clima certo. Eu acho sempre difícil escrever durante a turnê, não acho que escrevemos uma música sequer enquanto estávamos na estrada.
Mannevond: Não consigo imaginar a gente fazendo isso mesmo (risos)…
Kvass: Quando você está na estrada, fica pensando em toda a “logística”. Constantemente você lida com muitos detalhes, então você não está num estado criativo, o mundo fica um pouco diferente.

P.I.: Como vocês estão se preparando para a turnê com o Endstille?
Mannevond: Vamos manter a tradição do Koldbrann que é fazer o melhor possível. Nos dedicamos muito nos ensaios: os shows são aspectos importantes, é algo que levamos muito a sério.

P.I.: E quais são os planos para o Koldbrann depois que a turnê com o Endstille terminar?
Mannevond: Planejamos começar as composições para um novo álbum neste ano, vamos reservar algum tempo entre o verão e o outono.
Kvass: Já temos algumas ideias, vamos nos focar nelas um pouco mais e ver o que vai sair!
Mannevond: Houve um intervalo de sete anos entre o Vertigo e o disco anterior, Moribund (2006), embora tenhamos lançados alguns EPs nesse tempo. Sete anos foi muito entre dois discos, não queremos fazer isso de novo.
Kvass: Naquela época, não tínhamos uma gravadora, a Twilight tinha falido, então, levou algum tempo, com toda a papelada… agora, nós estamos com a Season of Mist e é diferente.
Mannevond: Parece que agora tudo está ajeitado para nós. Temos um grande line-up, a gravadora nos dá muito apoio, tudo está no lugar certo. Eu estou muito ansioso com o que está por vir.

English version

Portal do Inferno: We are in Bergen, Norway for the first ever edition of Blastfest. How do you feel being one of the Norwegian bands confirmed as part of this amazing line-up?
Mannevond: we were very happy that we have been asked to perform at Blastfest. A lot of the bands had already being announced at that time, the line up was shaping up really good. It’s an honour to be part of the opening night with bands such as Aura Noir and Shining.

P.I.: Aura Noir is such an establishment…
Kvass: it’s always cool to see them!

P.I.: Absolutely! I also noticed a great reaction from the audience when Koldbrann hit the stage.
Mannevond: yeah! We were very satisfied with the immediate response from the audience. We got a great welcome!
Kvass: it was a bit hectic because our schedule was very tight with so many bands in the bill of the opening night. But once we got on stage it was cool! The festival crew has been really helpful and very professional in handling every aspect. It was a good experience!

Koldbrann (2)
Koldbrann live at Blastfest (photo: Fabiola Santini)

P.I.: You are based in Oslo, the hometown of another rather relevant metal festival, Inferno (which will take place from 16 to 19 April, www.infernofestival.net). How do you perceive these two festivals shaping up in the future?
Mannevond: I think it’s very good that the city of Bergen is hosting a big festival once again since Hole in The Sky closed down few years ago. Beyond The Gates is another great festival but it has another focus, with more underground bands. Blastfest offers a more diverse line-up which makes it unique even if it’s quite comparable to Inferno which has been going on for so many years and it’s now well established. I hope to witness more editions of Blastfest in the future, that’s for sure.

P.I.: You have been active for a decade already: how would you define your journey from Nekrotisk Inkvisition (2003) to your stunning third album, Vertigo and what would you like to share about your current line-up? I noticed that there is a lot of energy within the band.
Mannevond: I feel that there is no doubt we have the best line-up now. Yesterday our show here at Blastfest was a bit special because our drummer (Folkedal) wasn’t able to join us so we had a friend of ours replacing him, Renton of Death who I used to play with in Urgehal.

P.I.: Oh yes, I noticed him.
Mannevond: he joined us for just this show, we were very lucky.

Koldbrann (1)
Koldbrann live at Blastfest (photo: Fabiola Santini)

P.I.: He is definitely a great drummer.
Mannevond: yes, he is. Without him joining we would have had to cancel the show and we really did not want to do that. Folkedal will join us for the forthcoming European tour with Endstille. With this line-up we are stronger than we have ever been before.

P.I.: Yesterday you started your set with the intro from Vertigo, an amazing track. Is that how you perceived it, when you wrote, as your next opening track of your live shows?
Kvass: the intro track was composed by our previous guitarist, who had been with us for five years. The track totally reflects his feelings at the time he wrote it. The style is more where he comes from, more…. mesmerizing and with….. doomy riffs. That’s his way of playing. It was such a great song to begin the album with and I think we took it from there you know, to have it at the beginning of the shows
Mannevond: I think that a little while into the recording of the album, we started to feel that we should have it as the opening track and it became natural to also opening with it live. As soon as we started rehearsing it, we felt it was a live song.

P.I.: Did you find it hard to perform in a small stage like the one here at the Garage?
Mannevond: it’s always better to have a little room.

Koldbrann (4)
Koldbrann live at Blastfest (photo: Fabiola Santini)

P.I.: I reckon particularly for you!
Mannevond: yeah, we were kind of stepping on top of each other (laughs!). The thing however about smaller venues like the Garage, is that you get the intimacy, it’s a whole other energy you know, between the band and the audience. There is definitely another atmosphere compared to a big stage where you have more space but you loose some of that energy. Personally, I prefer concerts like this one we just played here at Blastfest.

P.I.: You too?
Kvass: yeah, but I do prefer a little more room ideally, to move around but we have played in small stages many times, it feels very natural to us. Last year we played at Hellfest: I guess that is the biggest stage we have ever played on, ever. That was even a bit too big but it was definitely a very cool experience.

P.I.: Vertigo has been out for over a year, how do you feel about it now? It was my favourite release of 2013.
Mannevond: thank you! I am definitely very happy with the way it sounds, it still stands out and it will stand out for a long time. The only thing I am thinking is that albums tend to have a shorter life span now than they did, let’s say, five or ten years ago. There are so many releases so it’s very hard to stay on top with a new album. We try to make albums that won’t’ be forgotten.

P.I.: That’s what I feel about Vertigo.
Mannevond: thank you. We worked very hard to make Vertigo standing out as much as possible and to stay above the surface you know?
Kvass: we invested a lot of personal emotions into it. I can remember very well how every song was created, the lyrics, the environment at the time. We were very focused.

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Koldbrann live at Blastfest (photo: Fabiola Santini)

P.I.: Do you also write when you are on the road or do you need your own space, far from everything?
Kvass: I think that, at least I speak for myself, we work better in isolation, surrounded by nature and away for few days, off from our daily life commitments. I think that the best ideas come in this contest, and when you least expected actually… when you are in the right kind of mood. I think it’s always hard to write while on tour, I don’t think we have ever written a song while we were on the road.

Mannevond: I cannot really imagine we would do that either (laughs)…..
Kvass: when you are on the road you are in this “logistics” mode, you constantly have to think about lots of details, so you are not in a creative state of mind, it becomes a different kind of world.

P.I.: How are you preparing for the tour together with Endstille?
Mannevond: we will stick to the Koldbrann tradition, for us it’s very important to deliver as good as possible. We put a lot of work in rehearsals: concerts are important aspects for us, it’s something we take very seriously.

P.I.: And what are the plans for Koldbrann after the tour with Endstille ends?
Mannevond: we are planning to start writing a new album this year, we will set aside some time between the summer and the autumn.
Kvass: we already have some ideas, we will focus on them a bit more and see what comes out!
Mannevond. There was a seven year gap between Vertigo and our previous album Moribund (2006) although we did some EPs in-between. Seven years was too much between two full lengths, we do not want to do that again.
Kvass: we did not have a record label back then, Twilight went bankrupt so it took some time, with all the paperwork….Now we are with Season Of Mist and it’s different.
Mannevond: it feels that now everything is lined-up for us. We have a great line-up, the label is very supportive, everything is in the right place. I am very much looking forward to what will come next!