Se tiver uma banda no Brasil que, particularmente, eu acho icônica, é a Gangrena Gasosa. Desde quando conheci a banda, eu me divirto nos shows e sempre curti eles usarem o nosso Candomblé como pano para fazer suas músicas, então conversamos com Angelo Arede, o divertidíssimo vocalista da banda, dei boas risadas lendo a entrevista e espero que vocês também. Saiba o que está rolando com a Gangrena.

Angelo Arede, vocalista do Gangrena Gasosa

 1 – Falem um pouco do momento que a Gangrena Gasosa vem passando…

Angelo Arede: É o melhor momento da banda. Estamos em turnê do disco “Gente Ruim Só Manda Lembrança Pra Quem Não Presta” desde 2018 e tocamos em todas as regiões do Brasil levando diversão e maldade pra galera que entregou a alma pros demônios do Rock.

2 – “Gente Ruim Só Manda Lembrança Pra Quem Não Presta” é um puta título, contem como vocês chegaram nesse nome.

Angelo Arede: Ditados de coroa. Quem nunca ouviu conselhos dos mais velhos em forma de ditado que atire a primeira fralda geriátrica. É da mesma família do “quem dorme com morcego acorda de cabeça pra baixo”, “em rio que tem piranha jacaré nada de costas” e “quem deita com os porcos, farelo come”. Ditado de velho é foda e pode se ligar que contém altas verdades. Poderia ser qualquer um desses, mas “gente ruim só manda lembrança pra quem não presta” reflete melhor nosso momento atual.

3 – O processo de criação da banda funciona de que jeito?

Angelo Arede: Recebo tudo psicografado. Conheço pessoalmente o Exu Pacú, que só dá a planta do que fazer e pronto. Podia né? Mas não é não. Eu to sempre compondo ou imaginando percussão e guitarra em cima de tudo que ouço. Componho solo e proponho o arranjo no ensaio pra galera que pode modificar tudo ou não. As ideias de cordas que trago se transformam em coisas bem diferentes (pelas diferentes ‘escolas’) nas mãos de pedra do Minoru Murakami, o nosso Exu Caveira, que também deixa vários tesouros em forma de riff gravados aqui em casa pra eu ir me divertindo nos arranjos.

4 – O novo vocalista, Eder Santana, foi o escolhido para a posição de “Omulu”, vocês já conheciam o trabalho dele com alguma outra banda?

Angelo Arede: Eu lembrava da banda Diablerie onde ele foi vocalista até 2003 mas na ocasião dos testes eu nem sabia que ele foi da banda. Foi escolhido mesmo pelo talento foda que mostrou nos testes e pelo que levantamos com nossos detetives do além-mundo. A gente lá no mundo virtual bisolhando no Google e nas redes sociais.

5 – Eu vejo que essa formação da banda está bem sólida, tem algum segredo pra isso?

Angelo Arede: Rapaz, não é nada fácil. Veja que o Eder é o quinto vocalista com quem eu canto em 20 anos na Gangrena. Tem tudo pra ser o definitivo, já que nossa escolha considerou pela primeira vez um monte de critérios importantes que não foram considerados no passado.

Além dele tenho firmes comigo atualmente há 10 anos Minoru Murakami na guitarra e Gê na percussão. E há 5 anos o Diego Padilha no baixo. Infelizmente começo do ano Renzo se desligou tranquilamente da banda depois de uns 10 anos no total. Mas tudo deu incrivelmente certo em pouco tempo porque pro lugar dele chamamos Alex Porto, que tocava na clássica banda carioca Warfx. Maluco bom de onda e bicho brabo do underground que também toca pesado pra caramba. Pronta identificação. Metaleiro porradeiro que encontrou na Gangrena terreno fértil pra desfilar suas barbaridades. Chegou chegando.

6 – Vocês têm já algum plano pra um novo disco?

Angelo Arede: Vários. Mas se eu te conto como é que fica? Perde o tchananam do bagulho. O que posso dizer sem spoiler é que já estamos trabalhando nas composições. Paralelo às composições vamos lançar um podcast que em breve estará nas redes. Se liga que vai ser divertido.

7 – O show no Estúdio Showlivre foi incrível, nos conte como foi essa experiência.

Angelo Arede: Fazia um bom tempo que queríamos fazer o Showlivre. Com o lançamento do disco e a negociação da nossa amiga Carol Folha finalmente rolou. Tivemos menos de 3 meses pra ensaiar com o Alex Porto uma penca de músicas, não só pro programa mas para dois shows, um dia antes no Rio e na noite do mesmo dia da gravação em SP.


Valeu muito o corre. É um programa relevante pela história e pela qualidade.  Realmente foi incrível participar dele e o resultado vocês podem conferir aqui:

8 – Uma coisa que eu não posso deixar de lembrar foi o icônico show em um bar, no Centro do Rio de Janeiro, as filmagens e fotos ficaram insanas, vocês pretendem repetir a dose?

Angelo Arede: Foi no Bar do Nanam na primeira sexta-feira 13 de 2017. A rua ficou intransitável. Tocamos na calçada e nessa parte da rua não saía nem entrava ninguém. Não tinha nem como abrir roda, o moshpit era uma massa de gente tentando girar sem espaço nem pra abrir os braços. E a gente lá, no meio disso tudo, sem grade, sem palco, nada. Foi o show mais animal que já presenciei na vida por ter sido na rua, de graça, abarrotado de gente. Certamente repetiremos a dose.

Gangrega Gasosa ao vivo no Bar do Nanam. Foto por I Hate Flash

https://ihateflash.net/set/gangrena-gasosa-no-bar-do-nanam

 9 – Obrigado pelo tempo de vocês, por favor, deixa aí aquele recado maroto pros leitores do Portal do Inferno. Abraços.

Angelo Arede: Cuidem da sua cena roqueira local, da sua cidade, do seu estado.  Se não podem ir aos shows descolem o material oficial das bandas que você curte. Sem banda e sem cena não existe a música que você gosta. Simples assim. E a diferença não é mais como há uns anos atrás quando era muito mais barato ou acessível comprar no camelô ou na loja clandestina. Hoje tudo fica à distância de um clique. Compartilhem, curtam, divulguem, comentem elogiando ou não as bandas nacionais que criam as músicas que te movem. Que impactam a sua vida e trazem diversão apesar dessa penca de filho da puta tentando te botar pra baixo.

Vida longa ao Rock, vida longa ao Metal!
E se liga que camarão que dorme a onda leva, hein.