Com 20 anos de carreira, 3 discos lançados e muitos shows, o Imago Mortis está afastado do palco por 2 anos, mas hoje, a banda é anunciada para participar como convidada do show do Paradise Lost, no Rio de Janeiro, no dia 17 de outubro desse ano, a banda ressurge do seu limbo particular para esse evento, vamos falar com Alex Voorhees, vocalista da banda, sobre o futuro do Imago Mortis.
Alex, primeiro de tudo meu caro, parabéns, pois, abrir para uma banda como o Paradise Lost deve ser sensacional, nos fala a emoção?
Alex Voorhees: Muito obrigado! Sou um grande fã da banda, acompanho desde os anos 90, lembro da primeira vez que ouvi o “Gothic” e o impacto causado tipo “algo que nunca havia ouvido antes”, uma banda única em seu estilo e com canções grandiosas e impactantes, cheio de discos clássicos do gênero doom e gothic metal, com a sensibilidade inglesa. É a primeira vez que o Imago Mortis tem a oportunidade de tocar ao lado de um grande ícone do gênero do qual fazemos parte e esperamos estar à altura, pois sabemos da responsabilidade. Não é sempre que se toca ao lado da melhor banda do mundo em seu estilo.
Vamos falar primeiro, 20 anos de Imago Mortis, vocês tem uma estrada enorme cara, o que você poderia relatar de mais legal e também de profundamente decepcionante em todos esses anos?
Alex: A verdade é que nós somos velhos e cascudos, ser um ícone do metal brasileiro é nada mais do que isso, ser velho RS.
Brincadeiras à parte, o mais importante de tudo isso é que continuamos relevantes e o público, apesar de bastante pequeno, se renova e mantém o interesse pela banda. Tanto é que, ainda recebemos este tipo de convite, para um evento tão importante, mesmo com a banda parada.
O decepcionante é não ser uma banda tão grande quanto o Metallica, pois estaríamos com uma estrutura um pouco melhor RS.
Pra um show especial, poderemos esperar uma apresentação especial também, pode adiantar o que para seus fãs?
Alex: Não posso dizer nada sobre esse show especial, justamente por causa disso, entende? Vamos deixar para quem for ao espetáculo conferir. A pergunta Quer Doom??? será respondida .
Images From The Shady Gallery abriu o caminho para o Imago, o disco é sensacional, mas eu sempre curto destacar a versão incrível de vocês pra Chico Buarque, como vocês chegaram naquele resultado?
Alex: Segundo o que soube pelos antigos integrantes, o Imago Mortis deu uma nova roupagem à uma canção que há possuía um clima sombrio. Os arranjos em geral, principalmente o Cello e Guitarra deram uma atmosfera ainda mais lúgubre e eu, pessoalmente, prefiro a nossa versão que todas as outras milhares de versões, entre elas a própria do Chico, por motivos óbvios.
Vida The Play Of Change é, possivelmente, o disco que mais jogou o Imago Mortis pra cima, dentro do cenário Nacional, ele é incrivelmente variado, mas o que sempre me chamou muita atenção é o conceito por trás do Vida, você poderia nos falar sobre?
Alex: Acredito que além do conceito, uma série de variáveis contribuiu para o resultado. Uma banda madura e bem entrosada, clima de amigos/irmãos e muito, mas muito trabalho mesmo para atingir esse resultado. Diria que no mínimo dois anos intensamente produtivos sem falar da genialidade dos irmãos Fábio e Fabrício Lopes (atualmente na também genial Mensageiros do Vento). Tudo foi feito com o maior cuidado possível e é um trabalho cheio de detalhes e com uma riqueza harmônica, dramaticidade e sensibilidade artística poucas vezes ouvida dentro de um contexto do gênero Heavy Metal.
Ainda dentro do Vida, se tem uma música nele, que me arranca lágrimas, é a marcha fúnebre composta pro disco, Unchained Prometheus, você saberia lembrar exatamente, como foi o clima no estúdio ao gravarem essa bela canção?
Alex: Esta canção foi totalmente composta e interpretada pelo tecladista Alex Guimarães, outro gênio louco, como todo o bom Imago deve ser – e posso dizer que ele estava inspirado e soube captar perfeitamente a proposta para este tema, com a carga emocional que foi exigida por ser exatamente a passagem onde o personagem “eu”, da história, acaba por falecer. Quanto ao clima de estúdio, de uma maneira geral eu diria que gravar/produzir o CD “Vida” foi o oposto do que se percebe nas letras e músicas. Foi incrivelmente prazeroso e divertido fazer esse álbum!
Transcendental vem logo, mostrando mais uma vez que o Imago tem muita lenha pra queimar, com seu som bem diferenciado, mas de 1998 a 2002 são quatro anos, porque demorou tanto?
Alex: Após o lançamento do CD Vida, no ano de 2003, o planejado seria a banda excursionar pelo país. Isso foi de comum acordo entre banda e a gravadora Die Hard, que inclusive investiu bastante dinheiro na produção deste trabalho, que foi gravado e produzido em um estúdio caro, o Creative em São Paulo. Isso sem contar com a logística, pois a banda é do Rio de Janeiro.
Porém, no ano seguinte, os integrantes da formação original deixaram a banda que mais tarde foi assumida por mim e pelo baterista André Delacroix, a princípio para cumprir a turnê prometida tanto para a gravadora quanto para os fãs, que esperavam ouvir as canções deste CD ao vivo. Este CD havia obtido fortíssima repercussão dentro do cenário metal. Assim, você pode imaginar a expectativa, também nossa. Mas remontar uma banda como o Imago Mortis, com músicos eu diria – únicos – é complicado. Levamos um ano para conseguir uma formação à altura e conseguimos, enfim, entrosar os músicos e cobrir o país inteiro tocando por cerca de dois anos… Foram muitos shows! Com essa formação começamos a compor daí surgiu o conceito do Transcendental, claro, diferente do Vida e que também levou cerca de dois anos para ser concluído. Ou seja, o CD saiu em 2006.
Alex, o Imago ainda tem alguma coisa a ser lançada? Se sim, em quanto tempo vocês nos presenteiam com um disco novo?
Alex: Há um trabalho em andamento, não está pronto mas está em vias de ficar, após 10 anos do lançamento do álbum Transcendental. Já soltamos duas músicas, dois singles: LSD Theme e Black Widow. O que eu posso dizer é que estamos trabalhando em um álbum conceitual forte e intrigante e este novo álbum vai mostrar que o Imago Mortis ainda tem mesmo muita “lenha para queimar”, pelo menos artisticamente falando.
Grande, obrigado pela entrevista e pra finalizarmos, por favor, deixe um recado pra gente do Portal do Inferno por favor. Abraço.
Alex: Olha, se você por um acaso leu a entrevista até aqui, já tem de cara todo o meu respeito e admiração, portanto este abraço e recado vai para você. Obrigado por tudo, pelo apoio que você tem dado não só ao Imago Mortis mas às bandas independentes em geral. Eu sou grato! E muito obrigado ao Portal do Inferno, por continuar acreditando! Não vamos deixar a música e o metal morrer jamais! O Imago Mortis está com você nesta batalha. Quer doom???