O guitarrista Wael Daou, oriundo de Belém do Pará, desde 2013 vem me chamando atenção pra caramba, com uma técnica apuradíssima na guitarra ele lançou naquele ano o disco “Ancient Conquerors“, com músicas lindas, como “Xerxes“, mas esse ano o guitarrista nos surpreendeu lançando “Sand Crusader“, um disco que, acho que as minhas palavras não descreveriam tão bem, mas por conta disso, resolvi conversar com o Wael Daou, então, se liguem aí no bate papo com o Wael no nosso Portal do Inferno.
Wael, beleza? Vamos começar, quero saber um pouco de você, como foi a sua chegada no mundo da guitarra.
Wael Daou: Eu comecei a me interessar com 11 anos ouvindo METALLICA, pouco antes de ir morar no Líbano, chegando lá corri atrás de aulas e acabei sendo introduzido no mundo da guitarra! O curioso que, eu inocente, achava que era violão o som que eu ouvia nas músicas! kkkk
Wael, queria saber quais são os principais temas em suas composições e de onde você tira a inspiração o pra tal?
WD: Eu cresci ouvindo duas coisas bem diferentes, musica árabe e death metal! Na musica árabe existe muita sobreposição de melodias deixando o ritmo mais para instrumentos percussivos, e isso me influenciou imensamente na criação de riffs e melodias, meus riffs são temas melódicos e pesados por conta disso.
Antes de começar a sua carreira “solo” você passou por alguma banda? Quais?
WD: Toquei poucos meses com a banda MADAME SAATAN aqui de Belém, logo na minha volta ao Brasil aos 17 anos, depois montei a banda de prog metal chamada ALMA COG, com o termino da banda acabei desistindo da musica por 4 anos e acabei voltando em 2013 e compondo o EP “Ancient Conquerors“.
Quem mais influenciou você em composições e ritmos?
WD: Jason Becker e a banda DEATH! Era tudo que eu escutava de metal na minha adolescência, principalmente pelo fato de que na minha estadia no Líbano o metal era proibido na época! Íamos aos portos negociar fitas com tripulantes de navios cargueiros de outros países! Kk
Em Sand Crusader, temos uma banda, diga-se de passagem, muito competente te acompanhando, como você chegou neles?
WD: O único integrante que participou o CD todo foi o baterista chamado Emmanuel Penna, instrumentista muitíssimo competente e amigo meu de longas datas, nos baixos e vocais foram vários amigos convidados da cena de Belém! Fiz questão de convidar pessoas da terra, pra mostrar que aqui também se faz metal de qualidade e inspirar outros músicos locais. Hoje conto com a banda SAND CRUSADER formada pelos excelentes músicos que tenho a honra de estar ao lado: Edu Lobo (vocal), Tiago Belém (batera) e Gleyson Sousa (baixo).
A gravação do seu disco é excelente, nos fale sobre o processo de gravação do disco e do caminho tomado.
WD: O processo é bem minucioso e trabalhoso, primeiro eu compus o esqueleto das musicas com base nos riffs, depois os escrevi e montei o mapa de compassos e bpms, após isso comecei a compor toda a linha de orquestras e fui escolhendo quais instrumentos iriam tocar cada melodia, ai no final montei os arranjos melódicos de guitarras e escrevi as letras! Após este processo foi feito uma pré produção onde gravamos “de primeira” uma linha das musicas pra termos uma noção do corpo e rumo que tudo ia levar, só no final entramos de cabeça no estúdio. Tive a ajuda de Marcos Saraiva neste processo do estúdio Legacy Studio a quem sou muito grato.
Sand Crusader é um disco moderno e muito pesado, você ouviu alguma coisa que funcionou como a “chave mestra” pro nascimento desse disco ou foi a junção de vários elementos mesmo?
WD: Foi a junção de querer elaborar algo que fosse a minha cara, eu sempre quis soar melódico e pesado, sempre quis passar raiva e ternura, e acho que esse disco marca o inicio dessa minha jornada. Costumo dizer que um artista é feito de suas vivencias, experiências, leituras, e sentimentos, muito mais que o que ele escuta!
Podemos contar com uma tour nacional do Wael ainda esse ano ou teremos que esperar ainda mais um pouco?
WD: Estamos planejando tudo para o ano que vem, teremos inicio do ano o lançamento oficial do CD e pretendemos gravar um DVD ao vivo neste dia, após isso tenho tentado contato com produtores ao redor do Brasil, ate agora estou na luta pra fechar datas e divulgar o CD.
Saindo um pouco do ponto comum da música, queria que você me falasse sobre como você está vendo a atual situação de nosso país, você vê alguma luz no fim do túnel?
WD: Eu parto do principio que somos cidadãos do mundo! Hoje faço musica pra inspirar pessoas sendo elas libanesas, brasileiras, japonesas ou russas, são 7 bilhões de pessoas no mundo que eu quero que escutem meu CD. No Brasil e no mundo a reclamação é a mesma, no Libano as pessoas falam “Você ta no Brasil, la é mais fácil”, aqui as pessoas falam “se eu tivesse na Europa era diferente” e na Europa o povo diz “o mercado de verdade é nos USA” ou seja, a grama do vizinho é sempre mais verde!
Obrigado pela atenção e deixe um recado final aos leitores do Portal do Inferno grande, abraço.
WD: Eu peço aos leitores que acompanhem mais as paginas como a do PORTAL DO INFERNO, e se interessem mais pelos materiais de bandas que ainda não estão em evidencia. Para os leitores estarem lendo essa entrevista hoje precisou-se de muito mas muito suor dos redatores, músicos e outras pessoas envolvidas ! Um grande abraço!