Faz pouco mais de dois anos que o Amorphis esteve no Brasil pela primeira vez. Na ocasião, fizeram o show de abertura para os conterrâneos do Children of Bodom e agradaram a plateia tanto quanto a atração principal. Agora a banda se prepara para voltar ao Brasil, em única apresentação no Carioca Club, em 5 de fevereiro e, dessa vez, como a estrela da noite. Por e-mail, o baixista Niclas Etelävuori conversou com o Portal do Inferno sobre diversos aspectos da carreira da banda, suas fortes influências nas tradições finlandesas e sobre o novo álbum, The Beginning of Times, lançado em maio do ano passado. Confiram!

Niclas Etelävuori

Portal do Inferno: Sabemos que é uma questão de agenciamento, mas tem algum país em que o Amorphis ainda não tocou e que vocês gostariam de levar o show da banda?
Niclas Etelävuori: Nós nunca tocamos na Austrália e na nova Zelândia. Espero que possamos visitar esses países algum dia, mas existem muitos outros em que nunca estivemos.

P.I.: Na sua opinião, qual foi a turnê mais marcante da carreira da banda?
Niclas: No momento, estamos em turnê pela Europa e eu acho que essa é a melhor, até agora. Tocamos muito pela Europa e agora parece que conseguimos um certo impacto.

P.I.: O Amorphis excursiona frequentemente pela Europa e lá o setlist dos shows sempre são mais baseados nos novos trabalhos. O que podemos esperar para o setlist do show no Brasil?
Niclas: Nesse sentido, eu ainda não sei como será o setlist brasileiro. Provavelmente a gente vai tentar preparar alguns números especiais.

P.I.: Como é conciliar o trabalho do Amorphis com a vida familiar? Vocês já levaram seus filhos e esposas em alguma turnê?
Niclas: Até agora todas as crianças ficam em casa, mas de vez em quando eles vão a algum festival próximo. Todos cresceram vendo os pais na estrada o tempo todo, então, acho que eles estão acostumados com isso.

P.I.: Vocês fizeram um show na noite de Ano novo, na Suíça. Como foi tocar nessa data? Teve alguma comemoração especial com a plateia?
Niclas: Nós tocamos um pouco antes da virada do ano. Depois disso, teve uma comemoração com bebidas e fogos de artifício. Foi diferente e interessante, porque geralmente tocamos na virada do ano na Finlândia.

Amorphis

P.I.: Certa vez, em uma entrevista, vocês declararam que as mudanças musicais da banda aconteciam por causa das constantes mudanças na formação. Hoje vocês pretendem manter essa fórmula que estão seguindo ou a fusão de ritmos e estilos vai continuar?
Niclas: Nos últimos anos se estabilizou mais. Estamos abertos a novas influências, mas nós queremos soar sempre como Amorphis. Acredito que conseguimos criar um som que é a nossa identidade, que as pessoas reconhecem, e queremos mantê-lo assim.

P.I.: Quem é a vocalista que participa do novo álbum, The Beginning of Times? Como vocês escolheram trabalhar com ela?
Niclas: Ela se chama Netta Dahlberg. Nós a conhecemos no estúdio, enquanto ela fazia algum outro trabalho. Um dia, ela fez um teste com as nossas músicas e o resultado foi incrível.

P.I.: Em 2010, vocês reuniram alguns ex-integrantes do Amorphis para a turnê do Magic & Mayhem. Como foi dividir o palco com eles?
Niclas: Foi bem divertido, principalmente porque os caras não podiam fazer todos os shows marcados. Então, conseguimos algumas formações que não existiam antes com os membros antigos.

P.I.: Vocês tiveram um pequeno incidente com o Pasi Koskinen (ex-vocalista), na Alemanha. O que aconteceu de fato? Isso prejudicou a banda de alguma forma?
Niclas: Eu acho que ele causa mais problemas para ele mesmo do que para nós. Mesmo que algumas ações tenham colocado a banda em situações negativas, não tivemos danos reais. Acho que as pessoas são inteligentes o bastante para entender que o que o ex-vocalista faz na sua vida pessoa não tem relação alguma com a banda.

P.I.: Magic & Mayhem é uma compilação de músicas antigas do Amorphis, gravadas com os membros atuais. Quando uma banda propõe um relançamento, frequentemente há o pensamento de mudar um arranjo, melhorar algum aspecto da música. As canções sofreram alguma modificação?
Niclas: Nós tocamos da mesma forma que fazemos ao vivo, e já fizemos isso tantas vezes que não tivemos nenhum estresse. De uma forma geral, o som está mais atualizado e tudo foi gravado em apenas uma sessão. Então acho que as músicas dessa compilação soam da mesma forma que as originais.

Amorphis

P.I.: Um dos temas mais abordados nos trabalhos do Amorphis é a epopeia Kalevala e The Beginning of Times segue essa linha também. Em que medida essa epopeia é importante para a inspiração da banda?
Niclas: Até agora ela inspirou a maioria dos álbuns. Não é um fato que rege nossas vidas, mas as estórias se encaixam bem com a nossa música. São estórias básicas e acho que são atemporais, de certa forma.

P.I.: The Beginning of Times está mais trabalhado, possui mais elementos progressivos que o Skyfoger, por exemplo. Essa característica pode ser justificada pelo fato de a banda ter trabalhado por mais tempo na produção do álbum?
Niclas: Ele simplesmente aconteceu dessa forma. Se você toca uma coisa simples por muito tempo, ela acabará mais complicada algum dia. O que fizemos foi tentar trazer autenticidade a alguns aspectos das músicas. Já trabalhávamos com alguns elementos progressivos, mas eles estão mascarados no metal.

P.I.: A arte da capa de The Beginninng of Times também é algo que chama bastante a atenção. O que ela representa? Tem alguma conexão com a Kalevala?
Niclas: Sim, representa exatamente o início dos tempos. Das peças do ovo quebrado o mundo surgiu. O ovo na capa está inteiro, uma única pela, então é o que antecedeu o início dos tempos.

P.I.: Muito obrigado pela entrevista! O espaço é seu para deixar um recado para os fãs.
Niclas: Saudações! Esperamos vê-los em São Paulo, teremos momentos inesquecíveis juntos.

Escrito por

Redação

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