Por: (Arte Metal)
O AEON PRIME desfrutou de uma ótima recepção de seu debut “Future Into Dust”, lançado em 2015. Mas, como repercussão de disco não é tudo no underground, a banda sofreu com os problemas mais comuns, sendo o principal deles a troca de integrantes. Hoje, Michel de Lima (vocal), Yuri Simões e Felipe Mozini (guitarras) contam com Emerson Gomes (baixo) e Luccas Coutinho (bateria) no line-up, e tentarão fazer que o AEON PRIME mantenha essa característica de qualidade entre o Metal e o Hard Rock. Com a palavra, o guitarrista Yuri.
Vamos lá, foram se dois anos do lançamento de “Future Into Dust” (2015). Como a banda vê o álbum hoje em dia?
Yuri Simões: Foi um ótimo pontapé inicial na carreira, melhor até do que poderíamos esperar. Sempre há aquela sensação de que algo poderia ter sido melhor composto ou executado, mas, no geral, estamos bastante satisfeitos e orgulhosos do trabalho. Gostamos das composições em si. Nossa ideia sempre foi escrever algo que se destacasse pela qualidade, fugindo um pouco dos rótulos e mesclando influências variadas, mas ao mesmo tempo sem forçar a barra e deixando as coisas fluírem naturalmente, e eu acho que isso está bem impresso no álbum.
Vocês optaram recentemente por disponibilizar o debut nas plataformas digitais do mundo todo. Como foi a repercussão tanto do material físico e como ele está sendo apreciado também digitalmente? Alguns países em especial apreciaram mais o trabalho?
Yuri: Na verdade, foi o oposto. O primeiro meio a receber o nosso trabalho foi o digital, e a decisão de fazer uma prensagem física veio depois. Sendo bem honesto, eu não sei dizer se já conseguimos tantos “mercados” quanto poderíamos para um álbum de estreia, mas, considerando o que nos foi possível, a recepção tem sido ótima, assim como a qualidade das críticas, mais importante que a quantidade. Não notamos nenhuma região específica que tenha apreciado mais o álbum, embora tenhamos obtido certo “feedback” internacional e isso por si só já é excelente.
O disco figurou inclusive entre várias listas de melhores do ano quando foi lançado. Vocês esperavam por isso?
Yuri: Ficamos ao mesmo tempo surpresos e felizes, porque as listas, ainda que totalmente relativas, meio que validam o nosso esforço. E, por mais que mantenhamos sempre a humildade, nós sempre acreditamos no nosso potencial, e isso vem meio que como uma confirmação.
Aliás, por que depois de um tempo vocês decidiram disponibilizar o trabalho no formato digital?
Yuri: Foi o contrário, na verdade. As plataformas digitais foram a primeira escolha óbvia, talvez uma questão meio geracional. A validade de prensar fisicamente o álbum depois foi inclusive uma dúvida nossa.
Falando em plataformas digitais, elas nem representam mais o futuro da música, afinal, já são uma realidade. Inclusive se tornando um grande tema de debate dentro da música. Qual a opinião de vocês sobre elas e com vocês vêem o futuro disso? Ainda acham importante o material físico e, também, qual a opinião de vocês em relação aos CD’s, LP’s e afins?
Yuri: Não há na banda uma opinião fechada sobre isso e só posso dar minha opinião pessoal. Trata-se de um assunto polêmico que ainda não encontrou resposta definitiva. Por um lado, a Internet e posteriormente as plataformas digitais democratizaram um pouco o acesso do público a uma infinidade de artistas; por outro, justamente esse grande número de novos artistas acessíveis acaba diluindo o espaço e a atenção das pessoas, de modo que o resultado é que pouca gente nova faz muito sucesso. Estamos ainda num momento transitório, a meu ver, tudo ainda parece muito incerto e temporário nessa área, e eu não sei qual é a sustentabilidade desse “modelo de negócios”, ainda mais levando em conta as mudanças nas formas de entretenimento das pessoas, numa época em que tudo passa a ser mais individualizado (em oposição a um show, que é uma atividade coletiva). Eu imagino que não é um bom momento para os artistas novos que tirem a renda do próprio trabalho autoral e essa situação tende a ser pior dentro do Heavy Metal, que é um nicho específico, e no Heavy Metal brasileiro, outro nicho mais específico ainda. Quanto aos formatos físicos, nós da banda, enquanto indivíduos, meio que pegamos uma fase de transição do físico para o digital, de modo que não desenvolvemos muito a cultura de colecionar muitos CDs; no entanto, eu vejo a importância do físico a cada novo fã que nos pede material ou a cada disco vendido junto ao merchandising nos shows. É um costume que se manteve firme entre os fãs mais ‘oldschool’ ao longo dos anos e parece que vem se renovando, inclusive na forma dos vinis. Acho difícil que volte a ser a principal mídia de consumo de música, mas acredito que está voltando a ter mais relevância e acho ótima essa pluralidade de meios.
Voltando ao AEON PRIME, vocês sofreram algumas mudanças na formação. Na ocasião entraram Emerson Gomes (baixo) e Luccas S. Coutinho (bateria). O que aconteceu e como chegaram até os novos integrantes? Aliás, como está o trabalho com os mesmos?
Yuri: Problemas de formação sempre foram até aqui o principal empecilho ao sucesso da banda. Causam inúmeras mudanças de planejamento, desânimo, suspensão das atividades, falta de shows, entre outras coisas. Do início da gravação do álbum até aqui, 5 pessoas passaram pelos postos de baixista e baterista, tirando os de agora. No último caso, tivemos divergências com o baterista e, não muito tempo depois, o baixista decidiu ingressar numa experiência no exterior, e foi assim que trocamos de baixista e baterista num curto espaço de tempo. O Emerson é um cara extremamente gente fina que nos ajudou muito num momento bem delicado. Já o Luccas havia tocado por um período curto com a gente anteriormente, de modo que convidá-lo para assumir de novo as baquetas foi uma decisão bem natural e muito bem-vinda. Eu acredito que estamos na nossa melhor fase e o espírito geral da banda nunca esteve melhor.
Com certeza a banda já está trabalhando em um novo material. O que vocês podem no adiantar a respeito? A sonoridade do disco manterá as características do debut?
Yuri: Na verdade, ainda não formalmente. Temos muitas ideias boas guardadas, e a nossa vibe nos ensaios tem sido um forte indicador de que o próximo trabalho será inspirado, mas ainda não iniciamos esse processo de composição, digamos assim. Por enquanto, estamos tentando tirar o atraso de shows que a incerteza na formação nos causou nos últimos meses. Mas uma coisa eu posso dizer: essa nossa característica de agregar diversas influências num som coeso estará presente e até em maiores níveis no próximo trabalho.
Compor e gravar o trabalho ficou mais árduo pelo fato do debut ter sido muito bem recebido?
Yuri: O segundo álbum de uma banda é sempre um desafio, seja porque ela tem que comprovar a qualidade demonstrada no primeiro, ou porque quer tomar um novo direcionamento. Como eu falei acima, a gente ainda iniciou esse processo, de modo que não fizemos o ‘balanço-geral’, por assim dizer, que é o que nos guiaria para um novo trabalho. No entanto, as próprias críticas positivas e negativas que recebemos em relação ao “Future Into Dust” meio que nos orientam para o que estamos fazendo certo. Trabalharemos para superar em muito essas expectativas, sem dúvida, e fico muito contente que se tenham criado expectativas, o que já significa que estamos no caminho.
Aliás, mudou alguma coisa na forma de compor por se tratar de uma nova cozinha, enfim, de uma nova formação?
Yuri: Ainda não começamos a compor formalmente, mas tenho certeza que mudará em algo. Emerson e Luccas são excelentes músicos e a contribuição deles para nossa arte será notória, tenho certeza.
Por fim, quais os planos da banda pra esse resto de 2017?
Yuri: O plano é continuar fazendo shows em promoção ao debut e divulgar o nosso som o máximo possível, inclusive dando uma repaginada nas redes sociais, com novo visual, novos conteúdos e tudo o mais. Um ótimo material que está para sair, aliás, é o primeiro clipe oficial da banda, produzido recentemente (lembrando que já contamos com um ‘lyric video’).
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