Uma banda formada por músicos jovens, com seus vinte e poucos anos, mas que já tem muita experiência. Assim é o In Solitude, banda de heavy metal da Suécia, que lançou o seu terceiro álbum de estúdio, Sister, em 2013 e se prepara para sair em turnê pela Europa com o Behemoth, a partir de fevereiro.
Em entrevista ao Portal do Inferno concedida com exclusividade à repórter Fabiola Santini, o vocalista Pelle Åhman comenta sobre como foi crescer junto com a banda – o primeiro álbum foi lançado quando ele tinha apenas 16 anos! O músico também fala sobre o processo de composição de Sister, as inpirações e participações especiais, além de relembrar a bem-sucedida turnê que fizeram no ano passado com Watain, The Devil’s Blood e Behemoth.
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Portal do Inferno: Seu terceiro álbum, Sister, que saiu em outubro, é um dos lançamentos mais notáveis de 2013, na minha opinião. Há muita singularidade nele que deve ter sido bem atraente para alcançar para uma banda tão jovem como o In Solitude.
Pelle: Sim, mas estamos na estrada há um tempo já, essa é uma coisa que percebemos com o terceiro álbum: não somos mais uma banda nova.
P.I.: Vamos começar falando sobre detalhadamente sobre o Sister. É o successor perfeito de outro álbum bem-sucedido do In Solitude, The World, The Flesh, The Devil (2011). Um dos mais recentes comentários que você fez foi que o processo de concepção do Sister foi “maravilhoso, esmagador e totalmente devastador”.
Pelle: Acho que todos na banda se sentiram receptivos com a nossa força criativa durante o período muito introspective que tivemos no longo inverno que precedeu a gravação do Sister. O que eu quis dizer ao definir como “totalmente devastador” é um conceito positivo: tivemos tempos difíceis, mas a parte devastadora se refere a algo interior que precisava ser destruído a fim de termos algo para trabalhar. Pelo menos foi o que significou para mim. As mudanças podem ser dolorosas mas podem levar a coisas bem maiores.
P.I.: Como líder da banda, você também passou por mudanças pessoais durante o processo de concepção de um álbum tão intenso?
Pelle: Não que eu tivesse que passar por mudanças, mas passei. Eu tinha 16 anos quando nosso primeiro álbum, In Solitude, foi lançado em 2008. Agora tenho 21. Muitas coisas aconteceram nos últimos cinco anos, eu cresci dentro dessa banda. E acho que isso aconteceu com todos: temos quase a mesma idade, menos o Henrik (Palmer, guitarrista), que é um pouco mais velho. Acho que você pode perceber esse crescimento claramente na nossa discografia, você vê os anos passando. Eu realmente não quero mais tocar ao vivo as músicas do primeiro álbum porque eu sou uma pessoa diferente agora, sabe? As coisas seguem, quando eu tiver 30 anos, tudo vai ser bem diferente, eu serei uma pessoa diferente do que sou agora. Eu acho muito importante seguir e abraçar as mudanças que acontecem na vida. Você não pode evitar que isso aconteça.
P.I.: Sister começa com uma intro acústica de He Comes, muito cativante, que gera um sentimento muito intenso de trilha sonora, na minha opinião.
Pelle: As linhas de violão dessa intro foram escritas por Gottfrid (Åhman, baixo) em uma cabana no Norte da Suécia onde é escuro basicamente o ano inteiro. Não há computadores e televisões lá, então você precisa encontrar outras formas de seguir com a vida. Quando ele me mandou a demo dessa faixa, eu disse: “isso precisa estar no novo álbum!” E, eventualmente, gravamos de novo, ao vivo, comigo no piano, mas exatamente da forma que ele gravou. Ela soa um pouco antiga e tem um sentimento meio sombrio.
P.I.: Essa é uma ótima forma de começar um álbum e eu estava muito ansiosa para ouvir.
Pelle: Sim, pois não é algo que você esperaria, absolutamente.
P.I.: Você tem muita definição em seus vocais: Death Knows Where e a faixa-título são dois grandes exemplos disso. Death Knows Where tem uma pegada muito forte e oculta. Do que se trata essa música?
Pelle: Obrigado. Muitas bandas vêm do mesmo lugar, tentando definir a mesma coisa. A música é sobre acreditar, basicamente, que você vai morrer; é sobre como esse tipo de pensamento pode levar a uma crença e onde eles podem te levar como pessoa.
P.I.: Você é o único compositor ou as músicas do In Solitude são o resultado de um trabalho em equipe?
Pelle: Geralmente sim, mas se qualquer cara da banda vier com uma ideia ou uma estrutura básica para uma música, ela pode ser trabalhada. Todas as músicas são finalizadas quando nos juntamos na mesma sala. No passado, entraríamos no estúdio com as músicas totalmente finalizadas. Ultimamente tivemos muitas coisas que finalizamos no último mês de gravação. Por essa razão o álbum ficou tão passional, com aqueles “primeiros takes” mostrando como as músicas realmente são. Algumas das faixas foram tocadas pela primeira vez no estúdio.
P.I.: Tenho a impressão de que você pode ter algum material adicional pronto para o próximo álbum?
Pelle: (risos) Ugh… Não! Estamos bem exaustos no momento, mas não ficaria surpreso se começarmos a escrever algo novo durante a turnê. Foram nessas horas que alguns dos nossos riffs surgiram. Por exemplo, o riff que abre Pale Hands foi escrito em um estacionamento em Portland, no Oregon, enquanto bebíamos cerveja com o The Devil’s Blood e o Watain. Então, não dá para saber, na próxima turnê pode ser que a gente escreva alguma coisa que pode entrar no novo álbum. De qualquer forma, a ideia de um novo disco parece estranha para mim no momento.
P.I.: O Sister, definitivamente, vai manter seus fãs satisfeitos por um tempo.
Pelle: Espero que sim.
P.I.: Vocês lançaram a música Lavender como single. Por que essa música?
Pelle: A letra tem a ver com algumas experiências que tive em uma praia no Norte da Suécia, no ultimo verão. Naquele lugar há muitas lavandas e isso ficou marcado de uma forma estranha e as associei com as coisas que aconteceram em uma noite em particular. Lavanda é também uma palavra muito sugestiva e evocativa, assim como algumas outras palavras que usei no álbum. Palavras que as pessoas podem fazer fortes associações. Se você tem uma irmã, por exemplo, provavelmente irá relacionar o título com algumas coisas da sua vida pessoal.
P.I.: Eu tenho e concordo, também com o fator evocativo que você mencionou. Você contou com duas participações especiais em Sister: Pelle (Forsberg, guitarra) do Watain e Jarboe (vocalista) do Swans.
Pelle: Havia algumas partes de guitarra em Horses in the Ground, um riff em especial, que sabíamos que Pelle tocaria muito bem. Ele é um ótimo guitarrista e tem uma personalidade implacável.
P.I.: “Implacável” é a palavra certa para defini-lo…
Pelle: … então achamos que ele se encaixaria perfeitamente. Na época em que estávamos gravando o álbum, encontramos com o Watain várias vezes, então, foi tudo muito natural. E também com Jarboe, queríamos uma voz feminina e pensamos que ela seria perfeita para as linhas conclusivas da música. Ela tem uma voz poderosa e uma personalidade muito fascinante.
P.I.: Vocês devem estar muito empolgados agora que estão em turnê com o Watain pelos Estados Unidos novamente. No ano passado, entrevistei o Erik (Danielsson, vocalista do Watain), no Oregon, e ele falou muito bem da turnê norte-americana que havia acabado com o Behemoth, In Solitude e The Devil’s Blood.
Pelle: Eu lembro que em uma das últimas noites da turnê, eu estava conversando com o Watain e com o The Devil’s Blood e disse “mesmo que essa turnê acabe, ela vai durar para sempre”. E acho que é isso o que está acontecendo agora, infelizmente sem o The Devil’s Blood, já que eles encerraram as atividades. Os Estados Unidos são um país lindo e extremamente fascinante e sair em turnê com grandes companhias dos nossos amigos mais próximos é uma boa receita para muitas coisas boas.
P.I.: Estou ansiosa para ver o In Solitude no Eindhoven Metal Meeting. Também fiquei feliz em ver que vocês foram confirmados como uma das bandas que abrirão os shows da turnê do Behemoth, que começa em fevereiro. Muito obrigada pela entrevista, Pelle, foi muito legal falar com você.
Pelle: Obrigado. Foi um prazer falar com você também.
Portal do Inferno: Your third album Sister which was released last October is in my opinion, one of the most prominent releases of 2013. There is so much uniqueness in it which must be compelling to achieve for such a young band like In Solitude.
Pelle Åhman: Yeah but we have been around for a while now, that’s one of the thing we realized with our third album, we are not a new band anymore.
P.I.: Let’s start by talking about Sister in detail. It’s the perfect follow up to another successful In Solitude album, The World, The Flesh, The Devil, which was released in 2011. One of the most recent comments you made was that the making of Sister was “wonderful, overwhelming and utterly devastating”.
Pelle: I think that everybody in the band felt very receptive to our creative force during the very introspective period we had in the long winter that preceded the making of Sister. What I meant by defining the making “utterly devastating” is a positive concept: there were hard times but the devastating part refers to something inside that needed to be destroyed in order to have something else to work on. At least this is what it meant to me. Changes can be hurtful but can lead to greater things.
P.I.: Being the frontman of the band, did you also go through personal changes during the making of such an intense album?
Pelle: It’s not that I had to, I did. I was sixteen years old when our first album, In Solitude was released (in 2008). Now I am twenty one. A lot of things happened during the last five years, I grew up within this band. And I think it happens to everybody else: we are almost the same age, a part from Henrik (Palm, guitarist) who is a little older. I think you can notice this growth quite clearly in our discography, you can see those years passing. I really do not want to play songs from the first album live anymore because I am a different person now you know? These things go on, when I am thirty things are going to be pretty different, I will be a different person than I am now. I think it’s very important to follow and embrace the changes that happen in your life. You cannot stop that from happening.
P.I.: Sister starts with the very captivating acoustic intro of He Comes which in my opinion generates a very intense soundtrack feeling.
Pelle: The guitar structure of that intro was written by Gottfrid (Åhman, bass) in a cabin up north in Sweden where it’s basically dark all year long. There are no computers and no televisions up there, so you have to find other ways to get along with life. When he sent me the demo for this track, I just said: “this has to be in the new album!” And eventually we re-recorded again, live, exactly like he recorded it with me playing the piano. It sounds sort of dusty and has the feeling of furniture cracking.
P.I.: That is a great start for an album that I was very much looking forward to listen.
Pelle: Yes, as it’s not something that you would expect at all.
P.I.: You have so much definition in your vocals: Death Knows Where and the title track offer two very clear examples of this statement. Death Knows Where has a strong occult feeling in it. What is this song about?
Pelle: Thank you. Lots of band comes from that same place, trying to define the same thing. The song is about believing that you are about to die basically; that sort of thoughts that can lead to this belief and where these thoughts can take you as a person.
P.I.: Are you the sole songwriter or is the In Solitude song-writing the result of a team work?
Pelle: Usually yes, but if anyone in the band comes with a framework or a basic structure for a song, that can be pretty much worked out on that level. All songs are finalized when we come into the same room all together. In the past we would go into the studio with completely finished songs. This time around there was so much that got done during the last month in the studio. That’s why the album became so passionate, with that “first takes” feeling which all the songs really are. Some of the tracks were played in the studio for the first time.
P.I.: It sounds to me you may have additional material already lining up for the follow up album?
Pelle: (laughs) Ugh… No! We are pretty exhausted at the moment but it wouldn’t surprise me if we started writing new stuff on tour. That’s usually where some of our riffs turn up. For instance the opening riff for Pale Hands was written in a parking lot in Portland, Oregon while drinking beer with The Devil’s Blood and Watain. So you never know, on the next tour we might write something that ends up in the new album. However the idea of a new album seems alien to me at the moment.
P.I.: Sister will definitely keep your fans satisfied for a while.
Pelle: I hope so.
P.I.: You released the song Lavender as a single. Why this song?
Pelle: The lyrics have to do with some experiences I had on a beach in northern Sweden last summer. In that place there is a lot lavender and that stuck with me in a strange way and became associated with the things that happened on a particular night. Lavender is also a very suggestive and evocative word like some of the other words I used in the album. Words that people might have strong associations with. If you have a sister for example, you probably associate the title to certain things in your personal life.
P.I.: I do and I agree, also with the evocative factor you mentioned. You had two very special guests in Sister: Pelle (Forsberg, guitar) from Watain and Jarboe (vocalist) from Swans.
Pelle: There were certain guitar parts in Horses in the Ground a sort of riff in particular that we knew Pelle would play really well. He is a brilliant guitarist and has a relentless personality.
P.I.: Relentless is the right word to define him…
Pelle: …So we thought he would fit perfectly. At the time we were recording the album we were crossing our paths with Watain a lot so it was all very natural. And also with Jarboe, we wanted a woman’s voice and we thought she would be perfect for the conclusive lines of the song. She has a very powerful voice and personality, quite fascinating.
P.I.: You must be very excited now that you are on tour with Watain across the US again. Last year I interviewed Erik (Danielsson, Watain’s frontman) when he was in Oregon, he spoke very highly of the US tour that had just ended with Behemoth, In Solitude and The Devil’s Blood.
Pelle: I remembered one of the last nights of the last US tour, I was talking to Watain and The Devil’s Blood and I said “even though this tour stops, it will go on forever”. And I think that this is where we are picking up, sadly without The Devil’s Blood as they are not around anymore. For me it this new tour becomes a sort the continuation of where we left off of this adventure. The US is a beautiful and extremely fascinating country and to tour across it in great company with some of our closest friends it’s a good recipe for a lot of good things.
P.I.: I am looking forward to seeing In Solitude at the Eindhoven Metal Meeting. I am also pleased to see you have been confirmed as one of the support band of the tour with Behemoth, which will kick off on February 7th in Munich (Germany). Thank you for the interview Pelle, it was really nice talking to you.
Pelle: Thank you. It was really nice talking to you too.