Ame ou odeie, mas não dá para negar que o Ghost é uma banda que, definitivamente, chamou a atenção de muita gente – especialmente no Brasil, com o inesperado convite para tocar no Rock in Rio neste ano. Carregada de mistérios sobre a identidade dos músicos e controvérsias nas letras, a banda sueca conseguiu, em poucos anos, reunir uma grande legião de fãs, excursionou pelo mundo ao lado de importantes nomes, como Iron Maiden, Slayer, Alice in Chains, Deftones e Avenged Sevenfold, e participou de grandes festivais.
Em novembro, a banda abriu a série de shows do Alice in Chains no Reino Unido. Na estreia do giro, em Londres, a repórter Fabiola Santini teve a oportunidade de conversar brevemente com um dos Nameless Ghouls (foram apenas dez minutos de entrevista após a apresentação). Nesse papo que você confere abaixo, o músico comenta sobre as impressões de ter tocado na América do Sul, o sigilo sobre quem são os integrantes e de como a banda, apesar de aproveitar – e muito – o bom momento que vive, sempre pensa em qual será o próximo passo.
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Portal do Inferno: Primeiramente, bem-vindos novamente ao Reino Unido para o que é considerado por muitos um dos mais aguardados shows do ano: Ghost e Alice in Chains. Uma combinação vitoriosa.
Nameless Ghoul: Também é preciso mencionar o Walking Papers, acredito que eles agregaram valor ao grupo com o rock alternativo que fazem. Ao contrário do que muitos pensam, nós nos encaixamos melhor com bandas que têm uma pegada alternativa e que não fazem o que fazemos. Algumas pessoas nos dizem “hey, vocês deviam sair em turnê com o Alice Cooper”… não, não devemos. Nós devemos tocar apenas com bandas que têm a vontade semelhante de ser… eu odeio dizer essa palavra, mas… original, quando você tenta criar algo que está levemente fora do contemporâneo. O Alice in Chains sempre foi diferente, eles sempre tiveram um som único, por isso combinamos muito bem com eles. O que fazemos não se compara com qualquer coisa, de forma alguma, então é por isso que eu acho que é uma grande combinação.
P.I.: Recentemente, vocês fizeram uma turnê pela América do Sul com o Iron Maiden. (Nota: na ocasião, o Slayer também se apresentou com as duas bandas).
Nameless Ghoul: Sim.
P.I.: Como foi para o Ghost chegar àquela parte do mundo com sua identidade única, abrindo os shows de uma banda tão grande?
Nameless Ghoul: Foi muita… muita sorte chegarmos à América do Sul com um grupo como aquele, com um headliner tão importante e o fato com que fomos associados àquele tipo de show… Normalmente, demora muito tempo para que a maioria das bandas vá para a América do Sul, não é algo que acontece do dia para a noite, como tocar na Alemanha. Foi muito inspirador. Faltam adjetivos para explicar como o público é extremamente apaixonado lá. Eles nos fizeram sentir muito queridos. A “cereja do bolo” foi o fato de que fomos anunciados junto com o headliner quando, na maioria das vezes, o headliner é anunciado primeiro, aí as outras bandas são jogadas lá como parte da turnê. Nem sempre que é brilhante abrir para outras bandas porque, tradicionalmente, já aconteceram shows de abertura diante de uma casa vazia, apenas porque as pessoas não os conheciam. Nessa turnê, muitas pessoas sabiam que esse Ghost é uma banda que elas deveriam ver. E, agora, mal podemos esperar para voltar, porque o que fizemos dessa vez foi um show de abertura com um setlist reduzido, uma versão simplificada do que costumamos fazer. Essa é, definitivamente, uma razão para voltarmos e fazermos uma turnê apropriada, como atração principal. Sem mencionar o Rock in Rio, obviamente, que teve um impacto tremendo para nós.
P.I.: Vocês são uma banda muito jovem com um primeiro álbum incrível, Opus Eponymous, lançado em 2010, e então, Infestissumam saiu neste ano para reafirmar a sua grandeza. Como foi para vocês começarem logo com um álbum de sucesso?
Nameless Ghoul: Sim, as coisas têm acontecido muito rápido para nós. Mas é muito raro sentarmos e pensar “wow, chegamos lá”, porque não chegamos. Temos objetivos para atingir que estão ainda muito longe. É o mesmo para o show de hoje à noite, poderíamos dizer “wow, tocamos no Ally Pally (nota: o “apelido” do Alexandra Palace), isso é legal!”. Mas, ainda assim, estamos ansiosos para… voltar à América do Sul, temos sempre um pensamento muito adiante. Sinto que muito do que estamos fazendo agora – apesar de termos nos desenvolvido bastante desde a primeira versão embrionária da banda nos primeiros shows em 2010 – já foi superado, pensando no que estaremos fazendo em 2015. Temos uma lista de coisas a fazer, muito do que temos discutido ao longo dos anos e que não tivemos a chance de concretizar ainda. Nós nunca nos sentamos e pensamos que conseguimos: nós, provavelmente, tivemos mais chances que outras bandas, mas ainda não chegamos lá.
P.I.: Vamos falar sobre o mistério que é a verdadeira essência da banda: o Papa Emeritus II mascarado em sua gloriosa roupa papal e os Nameless Ghouls que usam máscaras e roupas pretas encapuzadas. Por que a identidade da banda é tão protegida?
Nameless Ghoul: Fazemos isso como parte da apresentação da banda, marcando uma grande diferença entre o mascarado e o desconhecido, no sentido de que a cada passo progressivo que damos para executar nossas ideias, nós nos distanciamos mais e mais do anonimato. Uma vez que mais interesse na banda é demonstrado, mais pessoas estarão interessadas, e o conceito mudará de pessoas que querem que tenhamos sucesso para pessoas que não querem. Existiram mmuitos músicos ao longo dos anos que, por expor a banda demais, acabaram destruindo-as. Estamos fazendo o nosso melhor para mantermos as máscaras; mesmo que um dia venha à tona quem somos, nós nunca tocaremos sem as máscaras.
P.I.: Infestissumam, seu segundo álbum, foi seguido por um EP interessante, If You Have Ghost, lançado em novembro.
Nameless Ghoul: Gravamos o EP primeiro e, então, gravamos o novo disco apenas uma semana depois. Inicialmente, o EP era o que chamamos de Lado B do disco, mas não queríamos que o Lado B ofuscasse as músicas do Infestissumam. Então, decidimos deixar as músicas de lado, lançar o álbum e, depois, lançá-las em um determinado momento como um EP durante o ciclo do disco.
P.I.: Uma última pergunta antes de você ir: vocês ficaram satisfeitos com o show de hoje?
Nameless Ghoul: Sim, eu não sei se “inseguro” é a palavra certa, mas a primeira noite da turnê é sempre um pouco difícil, especialmente em dias como esse que existem muitas outras coisas acontecendo fora o show. Se você ver nosso show na próxima terça-feira, em algum lugar, verá um show brilhante, porque nada mais aconteceu naquele dia para interferir, apenas chegamos e tocamos. Começar a turnê em Londres com toda a imprensa nos faz lembrar que “oh merda, nós temos que tocar também!”
P.I.: Bem lembrado…
Nameless Ghoul: Sim, nós temos que nos reagrupar. Mas, sim, foi um show divertido, mas, coletivamente, estaremos melhor amanhã, provavelmente.
P.I.: Obrigada pelo seu tempo: espero ver outra turnê pela América do Sul anunciada em breve, então.
Nameless Ghoul: Sim, eu não sei quando será, mas espero que logo.
Portal do Inferno: First of all, welcome back to the UK to what is considered by many as one of the most anticipated live show of the year: Ghost and Alice in Chains, a winning combination.
Nameless Ghoul: I also have to include Walking Papers, I think they added value to the package with their alternative rock. Contrary to what many people think, we fit better with bands that have an alternative take but don’t do what we do. Some people tell us “hey, you should tour with Alice Cooper”… no, we should not. We should only play with bands that have a similar will to be… I hate to say this word but… original, when you try to create something that is slightly out of the contemporary. Alice in Chains have always been different, they have always had a very unique sound therefore we fit very well with them. What we do does not compare to anything anyway so that’s why I think this is a great combination.
P.I.: You recently toured South America with Iron Maiden.
Nameless Ghoul: Yes.
P.I.: What was it like for Ghost to reach that part of the world with your unique identity, supporting such a grand band?
Nameless Ghoul: It was very… very fortunate that we reached South America with a package like that, with such a big headliner, the fact that we got associated with that sort of show…..Usually it takes a long time for most bands to get down to South America, it’s not something that just happens overnight like going and play in Germany. It all felt very inspirational. I lack superlatives to explain how extremely passionate the crowds are there. They made us feel very appreciated. The “golden ticket” was the fact that we were announced together with the headliner when most of the time, the big headliner is announced first, then you throw on bands as part of the tour. It’s not always brilliant to open for other bands because traditionally there have been support acts that have played in front of empty halls, just because people do not know about them. On this tour, a large portion of people knew that this Ghost is a band they were supposed to see. And now we cannot wait to get back to sort of start again, because what we did this time was a supporting role playing a short set, a stripped down version of what we usually do. There is definitely a reason for us to go back and do a proper headlining tour. Not to mention Rock in Rio obviously, it had a tremendous impact on us.
P.I.: You are such a young band with an amazing first album Opus Eponymous which was released in 2010, and then Infestissumam followed this year re-confirming your grandeur. What was it like for you guys to start right with a breakthrough album?
Nameless Ghoul: Yeah, things have been moving very quickly for us. But it’s very seldom that we sit down and we say “wow, we are there”, because we are not there. We have goals set up that are farther along. It’s the same thing for tonight’s show, we could just say “wow, we played at Ally Pally (author’s note: short for Alexandra Palace), that’s cool!”. But still, we are looking forward to… going back to South America, it’s always a very forward thinking. I feel that most of what we are doing right now, even though we have developed quite a lot from the very first embryonic version of the band since the first shows in 2010, we are all over it, thinking of what we will be doing in 2015. We have a to-do list, lot of things that we have discussed over the years that we have not had the ability to fulfil yet. We never sit down and think that we made it: we probably have had more chances than other bands but we have not made it yet.
P.I.: Let’s talk about the secrecy that is the true essence of the band: a masked Papa Emeritus II in his gorgeous papal outfit and the Nameless Ghouls wear hooded black outfits and masks. Why is the identity of the band so protected?
Nameless Ghoul: We are doing this as part of the presentation of the band making a big difference between the masked and the unknown, in the sense that for every progressive step that we take further to fulfil our ideas , we are being taken further and further away from the anonymous. Once more interest on the band is accumulated, more people will be interested and the concept will switch from people that just want us to succeed to people that do not want us to succeed. There have been lots of people throughout the years that thought that by exposing the band too much, the band would be destroyed. We are doing our best to keep masked and even if it would become common knowledge on how we look; but we would never play without masks.
P.I.: Infestissumam your second album was followed by an interesting EP, If You Have Ghost which was released on November 20th.
Nameless Ghoul: We recorded the EP first then we recorded the new record with only one week apart. Initially the EP was what we called the B sides of the record but we didn’t want the B sides to overshadow the songs in Infestissumam. Therefore we decided to put the songs aside, put the record out and then release them at some point as an EP during the album cycle.
P.I.: One last question before you go: were you happy about the show tonight?
Nameless Ghoul: Yeah, I do not know if “shaky” is the right word but it’s always a bit difficult on the first night of the tour, especially on days like these where there are so many other things happening outside the show. If you see us next Tuesday somewhere else, you have a true sparkling show, because nothing else happened on that day to interfere, we just go out and play. Beginning the tour in London with all the press reminds us that “Oh shit, we have to play as well”!
P.I.: Good point…
Nameless Ghoul: Yeah, we have to regroup. But yeah, it was a fun show but collectively we will probably be better tomorrow.
P.I.: Thank you for your time: I do hope to see another South American Tour announced soon then.
Nameless Ghoul: Yes, I do not know when but hopefully soon.