Diversão. Essa é a palavra que salta a minha mente quando penso nesse show. E acredito que isso ficará nítido ao final deste texto.
O que tinha tudo para ser no mínimo estressante, acabou dando certo. Afinal, um show anunciado para uma sexta-feira, às 19h, em São Paulo, não costuma ser algo muito agradável de se imaginar. Posso dizer que este que vos fala, acostumado a não levar mais que uma hora para chegar ao citado local (isso quando algo acontece e atrasa), levou praticamente duas horas para conseguir chegar! Se o show tivesse iniciado no horário anunciado, teria perdido quase metade dele. Mas, como acredito que a organização deva ter pensado nisso de última hora, o show acabou começando com 1h15 de atraso. E devo dizer que acredito não ter sido o único favorecido com isso, já que nos 40 minutos que permaneci esperando o início, pude perceber que o público cresceu razoavelmente.
Exatamente às 20h15 a cortina começou a abrir, a intro mecânica começou a se fazer ouvir, e sem muita frescura os músicos do Evergrey, um a um, foram tomando o palco. Os famosos quatro toques no chimbal trouxeram Leave It Behind Us para o público, que rapidamente se agrupou a frente da banda e assim começou com o feedback extremamente positivo que se pôde perceber durante todo o show. O público presente mal alcançava as 300 pessoas, o que me surpreendeu. Lembro que o fato que mais me marcou na última passagem deles pelo Brasil a qual assisti, em 2005, foi o fato de ter sido um show em conjunto com o Pain of Salvation e, tocando primeiro, ao término de seu show uma boa parte do público foi embora, simplesmente ignorando o PoS. Isso me fez acreditar que o local estaria muito mais cheio. Mas talvez seja verdade que o bolso do público banger não esteja mais aguentando essa agenda insana que nosso país tem comportado atualmente. De qualquer forma, os que estiveram presentes souberam como tirar o melhor de seus ídolos naquela noite.
Monday Morning Apocalypse, As I Lie Here Bleeding, The Masterplan, Rulers Of The Mind, Mark Of The, Triangle, Wrong, Blinded. As músicas sucediam-se e, não importando qual vinha, em qual andamento ou com qual peso, o que víamos era uma total interatividade entre Tom Englund (vocal/guitarra) e o público. Enquanto Rikard Zander (teclado) e Johan Niemann (baixo) faziam sua parte, mas de uma forma mais discreta, Marcus Jidell (guitarra) e Hannes Van Dhal (bateria) faziam o meio termo exato para que a banda estivesse sempre ocupando todos os espaços do palco, tanto físicos como musicais. Sorrisos podiam ser vistos todo o tempo nas expressões dos músicos, que faziam questão de irem sempre o mais próximo possível do público, coisa que no Carioca é bem simples de acontecer e talvez isso faça crescer consideravelmente a interação entre público/banda nos shows realizados nesse local. Solitude Within, Nosferatu, I’m Sorry, Frozen fizeram o trecho final antes da tradicional pausa para o bis.
Nesse momento houve algo que todos os fotógrafos ali presentes (me incluo nessa) pediram durante todo o show: a iluminação finalmente aconteceu! O show esteve até aqui com uma iluminação básica, e muita fumaça, o que deixava o palco com um aspecto esbranquiçado muito estranho. Para o bis, as coisas mudaram, e todos puderam ver bem melhor os músicos no palco (e nós fotógrafos conseguimos fazer melhores imagens). When The Walls Go Down, Recreation Day, Broken Wings. A Touch Of Blessing foram as escolhidas para esse belo e grande bis, fechando de forma plena esse baita show!
O que ficou de mais nítido em mim foi a clara sensação de estar vendo uma banda se divertindo ao tocar, e um público realizado ao presenciar isso. Mesmo com essa leve deficiência na iluminação, mesmo com o som extremamente alto, todos ali certamente pouco perceberam isso, pois o que se via em todo lugar onde havia alguém era uma expressão de satisfação no rosto. Evergrey voltou após dois anos (seis anos para mim), fez mais uma grande apresentação, e deixou (ao menos em mim) uma sensação de que tudo pode melhorar com o tempo!
Setlist:
Leave It Behind Us
Monday Morning Apocalypse
As I Lie Here Bleeding
The Masterplan
Rulers of the Mind
Mark of the Triangle
Wrong
Blinded
Solitude Within
Nosferatu
I’m Sorry
Frozen
Bis
When the Walls Go Down
Recreation Day
Broken Wings
A Touch of Blessing