Onze anos separam a até então última apresentação (2013) e a mais recente da banda israelense Orphaned Land no Brasil.
Muita coisa aconteceu no mundo: governantes e regimes/formas de governo se alternaram em alguns países (outros não), uma pandemia vitimou milhões de pessoas, guerras foram declaradas, e um conflito de séculos – Israel x Palestina – se intensificou a ponto de se tornar uma guerra que parece não ter um fim. Mas uma coisa não mudou: a mensagem que a banda transmite em suas canções, de que é possível a coexistência pacífica entre os povos. E neste domingo, o 7° dia de abril, não foi diferente.
Depois de tocar no Cl.Prog Festival em Santiago (Chile) na noite anterior, o quarteto subiu ao palco do Carioca Club para sua única apresentação em nossas terras. Originalmente, a banda é um quinteto, mas o baixista e co-fundador Uri Zelcha não viajou com a banda para a turnê latino-americana devido uma lesão nas costas, que o obrigará a ficar em repouso absoluto. Sendo assim, Kobi Farhi (voz), Matan Shmuely (bateria, darbuka, backing vocals), Chen Balbus e Idan Amsalem (guitarras, backing vocals) tiveram a missão de passar, como o próprio Kobi disse, a mensagem de vida, humanidade e paz que é característica da banda.
Pouco depois das 18h30, a banda subiu ao palco e “The Cave”, do último álbum de estúdio, “Unsung Prophets & Dead Messiahs”, deu início ao show. A música tem uma belíssima letra e um trabalho perfeito de orquestra e corais, porém estes últimos ficaram prejudicados, quase inaudíveis, porém a interpretação de Kobi compensou essa ausência, e na sequência duas músicas do álbum “All is One”, de 2013, foram executadas: “Simple Man” e a música-título – nela, já podíamos ouvir mais claramente os corais sampleados. Um detalhe interessante é que, apesar de não ter um backdrop, havia um telão, característico da casa, que exibia os vídeos das músicas executadas.
Kobi, um dos membros fundadores da banda, utilizou tanto a saudação judaica – Shalom – quanto a muçulmana – Salam Aleikum – para se dirigir à plateia, e não deixou de mencionar o quão difícil esse período é para eles, e que a energia dos fãs (que não lotaram a casa, mas compareceram em número razoável) – é importantíssima para os israelenses.
Músicas que falam do terror das guerras foram executadas, como “Let the Truce Be Known”, que coloca dois amigos de infância, já adultos e de lados opostos, um contra o outro – precedida por um lamento de Kobi, que só intensificou sua execução (com destaque também para a iluminação da casa o destacando). E a balada “Brother”, que fala de um órfão da guerra, e que o vocalista mencionou que lhe corta o coração cantá-la, mas disse ser necessária mesmo assim.
Mas a apresentação também teve momentos mais animados, como “Sapari”, que mesmo com sua letra em hebraico, teve seus versos cantados pela audiência, ou “Ocean Land (The Revelation)”, uma das mais conhecidas da banda, do álbum “Mabool – The Story of the Three Sons of Seven”, de 2004. Nas canções mais animadas, era possível ver os fãs dançando e cantando alegremente.
Após o final da primeira parte do show, com “In Thy Never Ending Way (Epilogue)”, a banda retornou para os dois números finais: a pedido de Kobi, as luzes da casa diminuíram e as dos celulares foram acesas durante “The Beloved’s Cry”, canção do primeiro álbum da banda, “Sahara” – que está completando 30 anos de seu lançamento. E, como é de praxe, “Norra el Norra (Entering the Ark)” – com o epílogo de “Ornaments of Gold” – encerrou a terceira passagem do Orphaned Land pelo Brasil.
A turnê latina terá continuidade na Colômbia, Costa Rica e México. E ficamos na esperança que a banda retorne em breve com sua mensagem de paz e esperança em forma de música.
Set-list
The Cave
The Simple Man
All Is One
The Kiss of Babylon (The Sins)
Ocean Land (The Revelation)
Brother
Like Orpheus
Let the Truce Be Known
Birth of the Three (The Unification)
In Propaganda
All Knowing Eye
Sapari
In Thy Never Ending Way (Epilogue)
(bis)
The Beloved’s Cry
Norra el Norra (Entering the Ark) / Ornaments of Gold
Galeria de fotos
Fotos: Leandro Pena