Na última sexta-feira, 18 de maio, São Paulo foi o local de uma noite histórica. No palco do HSBC Brasil, em única apresentação no País, dois grandes nomes do rock se apresentaram: os veteranos do Gotthard; e a nova banda, mas não menos experiente, Unisonic, o supergrupo de Michael Kiske. Quem estava lá certamente esperava uma grande noite, mas o público foi surpreendido com momentos inesquecíveis e grandes emoções.

Gotthard
Pela primeira vez em turnê desde a morte do vocalista Steve Lee, em 2010, o Gotthard subiu ao palco pontualmente às 21h30 para apresentar seus clássicos construídos em 16 anos de carreira, as músicas do novo álbum, Firebirth e, por fim, Nic Maeder, que abraçou a responsabilidade de cantar na banda após a trágica perda de Lee. Quem pesquisou previamente os setlists dos shows da Argentina e do Chile, notou que o repertório brasileiro foi semelhante, sem surpresas. No entanto, os suíços estavm determinados a fazer um show muito especial e mostrar seu hard rock para um público predominantemente fã de heavy metal melódico.

A noite começou com a animada Dream On, do álbum Lipservice, de 2005, e, sem descanso, emendada com Top of the World. A banda mostrava muita empolgação e entrosamento e, é claro, a maioria dos olhares ia para Nic, que não decepcionou nos vocais e na performance. O que se viu dali em diante foi um setlist democrático, com as antigas músicas que os fãs queriam ouvir, como Need to Believe, Sister Moon, Master of Illusion, Lift U Up, entre tantas outras, sem deixar de lado as novas Starlight, Give Me Real e Right On.

Mais ou menos na metade do show, o Gotthard tocou Remember It’s Me, primeiro single lançado com Nic e, depois, quem viu o setlist antes já sabia que era hora de mais uma balada. Toda a banda saiu do palco, ficando apenas Nic e o tecladista Ernesto Ghezzi e a belíssima One Life, One Soul foi dedicada à memória de Steve Lee, fazendo desse o momento mais emocionante da apresentação. A noite ainda contou com a cover Hush, de Billy Joe Royal, que a banda executa há muitos anos em seus shows e o final, como não poderia ser diferente, ficou com Anytime, Anywhere, cantada por todos em uníssono. Enquanto o guitarrista Freddy Scherer, claramente feliz, filmava os momentos finais do show e uma plateia empolgada, Nic se despedia, dizendo que a banda teve uma grande noite e esperam voltar em breve.

Os integrantes do Gotthard tomaram uma decisão louvável ao continuar sua jornada após a morte de Steve Lee e Nic Maeder foi um grande achado. Alguns privilegiados tiveram a honra de ver Lee em ação no festival Live ‘n’ Louder, de 2006, e sabiam que ele era um grande vocalista, muito carismático e com uma presença de palco incrível. O público brasileiro pode comprovar que Nic é um vocalista muito bom e competente mas, tanto fãs quanto a banda sabem: Steve Lee sempre será a voz do Gotthard e Nic, certamente, não tem a menor pretensão de dizer o contrário.

Unisonic
Apesar de ter em sua formação dois grandes nomes, senão os maiores, do heavy metal melódico – Michael Kiske e Kai Hansen –, o Unisonic tem em suas composições uma faceta mais voltada ao hard rock, mas sem deixar peso e velocidade de lado. A banda, que ainda conta com Mandy Meyer (guitarra), Dennis Ward (baixo) e Kostas Zafiriou (bateria), veio a São Paulo para divulgar o seu primeiro álbum, Unisonic, lançado este ano. Assim como o Gotthard, a banda de Kiske apresentou um setlist nos moldes dos demais da América do Sul e o público sabia muito bem o que estava por vir.

A dramática Cavalgada das Valkírias (Walkürenritt), de Richard Wagner, anunciou a entrada do Unisonic ao palco e a cada integrante que chegavam os fãs se empolgavam mais. O show iniciou com a música que leva o nome da banda. Em todos os momentos, o grupo foi calorosamente aplaudido e Kiske fez questão de mostrar o quanto essas demonstrações de carinho são importantes quando, ao fim da segunda música, disse: “Algumas pessoas chegam para nós e falam ‘desculpe te incomodar’… mas vocês não nos incomodam… nunca… estamos aqui para vocês”.

O show seguiu com mais canções do Unisonic, como Renegade, King for a Day, I’ve Tried e My Sanctuary. Ao final desta última, um fã jogou no palco uma bandeira da Alemanha com o nome de Kiske escrito. Em seguida, era a hora do primeiro ponto alto da noite. O vocalista anunciou que tocariam uma música de sua antiga banda, Helloween, do álbum Keeper of the Seven Keys II e a galera, sem exagero, delirou. March of Time fez muita gente chorar de emoção, pular de alegria e cantar a plenos pulmões, até a voz enfraquecer. Depois dessa forte emoção, Kai Hansen e Mandy Meyer se juntaram no centro do palco e tocaram Follow the Sign, outra do Hellween, para dar a introdução de Over the Rainbow, que teve uma performance incrível de toda a banda, com Kiske alcançando notas altíssimas e os guitarristas fazendo backing vocals marcantes. E Star Rider foi executada com tanta perfeição, que parecia que estávamos ouvindo o próprio CD.

Em seguida, era hora dos dois guitarristas brilharem e mostrarem toda a sua técnica e virtuosismo. O primeiro foi Kai Hansen que, até então, estava discreto em seu lado do palco. O líder do Gamma Ray não decepcionou seus fãs e foi muito aplaudido. Depois, Mandy Meyer também teve seu grande momento solo e, ao final, deu a deixa para a próxima música do show, Souls Alive.Nos intervalos, Kiske fazia questão de conversar e interagir com os fãs e chegou a cantar alguns versos de Are You Lonesome Tonight?, de Elvis Presley, à capela. E, para retribuir tantos aplausos que recebia, em um gesto de muito carinho e respeito aos fãs, Kiske se ajoelhou e reverenciou os presentes.

Muito simpático o tempo todo, o vocalista brincou, dizendo que Never Change Me seria a última música da noite para, logo em seguida, dizer: “mentira, não é a última, não”, mas foi o momento para um breve intervalo. A banda retornou para o bis e Mandy dedilhou um riff muito familiar dos fãs de Helloween e tocou Future World. Kiske não precisava cantar se não quisesse, pois o público deu um espetáculo à parte. Durante essa música, uma briga começou na pista vip da casa, o que fez com que Kiske e Hansen pedissem para que a confusão parasse e todos aproveitassem a noite. I Want Out fez o encerramento perfeito da noite, com todos da casa – inclusive o pessoal dos camarotes e plateia superior – de pé. Kiske aplaudiu seus fãs após o impressionante show que proporcionaram e os músicos, por sua vez, receberam todo o carinho de volta, em forma de palmas e gritos.

Não é sempre que temos a oportunidade de ver tantos músicos de altíssimo padrão no mesmo palco. Presenciamos o Gotthard iniciando uma nova e promissora fase. Vimos o Unisonic tocar suas ótimas músicas e Kiske mostrou como Helloween deve realmente ser cantado. Sem dúvidas, essa noite vai entrar para a história dos fãs brasileiros e profissionais de ambas as bandas.

 

Setlist Gotthard:

Dream On
Top of the World
Starlight
Sister Moon
Master of Illusion
Need to Believe
Give Me Real
Remember It’s Me
One Life, One Soul
Mountain Mama
Right On
Hush (Billy Joe Royal cover)
Lift U Up
Anytime, Anywhere

Setlist Unisonic:

Cavalgada das Valkírias
Unisonic
Never Too Late
Renegade
King for a Day
I’ve Tried
My Sanctuary
March of Time (Helloween cover)
Follow the Sign (Helloween cover)
Over the Rainbow
Star Rider
Guitar solos (Kai Hansen e Mandy Meyer)
Souls Alive
We Rise
Never Change Me

Bis:
Future World (Helloween cover)
I Want Out (Helloween cover)

 

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Escrito por

Renata Santos

Sou formada em jornalismo e colaboro com sites de música há quase dez anos. Integro a equipe do Portal do Inferno desde 2011.