Abril tem sido um mês tão recheado de shows e festivais que fica até difícil acompanhar todos, pois alguns acontecem concomitantemente, ou no meio da semana, ou em dias seguidos, como foi o caso do último fim de semana. Após um sábado com várias opções (de Sebastian Bach a Obituary), domingo, 15 de abril, encerrou a passagem pelo Brasil da banda polonesa Hate com um show em São Paulo (SP), no conhecido Manifesto Bar.

Unearthly

Com uma leve garoa tomando conta do final da quente tarde, algumas pessoas começaram a se juntar à porta do bar, que abriu às 19h20. Às 20 horas em ponto, a banda carioca Unearthly deu início ao caos sonoro com 7.62, que também abre o mais recente trabalho Flagellum Dei (2011), e possui uma bela introdução de dedilhado que logo dá lugar à violência contida na música. Em seguida tocaram Baptized In Blood, mantendo o ritmo rápido e chamando a atenção do pequeno público que foi para a frente do palco conferir a apresentação de F. Eregion (vocal/guitarra), M. Mictian (baixo), Vinnie Tyr (guitarra) e R. Lobato (bateria). Murder The Messiah, presente em Age Of Chaos (2009) foi a próxima música. Na sequência, vieram My Fault e Flagellum, esta última quase um mantra com “I am the flagellum dei / Anti-God terrorist face”. Seguiram com Revelations Of The Holy Lies, Osmotic Haeresis e Black Sun, com um interessante gingado de capoeira inserido. Age Of Chaos encerrou os 45 minutos de apresentação do Unearthly. O visual da banda é algo que merece ser comentado, pois muda de acordo com a turnê, demonstrando o cuidado em mostrar algo novo a cada trabalho, não somente no lado musical. Intercalando músicas do Flagellum Dei com algumas do Age Of Chaos, e apesar de o baixo soar um pouco “estalado”, o grupo fez um show marcante e que serviu como um ótimo aquecimento para o resto da noite.

Genocídio

A próxima banda a subir no palco já é velha conhecida, principalmente dos paulistas. Com mais de 25 anos nas costas, o Genocídio apresentou sua nova formação, que conta com Murillo Leite (vocal/guitarra), W. Perna (baixo), Patrick Leung (bateria) e o estreante Rafael Orsi (guitarra). Já começaram incendiando tudo com Fire Rain, do álbum de 2010, The Clan, seguida por Numbness Sunshine (Hoctaedrom, 1993) e Cloister, música um pouco mais lenta de Posthumous (1996). A plateia foi bem receptiva, bangeando e interagindo com a banda, e o novo guitarrista Rafael se mostrou bem solto no palco agitando constantemente sua longa cabeleira loira. Tocaram ainda Rebellion , do álbum homônimo de 2002, Transatlantic Catharsis, Heredity, e a clássica Up Roar – essa tinha até clip na MTV – antes de homenagearem a lenda Venom com um cover de Black Metal, e encerrarem com The Clan. Foi uma apresentação barulhenta, veloz e contagiante que rendeu muitos aplausos ao quarteto.

Hate

Pausa para recuperar a energia, últimos ajustes do palco feitos e então Hexen (bateria), Mortifer (baixo), Destroyer (guitarra) e ATF Sinner (vocal/guitarra) tomaram seus lugares no palco ao som de uma intro para que Erebos (Erebos, 2010) fosse executada, fazendo com que o pequeno público que compareceu ao Manifesto bangeasse e sentisse o poder do Hate. Catharsis (Morphosis, 2008) com seu “grudento” “Cease to oppose us! Cease to oppose us!” e Hex (Anaclasis: A Haunting Gospel Of Malice & Hatred, 2005) foram tocadas na sequência. A banda possui uma presença de palco incrível, não só pelo visual com corpse paint e indumentária peculiar, como pela própria postura de cada integrante: Hexen manda ver nos pedais, Mortifer e Destroyer – um de cada lado do palco – não param um segundo sequer de bangear, fazendo “ventilador” (ou “helicóptero”), e ATF é dono de uma simpatia e presença marcantes. Impossível não notar as coreografias bem ensaiadas e o profissionalismo desses poloneses. Voltando à música, são extremamente técnicos e fazem um death/black metal que merece respeito. Threnody (Morphosis, 2008), Wrists (Erebos, 2010), Omega (Morphosis, 2008) e Resurrection Machine (Morphosis, 2008) são claros exemplos disso. Entre uma e outra música, ATF aproveitou para agradecer ao público e dizer que estavam contentes por retornarem ao Brasil, pediu para que todos erguessem os chifrinhos, além de agradecer aos produtores e equipe técnica e pedir salva de palmas para os mesmos, algo não muito comum de se ver, ainda mais no meio black metal. Mais um ponto positivo para ATF. Luminous Horizon e Trinity Moons, ambas de Erebos (2010), deram continuidade ao show, antes de a banda deixar o palco e rapidamente retornar para ganhar definitivamente o pequeno público que já estava sob seu domínio. Então o vocalista anunciou um cover de uma banda brasileira: Arise, de vocês sabem quem. “Sepultura do Brasil”, claro! Encerraram de forma primorosa com Anaclasis (Anaclasis: A Haunting Gospel Of Malice & Hatred, 2005), e saíram do palco aclamados pela extasiada plateia que, com certeza, não esquecerá desse show tão cedo.

Num gesto de humildade e consideração, a banda recebeu fãs para fotos e autógrafos após a apresentação. Vale lembrar que as bandas nacionais também circularam tranquilamente pelo bar conversando e tirando fotos com quem quisesse.

Definitivamente, quem foi ao Manifesto Bar nesse domingo não se arrependeu e voltou para casa realizado.

Setlist Uneartthly:

Seven.Six Two
Baptized In Blood
Murder The Messiah
My Fault
Flagellum
Revelations Of The Holy Lies
Osmotic Haeresis
Black Sun
Age Of Chaos

Setlist Genocídio:

Fire Rain
Numbness Sunshine
Cloister
Rebellion
Transatlantic Catharsis
Heredity
Uproar
Black Metal (Venom cover)
The Clan

Setlist Hate:

intro
Erebos
Catharsis
Hex
Threnody
Wrists
Omega
Resurrection Machine
interlúdio
Luminous Horizon
Trinity Moons

Bis

Arise (Sepultura cover)
Anaclasis

Clique aqui para ver todas as fotos deste show!

Escrito por

Redação

Portal do Inferno é um site especializado em notícias do rock n roll ao metal extremo, resenhas, entrevistas e cobertura de shows e eventos!