Sexta feira não costuma ser um dos melhores dias para se chegar ao Credicard Hall, localizado na Zona Sul de São Paulo e acessível por avenidas extremamente movimentadas. Mas isso acrescentava apenas uma ansiedade extra para o momento de por fim a uma espera de 15 anos pelo retorno do Tears for Fears, exceto por aqueles que haviam presenciado o primeiro show dias antes.

Na fila, um público formado em sua maioria por pessoas na faixa dos 30 anos, incluindo alguns casais com filhos adolescentes demonstrando a mesma empolgação e ansiedade independente da idade. Ao entrar na casa, a pista estava extremamente lotada, com pessoas apertadas nos corredores que levam do saguão até a pista. Mas na pista havia um pouco mais de espaço entre o público. E com um atraso de pouco mais de 10 minutos do horário marcado as luzes se apagam e uma música clássica se inicia, preparando os presentes para, logo de cara, receber um dos maiores clássicos da banda: Everybody Wants To Rule The World.

Tears For Fears

Um belo palco foi montado com um arco para as luzes formado em cima da bateria e por trás cinco telões, quatro deles verticais divididos em dois pares, um de cada lado da bateria e um outro horizontal atrás, com projeções completando as músicas proporcionando um belo efeito visual criando um clima ainda melhor para as músicas. Outros clássicos vieram jogados na sequência como Sowing the Seeds of Love e Mad World. Impressionante o fato de como a voz de Roland Orzabal não parece ter sido afetada pelo tempo. Já Curt Smith em alguns momentos demonstrou um pouco de cansaço, compreensível sendo esse o último show da turnê. Roland, aliás, demostrava claramente uma felicidade em tocar, comunicando-se com a plateia em português, arrancando vaias propositais do público ao falar do show na Argentina e bem humorado pedindo desculpas em espanhol. Já Curt pediu desculpas por não ser tão hábil em outros idiomas e disse que não iria se arriscar no português, arrancando risos da plateia.

E dessa forma com simpatia e uma sintonia impressionante, clássicos e músicas mais novas eram alternados, com direito a uma belíssima (e mais lenta) versão de Billie Jean de Michael Jackson, que só foi reconhecida por muitos próximo ao refrão. Encerrando a primeira parte do show com Break It Down Again e Head Over Heels, o Tears For Fears deixa o palco para uma pequena pausa antes do bis, que muitos já previam o que seria.

Para o bis, a batida na bateria e a levada no baixo já denunciava que Woman In Chains seria executada, mas havia a dúvida de quem faria os vocais originalmente gravados por Oleta Adams. Nesse momento, o backing vocal Michael Wainwright surpreendeu a todos soltando uma impressionante voz atingindo as notas e arrancando da plateia gritos e aplausos entusiasmados. Por fim a esperada Shout, vem para encerrar a noite sendo acompanhada em coro pelo público e por uma projeção que repetia a palavra shout pelos telões.

Uma noite nostálgica que agradou tanto aos fãs antigos quando aos mais novos que jamais haviam visto a banda e encerrou de forma excelente a turnê. O desejo de muitos presentes era, se houvesse um outro show na semana seguinte, todos estariam lá com certeza jogando suas mãos para o ar e dançando ao som de tantos clássicos. Que Roland e Curt não se desentendam novamente e que, em breve, voltem a pisar em solo brasileiro.

Setlist:

Everybody Wants to Rule the World
Secret World
Sowing the Seeds of Love
Change
Call Me Mellow
Everybody Loves a Happy Ending
Mad World
Memories Fade
Closest Thing to Heaven
Falling Down
Advice for the Young at Heart
Floating Down the River
Billie Jean (cover de Michael Jackson)
Badman’s Song
Pale Shelter
Break It Down Again
Head Over Heels

Bis

Woman in Chains
Shout