The Reign of Kindo – Manifesto Bar – São Paulo/SP

Nossa! Honestamente, não sei por onde começar a reportar a vocês, caros leitores, do quão bárbaro foi assistir e conhecer mais sobre o The Reign of Kindo, banda natural de Buffalo, estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos. A banda, que tem por média de idade entre 25 e 30 anos, esbanja energia e uma naturalidade que poucas vezes testemunhei em apresentações musicais internacionais. Cada músico é, no mínimo, muito bom no que faz, e sua expressão no palco deixa claro o quanto gostam do que fazem.

Em primeira passagem pelo Brasil, a banda se apresentou neste sábado, 20, no Manifesto Bar, em São Paulo. O frio e a chuva não foram suficientes para impedir que os fãs do grupo fizessem uma considerável fila na entrada, aguardando a abertura da casa para poderem se alojar no melhor lugar e não perder detalhe algum.

Embora relevando um sutil atraso no início do show, os integrantes da banda, todos de aparência simples, demonstraram simpatia com o público desde o começo. Quando deram boa noite e iniciaram o show com Needle & Thread, algo supreendeu a banda: quase todo o público estava cantando suas músicas. E como é de praxe quando grupos se apresentam pela primeira vez em nosso país, a surpresa toma conta dos músicos, dada a reação e resposta do público. Do fim da primeira música até a última, eles estavam não só maravilhados, mas também passavam plenitude, demonstrada em sorrisos constantes.

Aproximadamente após a terceira música, Bullets in the Air, o vocalista e guitarrista Joey Secchiaroli pediu um momento do público para que viesse até o microfone um rapaz que, por segurança, chamaremos pelo pseudônimo de Robson. E pediu que sua namorada subisse junto com ele. Depois de singelas e românticas declarações à sua amada, eis que surge nova surpresa: Robson pede sua namorada em casamento, no meio do show! Todo o público presente vibrou, aplaudiu e a banda fez parte dessa celebração, seguindo o show com Flowers by the Moon, Great Blue Sea e Breathe Again, além de um cover que, embora familiar, há muito não se ouvia, ainda mais tocada ao vivo: Hallelujah, de Leonard Cohen.

A simplicidade desses músicos, somada com sua completude, juntamente com a interação e as brincadeiras com o público, transformaram essa apresentação em algo quase como uma reunião de amigos, num ambiente indubitavelmente intimista e familiar, com todos interagindo entre si e deixando a agradável impressão de confraternização. Músicas como Let it Go, Hold Out, Blistered Hands e One Man Parade fizeram aquela festa explodir em seus ápices de energia e intensidade, já com toda a casa cantando junto com a banda.

Mas algo ainda estava por vir, e que para boa parte dos que estavam ao meu redor achavam que não aconteceria; a execução de uma das músicas mais tecnicamente trabalhadas e profundas desse incrível grupo: The Moments In Between. E essa é uma música que, embora tenham declaradas influências de Pat Metheny e algumas vertentes do jazz, a soma de ritmos quebrados e suingados com a pegada mais linear do rock tornam a obra do The Reign of Kindo uma arte peculiar e autêntica, que resulta de uma grande harmonia entre seus integrantes somada a um espírito inovador que o coração de cada um põe nas composições. É um quadro escrito com sons, com tonalidades bem equilibradas e algumas boas e fortes borrifadas de cores fortes e intensas, mas que se misturam e não deixam perder o foco nem a essência do que esses caras de Buffalo vieram trazer até nós.

Bem, se tiverem oportunidade de conhecer um pouco mais do trabalho que, nas palavras deste que vos escreve, é excelente e único, aproveitem cada segundo de Rhythm, Chord & Melody e This Is What Happens, primeiro e segundo álbum da banda respectivamente. Apreciem.

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